"Eu só ferro com as coisas, se você percebeu
Você percebeu? Me diga, você percebeu?
Eu tenho um problema em fazer coisas que não deveria"Lilith — Halsey ft. Suga (BTS)
Vou manter você vivo, prometo.Murmurei a promessa silenciosa que havia jurado para Peter enquanto tentava ficar acordada no volante olhando a todo instante para o corpo caído no banco de trás. Assombrava cada parte de mim todas as vezes que o olhava e imaginava o poder daquelas criaturas que nos atacaram para deixarem-no daquela forma, praticamente em frangalhos. Não que eu tivesse saído inteira, já que um deles havia arranhado minha panturrilha e mordido minha mão antes que o queimasse. Sangrava como o inferno, mas fiz o que pude com bandagens e pedaços de tecido de uma camiseta velha para apertar o local como um torniquete miserável e improvisado. Fiz o mesmo com alguns dos machucados de Peter, no entanto ele parecia bem pior que eu. Tentei estancar o sangramento com o pouco que havia trazido na mochila, mas o sangue espesso e frio ainda saía dos cortes mais profundos. O antebraço... conseguia ver o osso do tanto que havia sido destruído por um daqueles cães horríveis enquanto tentava me manter de pé.
Vomitei mais uma vez antes de começar a dirigir, enjoada demais com o que haviam feito com ele... por mim. Sabia que aquelas coisas só rastreavam magia poderosa e haviam ido atrás da minha. Peter havia ido até ali por mim; corrido por mim e lutado por mim mais uma vez e fui uma idiota com ele, agi da maneira mais ridícula e infantil e tola possível com alguém que só me ajudou e salvou a minha vida. Agora torcia com tudo o que ainda tinha de fé para que ele chegasse vivo em casa onde sabia que cuidariam dele bem melhor do que eu havia feito. Mesmo que Peter fosse um vampiro e supostamente curasse rápido, não notava nenhuma melhora significativa nas últimas horas que estava dirigindo de volta e isso me preocupava o suficiente para que eu dirigisse ainda mais rápido.
Estávamos a pouco mais de meia hora de Lynden, contudo de vez em quando me via novamente no campo escuro com aquelas criaturas me encarando. Peter me explicara em um de nossos treinos que hellhounds não poderiam ser vistos por civis ou pessoas sem a visão sobrenatural por conta de algum encantamento antigo, então fiz um feitiço que me permitiria ver coisas que a maioria das pessoas não conseguiam. Já me peguei arrependo-me daquilo, porque ver aqueles olhos vermelhos como sangue e o poder daqueles seres havia sido uma péssima decisão para a minha sanidade. Eles eram pura escuridão; desde o corpo forte e grande até os dentes reluzentes como obsidiana e as garras mais afiadas que qualquer arma letal. Eram a visão de qualquer pesadelo, por pior que fosse. Havia certa beleza nos músculos escuros dos cães, mas era completamente mascarada pela maldade em seus olhares sedentos e a violência que emanava deles. Os rosnados eram o pior som que eu já ouvira, murmúrios do próprio inferno... como se os gritos de cada vítima devorada fossem convertidos em sons tão malignos que não poderiam ser físicos. Não acredito que sobrevivi àquilo, que meu poder funcionara e que pude impedir que fôssemos mortos. Peter matara mais que eu, mas não fui completamente inútil desta vez. Não que me sinta bem com isso, o enjoo no meu estômago era resposta o suficiente do quão mal me sentia. Ainda parecia loucura a forma como consegui controlar o fogo do isqueiro que ele lançara pra mim ou como as lâminas foram efetivas contra aquelas coisas mesmo que estivesse fora de controle.
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Woods
FantasyRiley Anders sempre fora um enigma para todos, inclusive para si mesma. Para evitar ser pega por um erro, a garota foi obrigada a fugir e mudar sua identidade. Era a única chance que tinha para continuar respirando e manter sua família segura, mesm...