Após chegar em casa, Charles encontrou Lindsay em frente à televisão, com roupas largas de moletom encolhida em um canto do sofá com suas meias pretas de bolinhas vermelhas, seus óculos caídos em seu rosto e um coque mal feito em seus cabelos loiros.
— Lindsay?
Charles chamava por ela e ao ouvir, ela virou seu rosto pra tras com calma, até Osborne perceber que seu rosto estava molhado, ele então já presumiu ser lágrimas.
— Você está bem? – Ele reforçou a pergunta.
— Ah, desculpe. – Disse limpando as lágrimas. — Eu estou bem.
— Você comeu algo? Eu trouxe pizza, nunca tenho tempo pra fazer compras.
— Estava sem vontade de comer, mas se tiver trago pizza doce de chocolate a fome voltaria rápido. – Ela disse sorrindo.
— Acertou por sorte.
Charles se aproximou colocando seu sobretudo em cima do sofá, tirando sua boina italiana exibindo o corte militar, ele se aproximou de Lindsay e se sentou, colocando as caixas de pizza em cima da mesa de centro.
— Então, vai me contar porque estava chorando? Moramos juntos, é intimidade demais e pode ser compartilhada um sentimento bobo. – Ele sorriu de forma amigável.
— Hum...
Lindsay fez um sinal pensativo de forma engraçada, tentando ser a Lindsay de sempre.
— Tô com muita fome pra falar agora, talvez depois de um belo pedaço de pizza.
Ela disse enquanto abria uma das caixas e pegava um pedaço da pizza doce de chocolate, levava até a boca e a mordia.
— Quando Bradley foi levado por você essa manhã, a unidade me fez uma ligação, ele pediu para eu confirmar que ele estava comigo, bem mas ele até que estava comigo em alguns instantes, ele parecia preocupado, ele saia da minha casa a cada dez minutos, ele ficava esquisito, não parecia o Bradley de quando o conheci. Isso me dói, parece que eu fui usada como um objeto, eu me entreguei para aquele cara, horas, fizemos sexo! Se ele queria uma aproximação pra matar Meredith, porque não só como amigo? Ele precisava mesmo me usar desse jeito? Além do mais, ele desapareceu após a morte de Meredith e sim, eu o acho culpado.
Lindsay despejou as palavras no colo de Osborne como um fardo que ela estava carregando todo esse tempo.
— Você não acha que merece seguir em frente? Deixa a justiça fazer o seu trabalho e se você confia em mim, eu pessoalmente te dou a notícia em primeira mão, mas esse caso está parecendo bem fácil para um serial killer, eu não acho que acaba por aí. Não temos provas o suficiente para incriminar Bradley, digo, evidências concretas.
Charles abria a caixa de pizza salgada e pegava um pedaço, guiava até a boca e finalizava a sua fala mastigando-a.
— Hum... Mas e se eu não quiser acreditar que ele não é culpado?
Lindsay finalizava o seu pedaço de pizza e olhava para Osborne.
— Mas porque você faria isso?
— Porque assim eu não teria mais motivos para querer ele longe, mas a verdade é que eu não quero ele perto mesmo... Bem, talvez Ryan tenha razão.
— Ryan ter razão sobre algo é muito incomum, mas as vezes ele fala coisas boas sim. – Charles ri e então continua. — Mas razão sobre o que?
— Sobre eu te achar bonitinho com esse seu "chapéu" e seu jeito mandão, galanteador e bem misterioso.
As palavras de Lindsay diretamente pra Osborne fez o clima congelar, até Osborne soltar o seu mais novo sorriso cafajeste e continuar o diálogo como quem ouviu a melhor música de rock in roll do mundo.
— E eu também confesso que eu não te tirava da cabeça.
— E você resolveu falar isso agora porque?
— Não queria parecer aproveitador ou antiprofissional, além do mais você está dentro da minha casa, imagina alguém me denúncia por assédio ou atentado ao pudor a vítima?
Charles ri e se levanta do sofá, balançando o rosto em negativo e assim continua.
— Amanhã eu vou estar de folga, se você quiser sair pra algum lugar, ir no mesmo bar aonde fomos da primeira vez..
— Não era eu quem não podia sair?
— Existe imaginação, eu finjo que sou um garçom. — Ele ri.
— Não, sou péssima em faz de conta. – Lindsay gesticula com a mão como quem não se interessou e continua. — Mas por outro lado, eu posso tentar. Queria muito usar aquela roupa, a esqueci na Alberta street.
— Podemos buscá-la amanhã, fazer compras descentes para casa e para o nosso bar em casa.
— Bem vindos ao lock down da Lindsay, muito obrigada assassino.
Ela brinca e acaba rindo, Charles ri junto com ela.
Charles e Lindsay conversavam sobre o seu dia, um papo que Charles nunca teve com outras mulheres, talvez algumas vezes com Amber. Ao longo da noite Lindsay foi para o seu quarto e Charles para a sua suíte principal, ele estava prestes a sair da sua banheira de hidromassagem, quando o seu celular toca ao lado da mesa que ele havia colocado os produtos de higiene. Ele então pegou o seu celular e leu a mensagem que estava exibida na barra de notificações.
"Charles? Bom, eu não sei como começar, posso ter agido como criança esses últimos dias, mas o meu ciúmes possessivo sempre acaba me tirando dos eixos. Você merece um pedido de desculpa menos formal, no estilo Amber e Chuck. Ryan pediu sua folga amanhã, então eu pedi uma também e saiba que não foi fácil conseguir. Você poderia vir até aqui? Eu vou preparar o seu prato preferido e muito especial, se não quiser mais estar comigo como um "casal" que nunca fomos, que venha como amigo, um beijo.
— Amber Forbs. "
Charles releu a mensagem por alguns momentos e decidiu se responderia, ele estava confuso e sabia que se alimentasse mais o coração de Amber ele poderia machucá-la ainda mais, o que geraria um conflito. Mas também, ele não sabia se estava se envolvendo sério com alguém, o que ele não estava e não sabia manter.
" Amber, pedido de desculpas aceitos. Mas, acho que nossa história tem que ser encerrada aqui. Você está envolvida demais, apesar de te considerar ao extremo por todas as vezes que esteve comigo quando eu precisei, nós precisamos parar, eu não sinto nada além do que um carinho e atração carnal. Eu não sei qual proporção isso pode tomar, então é melhor precaver. Mas, amanhã eu não posso, tenho um compromisso marcado, talvez depois de amanhã após o expediente, podemos conversar melhor. Queira me desculpar também, as vezes posso ter agido como um babaca.
— Chuck. "
A mensagem como o esperado não foi respondida e a cabeça de Charles estava virada, ele tinha um caso nas mãos para resolver e talvez outras pessoas estavam em perigo. Mas também tinha a sua vida pessoal, que estava cada vez mais virada.
Então ele saiu do banho e se deitou sobre a cama, fechou os olhos e dormiu, ele dormiu tranquilo sabendo que o caso estava nas mãos do seu parceiro que nunca iria o decepcionar.
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Caso Numero 38
Mystery / Thriller* Não recomendado para menores de 18, contém cenas de sexo e gatilhos pesados de mortes, descrição de cenas de horror e violência. * Charles Osborne, um detetive. Sua profissão e o amor, Ryan Dickson sua amizade ou as pistas, mulheres ou uma paixão...