Tinderela (Parte 2)

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— Espera, eu abro pra você — Marreta correu em direção ao portão da casa dela naquela manhã.

Alda tinha quatro sacolas pesadas do mercado nas mãos. Os filhos de Dona Genoveva sempre foram muito cavalheiros apesar dos seus ofícios.

— Valeu, Marreta — ela não conseguiu encará-lo.

— Pequena Notável — ele a chamou e ela teve que olhá-lo. — Não fica sem graça pelo que eu vi naquele dia. Eu fiquei puto comigo por ter estragado o momento de vocês.

— Relaxa, Marreta. Foi até melhor você ter chegado.

Ele fez uma cara que mostrava o quanto ela estava errada.

— Posso te contar um segredo?

— Fala — Alda fez uma careta cética.

— Meu irmão gosta de você. Sempre gostou, desde quando a gente era moleque. Mas você sabe, depois de um tempo, os anos de diferença entre vocês fazia a parada ser ilegal. Aí vieram as garotas do grupo de torcida do futebol e logo depois a Tessália. Mas eu conheço aquele otário, a gente saiu do mesmo buraco. E posso te dizer com toda certeza que ele fica mais otário ainda quando tá do seu lado.

Alda entreabriu a boca e piscou seguidas vezes.

— Marreta, acho que você está vendo coisas.

— Tá vendo? Até a teimosia de vocês combina. Resolvam logo essa merda. Eu quero ter sobrinhos inteligentes — Marreta piscou e saiu a passos largos.

Ela ainda continuava parada no portão, sem se lembrar de como era andar.

***

Alda tinha lido um livro sobre mulheres com atitude. Além do mais, o sol brilhava lá fora em mais um belo sábado, e a conversa com Marreta ficava repetindo feito uma fita escangalhada na sua cabeça. Talvez fossem esses os motivos que justificassem o que ela estava prestes a fazer.

Quando estacionou seu Opala na frente do Octo Pub e desceu do veículo, Terror e Marreta estavam limpando as mesas.

— Ei! — Alda disse e a atenção dos dois se voltou para ela.

Os olhos de Terror dilataram e um esboço de sorriso tomou seu rosto. Ela não estava usando aquelas roupas sexys que, apesar de estonteantes, em nada tinham a ver com sua personalidade. Para ele, Alda era perfeita do jeito que estava agora, com uma camisa dos Simpsons, um short jeans detonado e um vans preto nos pés.

— Oi, Alda — Terror disse. — Ainda não abrimos.

— Eu sei — ela se aproximou, diminuindo a distância entre eles. — Não vim pelo bar. Acabei de abastecer meu Opala e vou dar uma volta na estrada até a outra cidade. Quer ir comigo?

Antes que Terror pudesse falar qualquer coisa, Marreta se apressou em responder:

— Ele quer — tirou o nó do avental do irmão e puxou para si o pano que estava no ombro dele.

— Alda, eu adoraria — Terror lançou um olhar repreensivo para Marreta antes de encará-la de novo. — Mas não posso deixar esse idiota abrir o bar sozinho.

— Você só pode estar de sacanagem, Terror — Marreta encarou o irmão no fundo dos olhos.

Os dois tiveram um diálogo mudo através de uma linguagem visual que Alda não entendia. Mas seja o que for, aquela conversa silenciosa entre os dois fez Terror mudar de ideia.

— Tudo bem — ele caminhou até o Opala. — Acho que consigo voltar a tempo de apagar algum incêndio que esse babaca causar.

— Vai se foder — Marreta disse sorrindo enquanto seu casal preferido entrava no carro.

Prazer, CupidoOnde histórias criam vida. Descubra agora