Capítulo 7 - Um breve descanso

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O frio naquela parte do continente de Opath era difícil. As fogueiras lutavam para se manter acesas, mas o vento gélido parecia congelar até mesmo a madeira.

Piedade estava com os demais em uma pequena caverna que encontraram aos pés de uma formação de morros. O ambiente era tão pequeno e investia pouco na rocha e terra adentro, que a sensação térmica do interior e exterior mal pareciam diferir.

Mesmo assim, os quatro colegas de viagem armaram acampamento e se agruparam próximos das chamas. Aparentemente, todos vinham escrevendo cartas, o que fora surpresa para a sombria, visto que a cada dia parecia descobrir novas facetas acerca de Nadja e Alvys, e gostava disso. 

Com esse pensamento em sua cabeça, inclinara para a direita e vasculhara sua mochila, buscando as cartas que escrevera enquanto estavam no Norte. Mas conforme remexia em seu conteúdo, percebera que boa parte do que havia redigido sumira, restando apenas algumas poucas que Kain conseguira resgatar após as batalhas.

Encarava os pergaminhos amassados, iluminados pela fraca luz do fogo. 


"Acho que aquelas eu não poderei queimar", pensara.


Munindo-se de uma nova folha e uma pena, caminhara até a parede oposta que se encontrava contra o vento. Antes de sentar, utilizara de sua calda para cravar o escudo no chão, reduzindo a corrente de ar e melhorando a qualidade das chamas e da luz.

Estava prestes a escrever, quando levantara o olhar rapidamente para os demais, avaliando em que pé estavam. Kain se encontrava enrolado em sua capa de viagem, baba caindo de sua boca e escorrendo pela barba. Já Alvys parecia envolta em um casulo de folhas, com a amiga sanguir coberta por parte de seus ramos, ambas dormindo.

Piedade analisava aquela cena com gentiliza e calma. Apesar das batalhas difíceis contra aqueles paladinos à algum tempo, ainda estavam reunidos e bem. Além disso, já era possível visualizar bem ao longe na paisagem o enorme domo da cidade de Alberich, construído pelo Dragão Verde. Não deveriam demorar muito para chegar, a julgar pelo ritmo dos avanços.

Balançando a cabeça,  a sombria tentava afastar os pensamentos, buscando se concentrar. Focada agora no pedaço de pergaminho em seus joelhos, começara a riscar com tinta a superfície limpa. Passados alguns minutos, levantara a carta, lendo com o olhar:


"Querida Sylvaria. 


Faz tanto tempo que não nos vemos. Este mundo muda rapidamente, e quando mal percebemos, existem muitas coisas para conversarmos.


Mas algo em minha mente vem a cada dia me deixando mais inquieta. Preciso saber. O que..."

Uma Flor na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora