Vita Mortalis

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Emma Swan

Regina caminhava de modo suave por entre os convidados, não olhando nunca para trás para saber se eu estava acompanhando seus passos, era confiante demais de que eu a seguiria. E não estava errada.

Ruby continuava sussurrando em meu ouvido, comemorando as imagens roubadas e as gravações do sistema da empresa, afinal a partir daí conseguiria chegar em alguma conta para onde esse dinheiro era transferido. Killian já estava a caminho da boate, sendo meus olhos lá dentro, não me deixando no olho do furacão, como uma distração. Mas ainda havia algo e eu sabia que havia, mas... Não era o momento.

A latina respirou fundo ao chegar do lado de fora do salão, olhando o céu durante uns segundos antes que que parasse do seu lado, a encarando, curiosa com suas atitudes não tão comuns. Regina negou com a cabeça, voltando seus olhos para mim com sua expressão mais incompreensível, novamente se pondo a andar em direção a entrada do saguão principal do belo hotel que gerenciava o salão da festa de lançamento.

A morena não cumprimentou ninguém antes de se dirigir para o elevador, olhando-me com receio ao ver que iríamos subir até o quinto andar, mas dispensei sua expressão preocupada com um negar de cabeça. Parece que sempre nos encontraríamos em uma escada cheia de fumaça ou um elevador recheado de tensão.

Nos encaramos através dos espelhos que existiam nas quatro paredes, dando uma imagem em 360 sobre nossos corpos. Nosso silêncio falava, mas de um modo peculiar, deixando-me tensa sobre a situação, afinal Regina não era a pessoal mais previsível e querendo ou não, ter qualquer tipo de contato com ela significaria nunca ter controle pois tudo é possível. Ela era uma caixa de surpresas confusas, toques fortes e de uma boca suave.

Observei seu corpo com mais cuidado, não sendo rogada ou discreta, apenas encarando sobre como seus seios estavam pressionados no vestido cor de sangue, em como traços da sua perna sobressaiam um pouco pela brecha dos panos, assim como eu. Suas costas terminava em uma leve curvatura, dando espaço para ver mais sobre como possuía mais corpo que eu.

O barulho do elevador tirou minha atenção da mulher a minha frente, que apenas ergueu uma sobrancelha com desdém, saindo do cubículo junto a mim, caminhando até a última porta do corredor, abrindo ao passar o cartão com rapidez e precisão. Seu gesto demonstrou que eu poderia passar em sua frente.

O quarto apesar de luxuoso, era apenas mais um quarto qualquer de hotel, com toalhas e roupões em cima da cama, as roupas de cama branca como neve, o tapete intricado no chão era confortável, assim como o sofá em L no canto da parede. Havia um pequeno closet e duas portas, onde provavelmente uma levaria ao banheiro e a outra a varanda.

Regina apoiou sua bolsa no móvel pequeno ao lado da porta, retirando devagar a echarpe de pelos falsos e brancos, deslizando por sua pele até chegar ao chão. Da onde eu estava consegui ter um vislumbre de suas costas, onde um leve traçado negro saltou aos meus olhos, parecia que alguma palavra ou frase descia por sua espinha. Quando seus olhos se encontraram com o meu por sob seus ombros, curiosos e especulativos, não demorei para caminhar até si, deixando alguns poucos centímetros entre nós. Lentamente escorreguei meus dedos cobertos pela luva desse sua nuca despida até a base do seu vestido nas costas, tentando decifrar o início da sua tatuagem. Sua pele se arrepiava com o contato, deixando sua cabeça pender para o lado antes de suspirar, em permissão para que eu a tocasse mais, porém antes precisava fazer algo.

- Preciso ir no banheiro - Sussurrei em seu ouvido, retirando um pouco mais do seus cabelos soltos, colocando para o lado esquerdo - Qual das portas devo ir?

Regina ergue um dedo enluvado, apontando para o seu lado direito antes que eu deixasse um breve arfar em sua orelha, me retirando com a minha bolsa para o banheiro. Assim que me vi presa em um grande lavabo, não pensei duas vezes antes de escorregar a mão para a minha orelha direita, tirando e desligando o ponto, assim como os fios estavam intricados pelo meu corpo, passando por dentro do corset preto que ajudava a criar a cintura demarcada por baixo do meu vestido. Em segundos levantei a saia do meu vestido, deixando a mostra a cinta liga colocada ali apenas para servir como apoio para a arma que passou despercebida de todos que me viram andando com a roupa negra. Peguei o objeto e o enrolei em um plástico que trouxe em minha bolsa, colocando o mesmo dentro da caixa da privada moderna. Ali seria quase impossível de ser procurado por uma Regina curiosa.

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