LETALIDAD

Acordos

Emma Swan

- Emma, irei precisar que me acompanhe em uma reunião mais tarde, quero que entenda alguns fatores e veja na prática como iremos trabalhar sempre.- Fiona comentou, colocando sua cabeça para fora da porta da sua sala, olhando-me firmemente e vendo meu acenar em concordância, antes de sumir outra vez.

Virei minha atenção para o computador novamente, sentindo uma dor de cabeça começando a invadir meu crânio como uma pontada aguda e chata. Isso não estava indo tão bem quanto deveria, no fim das contas.

Faziam três dias que eu havia começado na empresa, sendo assim uma manhã de quinta-feira calma e tranquila para todos na grande sede espelhada de Midas. Ou quase todos. Meus relatórios diários não envolviam nada além da minha desconfiança de que Graham fazia uma manipulação psicológica na minha nova chefe, deixando a mesma suscetível a possíveis planos descabidos que o mesmo quisesse fazer, como o tráfico, que me levou até ali.

Seria impossível Graham ser inocente, já que era o presidente da companhia naquela franquia. Só um milagre ou muita burrice faria a situação se tornar possível. No fim, eu só precisava de provas para incriminá-lo.

Apoiei a testa nas minhas mãos, refletindo o que eu poderia fazer agora e que trouxesse respostas mais rapidamente, pois a operação era uma corrida contra o tempo. Já havia tentado mexer no sistema que me foi dado acesso no dia anterior, e consegui visualizar todas as transações de dinheiro dos últimos sessenta dias e ainda sim não havia nada. Nada.

Não era possível não haver um deslize naquele sistema.

Suspirei audivelmente, virando a cabeça para um lado e para o outro, tentando relaxar a tensão que era quase fixa e rotineira na extensão dos meus ombros.

- Dia difícil, srta. Swan? - A voz seca e rouca de Regina chegou flutuando aos meus ouvidos atentos, sendo seguida por seu perfume territorial que preenchia a sala.

Encarei seus olhos castanhos antes de recompor minha postura na cadeira, notando que a mesma permanecia parada observando cada movimento meu, com uma crítica visível estampada em seus olhos. Seu olhar exibia com nitidez o fato de que ela achava que eu não era boa o suficiente para o meu cargo, para estar ali.

- Apenas uma enxaqueca graças à TPM, srta. Mills - Menti, fingindo que não havia notado sua alfinetada. - Agradeço a preocupação.

Suas sobrancelhas se ergueram, surpresas. Era fato que agora a morena na minha frente achava que eu era inocente ou burra ao ponto de não notar seu sarcasmo gritante, mas isso era um jogo e me camuflar como irrelevante ou inútil ainda era uma boa estratégia que não abriria mão por algumas provocações.

- Bom, não foi por isso que vim aqui, - Mills continuou, logo cortando o assunto e andando lentamente até a minha mesa, tirando seus olhos de mim para as portas fechadas da sala de Fiona com certa interrogação em sua face - Preciso pegar com a Sra. Humbert alguns documentos.

- Quais documentos?

- Ela saberá quais, Swan. - Respondeu incisiva, apoiando uma mão na mesa após brincar levianamente com algumas canetas perdidas em um pote.

- Então só um segundo, irei avisar sobre isso. - Levantei-me devagar de propósito, ajeitando o vestido azul escuro e liso no meu corpo, deixando para trás a morena que revirou os olhos para mim, como se eu não fosse ver. Revirei os olhos de volta assim que fiquei de costas. Poderia não expressar verbalmente minha insatisfação com sua presença, mas ainda poderia a provocar com ações - quase - inocentes.

Que mulherzinha intragável.

Bati levemente na grande porta branca, escutando Fiona pedir para que eu entrasse.