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"Não é adorável, completamente sozinha?"

Lovely — Billie Eilish ft. Khalid

Amélia brincava distraidamente com a xícara de chá que havia pedido enquanto eu me esforçava para não encará-la diretamente

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Amélia brincava distraidamente com a xícara de chá que havia pedido enquanto eu me esforçava para não encará-la diretamente.

Estávamos sentadas em uma das poucas mesas do lado de fora de uma pequena padaria no centro de Lynden, como estava quase vazia então todos que passavam pela rua nos encaravam fixamente. Devia ser um choque e tanto, afinal a garota nova de quem todos falavam e a garota parte da família mais comentada estavam sentadas juntas em um silêncio mortal. Até agora me perguntava o que tinha na cabeça ao ter aceitado vir, afinal é no mínimo suspeito toda essa calma e gentileza vindas de alguém que não conheço e cujo o irmão eu quase matei há não muito tempo. Admito que devo parecer louca com toda essa suspeita acerca de todo mundo, contudo era meio impossível não cogitar nas circunstâncias atuais e ainda mais se tratando de mim.

—Sabe, você não precisa ter tanto medo de mim. –ela murmura e chama minha atenção, fazendo-me levantar o olhar. —Eu não mordo.

Algo voraz no olhar azul dela me dizia exatamente o contrário, porém preferi ignorar o pensamento repentino. Por mais que o rosto impressionante bonito de Amélia fosse angelical e delicado seus olhos carregavam uma ferocidade que parecia pertencer à um animal selvagem, o que era uma completa contradição.

—Eu não estou com medo. –minto e dou de ombros. —Não me entenda mal, mas eu não a conheço. Quase matei o seu irmão há pouco tempo e é estranho você ser tão gentil comigo depois do que eu fiz, principalmente depois... depois que você viu.

A expressão no rosto dela não aparentava raiva ou mágoa; na verdade Amélia Draken parecia estar se divertindo às minhas custas, o que era bastante desconfortável. Eu conhecia bem a sensação e eu odiava com todas as minhas forças.

—Eu também não a conheço, no entanto sei que você não fez aquilo por querer. –ela diz e espalma as mãos pálidas na mesa de vidro. —Às vezes somos forçados a perder o controle e causar danos, mas não foi por isso que eu quis falar com você. Peter está bem e em casa, você de alguma forma o salvou e somos todos gratos por isso.

Como poderiam estar tão calmos em relação a mim mesmo tendo visto o que viram? Havia visto a família inteira apenas uma vez, porém nenhum deles esboçara nenhum tipo de ódio ou ressentimento acerca de mim por mais que eu merecesse. O que fiz foi sério o suficiente para que eles me odiassem, mas em momento algum eu os vi reagir assim.

—Então vocês não me odeiam?

—Não Olivia, não a odiamos. –a garota explica e ri baixo. —Não sei o que Illya contou a você e o quanto eu devo falar, mas chamei você aqui hoje porque não poderia ficar em silêncio enquanto a assisto correr um risco que não sabe.

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