Tinderela (Parte 1)

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O nome dela não era Jhenifer.

Mas encontrei ela no Tinder.

Apesar de ninguém entender o que Alda estava fazendo lá. Não combinava. Não tinha a manha. Não sabia jogar aquilo. Não tinha a experiência suficiente para escolher alguém tendo como critério uma foto-legenda.

Sem contar que suas fotos não eram um convite para homens padrões. O all star amarelo era até descolado, mas uma camisa do Star Wars? E o rosto sério olhando para a câmera como se fosse morder? Um desastre que os homens ignoravam por conta da sua face angelical emoldurada pelos cabelos negros e uma franjinha amistosa.

Alda estava tentando. Ainda trabalhava feito uma engrenagem durante a semana como gerente de tecnologia em uma multinacional, mas seus sábados não eram mais perdidos embaixo do chassi do Opala 1973 herdado do avô. O UFC Pub, seu lugar seguro para cada date ruim, era testemunha disso há semanas. O empreendimento na sua esquina era comandado pela vizinha, Dona Genoveva, mãe de Terror e Marreta, os filhos lutadores de boxe.

— Como vai a sua missão de desencalhar?

Alda revirou os olhos e se afundou no sofá ao ouvir a provocação da irmã.

— Eu já falei que não estou encalhada, Alessandra.

— Já posso ver aquela parafernália saindo da garagem e dando espaço para o meu HB20 — Alê bateu palminhas.

— Não se anime, irmãzinha. Aquela vaga na garagem pertence ao meu Opala. Ele chegou primeiro e não vai sair pro seu carro sem graça entrar.

— Não se esqueça que você está perdendo a aposta. O combinado foram três meses. Já se passaram dois e você continua solteira. Ou seja, aquela garagem será minha, sim.

Alda xingou a si mesma em pensamento. Onde estava com a cabeça quando entrou nessa aposta? Quando selaram o acordo, a irmã havia a chamado de encalhada na frente dos amigos que tinham em comum, em uma das noites de queijos e vinhos que faziam em casa. Ela se lembrava como se fosse hoje:

— Parem de se lamber. Que nojo — Alda disse ao ver a irmã enfiando a língua na garganta de Léo.

— Isso tudo é inveja, querida? — Alê lançou flechas com os olhos, se pendurando mais nos ombros do namorado.

Alda deu uma risada alta antes de virar mais um gole do vinho tinto. A resposta era óbvia. Por Deus, Léo tinha cheiro de alfazema e a avó ainda cortava as unhas do pé dele. Tudo bem que os avós que criaram Alda e Alê também eram cuidadosos, mas sempre ensinaram as irmãs a serem independentes. Vôvô Wilson principalmente. Foi ele que influenciou Alda a se apaixonar por carros antigos e consertá-los com as próprias mãos. Enquanto isso, Alê poderia jurar que carburador era o nome de um personagem de filme. Se alguém a chamasse para ver "O carburador do futuro", ela iria sem pestanejar.

— Não fala assim, a Alda tem o Jimmy! — Daniela interveio em defesa.

— Por isso mesmo. Está acomodada há oito anos porque não consegue arrumar um namorado de verdade — Alê respondeu.

Jimmy era mais que um bom amigo. Ele e Alda se conheceram na faculdade e tinham um excelente acordo. Quando queria assistir a séries, falar da vida ou transar, ela aparecia no apartamento dele e tudo estava resolvido. Jimmy era legal, tinha um perfume agradável, mas era um pouco rápido. Quando dormiam no sofá, a última imagem na cabeça de Alda não era de mãos fortes estapeando sua bunda, mas sim a última cena de Friends que eles estavam assistindo. Jimmy não penetrava sua mente, não a fazia se assustar com as reações do seu corpo nem apagar depois de orgasmos sequenciais. Mas Jimmy era o único homem que Alda conhecia na cama, então, para ela, aquele esquema era bom.

Prazer, CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora