Capítulo 13 - Pós caos

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As ruas da cidade de Foice estavam movimentadas. Os pedestres andavam apressados, afinal, não era todo o dia que os desafiantes da arena dentro do grande vulcão venciam e, graças a isso, irritavam alguém poderoso a ponto de matar praticamente todos os presentes no espetáculo.

Graças a isso, as calçadas estavam repletas de legados que levavam notícias sobre o ocorrido ou estavam envolvidos com a situação de alguma forma, seja para limpeza, contabilidade de mortos ou reorganização do torneiro.

Dentre a multidão, um pequeno grupo caminhava calmamente, não chamando a atenção. O mais velho ia na frente, levando consigo um anuro em estado de choque. Mais atrás, duas figuras andavam lado a lado, atentas ao entorno.


- Sabe, eu não queria falar nada não, ainda mais neste momento, mas seu cabelo está incrível! Disparou Sylvaria, passando a mão na cabeça da sombria, quebrando o silêncio entre ambas.

- Você realmente acha que esta é a melhor hora para falar isso? Retrucou Piedade, nervosa. - Viu o que acabamos de passar! Não estou te culpando. Jamais faria isso! Mas poxa, precisava mesmo desafiar ele?!

- Desculpe. Eu só perdi a cabeça. Retrucou a companheira, abraçando a amada. - Uma vida toda vinculada a sua causa, fazendo ações em seu nome... Eu só... Explodi. Não conseguiria deixar de lado naquele momento.

- Tudo bem. Entendo mesmo o que passou. E novamente, não te culpo. Ninguém aqui o faz. É apenas difícil absorver tudo o que ocorreu lá trás, dentro da arena!

- Sim. Foi difícil. Mas superamos. Não sei se foi sorte ou não, mas isso não importa agora! Comentou Sylvaria, afastando a aventureira de seu abraço e encarando-a. - Olhe pelo lado bom: agora temos uma história incrível para contar!

- Por que, pelas deusas, eu fui escolher você, dentre tantos seres do mundo?

- Se está querendo me ganhar, saiba que está surtindo efeito, gata! Retrucou a elfa, dando uma piscada.

- Eu... Eu...

- As duas! Vamos logo com isso? Gritou Biso, interrompendo a sombria. - Temos que pegar o próximo barco para fora daqui. Vocês podem namorar depois!


O enorme besouro estava parado, próximo a uma esquina, esperando por elas. Embaixo de seu braço esquerdo, o amigo anuro estava posicionado, ainda se recuperando do ocorrido. Depois de todo o ocorrido, o velho guerreiro havia pego o colega em choque e saído às pressas, levando-o consigo.


- Está com ciúme, velho? Lançou a elfa, zombando do Herculen.

- Humf. Jovens. Acham que estão no controle de tudo! Resmungou o guerreiro. - Guarde minhas palavras, mocinha! Namoricos todo mundo tem, mas sabedoria para fazer eles durarem é outra coisa!

- Agradeço a dica, vovô! Mas acho que ainda vou confiar no meu taco! Berrou Sylvaria de volta.

- Você tem o dom para me fazer passar por essas situações em público! Lançou a sombria, massageando as têmporas.

- Se eu não o fizer, quem o fará, minha cara Piedade? Retrucou a companheirinha.

- É para hoje, mocinhas! Ecoou a voz do besouro pela rua.

- Tá. Estamos indo!


As duas apertaram os passos, aproximando-se dos demais. Observavam ao longe o píer com as embarcações, avaliando o ritmo dos transeuntes.

- Como imaginávamos, ninguém nos impediu. Pelo visto, estão ocupados demais com a arena ou com medo de nos enfrentar. Comentou Biso, alisando a barba.

- Aproveitemos essa oportunidade e vamos pegar o próximo barco que sair do Arquipélago! Comentou a troca-peles.

- Você está bem, Bufô? Questionou a sombria, se agachando e encarando o amigo.


O anuro apenas balançou a cabeça, confirmando. Desde que haviam confrontado o convidado da arena, o conjurador não disse uma única palavra, e isso deixou a aventureira preocupada.


- Você foi muito bem lá, pequeno! Me deixou orgulhoso! Brandou Biso, com animação na voz. - Mal posso esperar para ver o que mais pode fazer!

- Acho que arranjou um bom companheiro de viagem, Bufô. Observou Piedade.

- O vovô sabe do que está falando, meu amigo! Exclamou Sylvaria, se virando, encorajando o anuro. - Se tem alguém aqui que podemos agradecer por vir conosco, é você. Então, confia!

- Essa é sua tentativa de animar ele? Ponderou a sombria.

- O que eu estou querendo dizer, é que nunca vi um ato de coragem tão nobre quanto o seu! Não apenas durante o combate, mas em tudo! Explicou a elfa. - Ser forte é enfrentar as coisas de cabeça erguida, mas é ainda mais forte aquele que sabe quando é necessário recuar para vencer no futuro!

- Nossa, e não é que você não é um caso perdido? Talvez tenha salvação para sua namorada, Piedade. Lançou o Herculen, começando a gargalhar.

- Realmente, são um grupo bem interessante! Falou. - Bom. Vamos nessa! Para o próximo destino, meus companheiros!

Uma Flor na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora