Capítulo 8 - Novos caminhos

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O caminho para Alberich se mostrou um tanto desafiador. O frio que as constantes nevascas traziam se tornou cada vez mais difícil de confrontar, conforme o grupo se aproximava da Cidade das Mil Portas. Parecia que toda aquela situação acontecia naquele local de propósito.


"Provavelmente, um claro recado de Vallen contra o Dragão Verde e seu domo", pensara a sombria.


E como se sua mente pudesse ser ouvida, a tempestade gélida diminuiu e a estrutura colossal se tornou bem mais possível de ser observada. A forma circular estava cada vez mais clara em meio a eterna nevasca e o portão de entrada se erguia mais à frente do grupo.


- Nossa longa caminhada parece finalmente estar acabando. Falou Piedade, virando para os demais.

- Por um lado, estou contente em chegar. Mas por outro, admito que sentirei falta de caminhar por aí com vocês. Comentou Kain, abrindo um sorriso.

- Como se não fossemos nos aventurar mais! Exclamou Nadja, com a cara séria. - Agora, eu só quero sair deste frio. Minhas irínias estão praticamente em hibernação por conta das condições do clima!

- Calma, amiga. Lá dentro deve estar bem mais quente. Sinto boas vibrações de plantas vindas por trás desses muros. Tenho certeza que vai ser mais agradável. Respondeu Alvys. - Mas concordo que os dias de viagem foram bem interessantes.


E ao terminar de falar, a petalin olhou brevemente para a sombria, virando a cabeça rapidamente em seguida, encarando os muros.

Piedade sentiu o sangue subir até os ouvidos ficarem zunindo. Desviou a visão para a sombra da enorme cidadela que se estendia pelos campos que a rodeavam. Aquela fortaleza que se erguia diante deles parecia observar os flocos de gelo como se não fossem nada.


"A partir deste ponto, tudo vai mudar. Voltar para Alberich, com tantas coisas acontecendo... Eu tenho um mal pressentimento", pensara a sombria.


Observando os demais adentrarem pela grande passagem para o interior da cidade, notou de relance Kain convidando sutilmente Nadja, buscando evitar alguma situação embaraçosa. A ação do amigo em se preocupar com a colega de turma acendera algo dentro de seu peito: o medo. 

Medo de avançar, medo de perder. E pouco a pouco, a aventureira começou a ficar presa a algumas lembranças como o Senado Flutuante, Sylvaria, Stranger, de tudo que passaram com a guilda.


- Você não vem? Questionou Alvys, interrompendo seus pensamentos. A amiga estava parada bem a sua frente, observando-a de cima.

- Er, bem... Eu... Sim, eu vou. Respondeu Piedade, nervosa, saindo do transe.

- Está tudo bem? Se precisar de ajuda, pode segurar minha mão. Prometo não soltar até se sentir melhor! Propôs a petalin, analisando-a e esticando o braço.

- Obrigada. Mas só sua atenção e disposição em me ajudar já foi o suficiente para me apaziguar. Sou grata! Agradeceu.


Rapidamente, dando alguns passos, adiantou-se para a entrada da cidade, o rosto fervendo em vergonha.


"Droga! Alvys notou que eu estava abalada!", pensara. "Mas o jeito meigo dela de se preocupar e aí... minhas... deusas... Ela se ofereceu para ficar de mãos dadas comigo! O que eu faço?!".


Respirando rápida e profundamente, a sombria caminhou apressadamente para as ruas e calçadas, passando à frente de Kain e Nadja. Dentro de si, a cena da mão esticada da colega estava fixada em sua mente enquanto um sorriso estampava seu rosto.

Uma Flor na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora