Capítulo 5

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"Talvez." Eu disse baixinho.

Sol sorriu como se eu fosse realmente muito engraçada. Ela tinha acabado de me perguntar se seria perigoso confundir o sentimento de irmandade que eu sentia por Lauren com algo romântico.

Eu tinha cem por cento de certeza de que seria perigoso e que eu acabaria destruindo a vida da Lauren ou fodendo ainda mais a minha própria cabeça.

"Lana se você continuar projetando o seu passado em cima do seu futuro nunca vai consegui viver direito."

"Eu nunca consegui viver direito mesmo."

"Tente começar agora!" Ela inclinou o corpo para frente ficando mais próxima. "Viva agora. Talvez eu não devesse dizer isso dessa forma, mas nossa hora já acabou mesmo..." Eu olhei para o relógio, nossa hora havia acabado há uns quinze minutos. "Faça a primeira coisa que vier na sua mente, apenas faça o que você tem vontade. Eu prometo que estarei aqui para te ajudar a lidar com as consequências."

Eu sorri.

"Você está certa. Não devia ter dito isso. Posso cometer um assassinato agora." Ela riu comigo.

"Eu acho que conheço um lugar ou dois para esconder o corpo." Eu gargalhei. Onde ela conseguiu a licença para trabalhar?

"Boa sorte Lana." Ela disse sincera.

"Obrigada." Eu disse sincera.

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***


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Tecnicamente qualquer pessoa pode ser diagnosticada com TOC, dependendo de N fatores, porém pessoas com depressão, ansiedade ou outros tipos dedistúrbios psiquiátricos têm mais chances de desenvolver o famigerado transtorno obsessivo compulsivo.

Ao longo dos três dias que faltavam para o sábado eu percebi que talvez esse sejamais um dos problemas na minha lista.

Alguns anos atrás eu conheci uma garota diagnosticada com transtorno obsessivo compulsivo. Naquela época, como a maioria das pessoas, eu acreditava que TOC era uma grande besteira. Até o dia em Erin Jones Terense sentou ao meu lado na sala de espera do consultório do Dr. Brock. Ela era uns dois anos mais velha e muito maisalta que eu.

"Oi."Eu disse quando a peguei olhando fixamente para mim.

"Oi."Eu sorri e voltei para o meu livro. "Oi. Oi." Ela repetiu e eu ergui a cabeça levemente assustada e irritada. "Eu não tô tirando onda com a sua cara. Tenho que dizer 'oi' três vezes quando conheço alguém novo."

"Hum." Ela não disse mais nada, mas também não parou de me encarar. Tentei voltar a ler, mas eu queria saber. "Por quê?"

"Porque eu tenho transtorno obsessivo compulsivo." Ela muito rápido, mas não como se estivesse com vergonha de falar e sim como se não fosse nada demais, algo que não merecia o seu tempo.

"O que... O que é isso?"Ela suspirou, claramente sem vontade de falar sobre."Se eu falar, o que é na linguagem deles" Ela fez um sinal com a cabeça na direçãoda sala do Dr. Brock. "Talvez você não entendesse então, eu tenho algumas manias... Falar 'oi' três vezes sempre que conheço alguém novo; contar até trinta e três toda vez que acordo; escovar os dentes três vezes depois de cada refeição; amarrar e desamarrar os cadarços três vezes e outras merdas como essas..." Elafalou um pouco mais devagar.

"Isso parece... Uma merda." O que mais o meu eu daquela época poderia dizer?

"É." Ela respondeu dando de ombros.

Imortal - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora