Capítulo 6

1.1K 133 53
                                    

Braşov, Romênia

Felipe sentou-se à mesa virando o envelope em suas mãos.

Há quanto tempo ele não tinha notícias de Amélia? Umas oito décadas no mínimo. Ela soube se esconder muito bem, ela e seus filhos... Lucas seria um exímio combatente, Elena e até mesmo a inconsequente Cecília faziam uma falta enorme no exercito...

'Não há como buscar tempos de paz com violência pai.' As palavras duras de Amélia ainda eram bem vividas e claras na mente do homem.

Ele abriu o envelope muito devagar. O conteúdo da carta era previsível, ele ouvira dos mensageiros a história sobre um grupo de recém transformados que atacara o clã de Amélia, houve retaliação...

"Querido Felipe, pai, quando está carta chegar as suas mãos já estaremos fora de alcance. Quero que saiba que minha família foi ameaçada, e eu não poderia esperar o ataque sem fazer nada. Sei que posso ter quebrado uma de minhas promessas, mas o fiz para proteger minha família.

Nossa natureza não foi revelada a nenhum humano. Não sobraram homens do lado inimigo, isso não me deixa feliz. Sinto-me terrível em ter de lhe entregar estas tristes noticias.

Não sei se já tem conhecimento sobre o que começou essa batalha, por isso posso parecer repetitiva quando digo que o ataque foi iniciado por Ryan. Minha família não quebrou nosso tratado, ninguém foi transformado ou ferido. Mas Ryan possuía um exercito consideravelmente numeroso, sei que ele não tinha permissão para criar outros de nossa espécie e que você não estava ciente disso, em momento algum qualquer membro de minha amada família ameaçou ou culpou o Consilium por tais acontecimentos. Estamos em paz, e pretendemos manter assim.

Ryan foi executado.

Com afeto, Amélia."

As frias palavras de Amélia afetaram o homem, mais do que ele achou que afetaria.

O amor que sentia pela filha era imensurável e tê-la tão longe de si era insuportável. Talvez possam até afirmar que o amor transformou-se em ódio com o passar dos tempos, pois ele a fizera assinar aquele contrato com todas as regras que sua nova família devia seguir. Amélia sabia que seu contrato era diferente do que os que os outros clãs também tinha de assinar, mas o desprezo que sentia pelo próprio pai era maior que a sua aversão a submissão.

Felipe ergueu-se da cadeira e caminhou lentamente até a lareira. Acendeu as chamas que rapidamente se espalharam pela madeira e jogou a carta de sua filha.

"Alexander." Sua voz ecoou como um trovão na tempestade.

Alexander ouviu o chamado do seu líder a menos de cinquenta metros de distancia e imediatamente encaminhou-se para a sua sala.

Educadamente Alexander bateu na porta.

"Entre." A voz firme e severa se fez presente novamente. "Como está a bruxa?" Ele perguntou quando o homem entrou na sala e se aproximou.

"Ela... O senhor deu ordens para executá-la." A voz aveludada do vampiro mais novo saiu vacilante. Ele teve medo de ter acatado ordens erradas e ser punido por isso.

"Ótimo. Você fez exatamente o que pedi." Felipe amaciou a própria fala para poder absorver o medo do garoto. "Agora repita para mim. O que exatamente ela contou a você."

Alexander respirou fundo e facilmente alcançou as memórias, lembrava-se perfeitamente de cada sensação e de cada uma das palavras da bruxa.

"Ryan queria vingança." Ele repetiu quase no mesmo tom arrastado da mulher. "Vingança pelo que ela fez, a vampira loira."

Imortal - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora