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"E por favor, não fique tão perto de mim
Estou tendo dificuldade para respirar
Eu tenho medo do que você vai ver agora"

Distance — Christina Perri

Idiota, estúpida, ridícula

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Idiota, estúpida, ridícula.

Que porra eu tinha na cabeça? Bile ardia na minha garganta enquanto encarava a porta do quarto mesmo que Peter já tivesse ido embora há mais de vinte minutos. Congelada; eu estava congelada pela minha reação completamente embaraçosa e inadequada. Lembro de poucas coisas do que acontecera mais cedo, mas recordava claramente do momento na escuridão com as brasas e a voz, então acordei na minha cama mais uma vez com o vampiro na cadeira de balanço. Meus pulsos estavam enfaixados –certamente ele o fizera por conta dos pequenos cortes causados pelas lâminas– contudo parecia melhor do que imaginei que iria ficar depois daquele cenário catastrófico.

Ver Peter diante de mim foi como tocar um pedaço da realidade, um farol no meio da escuridão que antes me encontrava. Por mais errado que fosse vê-lo tão perto foi como recuperar o fôlego que há muito havia perdido. Reconheci meu quarto, mas fora seu rosto encantador que me confirmou que estava de volta e longe daquele terror quente e insuportável. Os olhos cinza pareceram um alento no meio de tanta confusão e simplesmente não pude conter aquele impulso ilógico quando praticamente me joguei nos seus braços em um abraço sem jeito. Embora meu rosto ainda queimasse pela vergonha embaraçosa, no momento parecia a única maneira que eu tinha para dizer "obrigada" já que a voz não era minha melhor amiga para transmitir o que estava sentindo. Na verdade minha garganta arranhava e doía todas as vezes que tentava falar, mesmo agora.

Ele deveria estar rindo de mim neste instante, sobre o quão tola fui por comportar-me como fiz. Não poderia culpá-lo, faria o mesmo se estivesse em seu lugar. Sabia que não tinha direito de ter agido tão inapropriadamente, porém não sei o que deu em mim. Eu simplesmente fui puxada para aquele abraço como um imã, mesmo sendo o primeiro que dera em muito tempo. O gelo da sua pele pareceu uma maneira de me manter acordada, desperta enquanto o abraçava e o senti retribuir por um minuto... até que notei o tamanho da loucura e da estupidez e me afastei, sua reação se tornando resposta o suficiente para a minha atitude. Peter provavelmente não falaria mais comigo, não depois do surto que tive na sua frente e daquela palhaçada protagonizada por mim. Não tive medo de me aproximar ou receio de empurrá-lo para longe como normalmente meus instintos traumatizados comandavam e não sei bem explicar o porquê. Eu só precisava de uma âncora, algo que me trouxesse de volta para uma realidade longe das sombras e daquela voz sibilante que ainda rastejava nos meus pensamentos como uma cobra peçonhenta. Não pareceu loucura até eu pensar o suficiente para confirmar que era de fato. Havia sido errado e completamente inconveniente! Não éramos amigos, tampouco eu tinha nenhuma intimidade para abraça-lo daquele jeito... e agora devo ter perdido sua companhia também, para completar o desastre que me encontrava.

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