Preparativos

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Pov. Canadá

Já se passaram duas semanas...

E eu não consigo me livrar dos meus sentimentos e pensamentos.

Até parei de tentar...

Aquele cara havia voltado para a casa do brasileiro no outro dia. E isso me irritou.

Não fiz nada do que havia pensado. Uma ideia muito melhor já tomou conta da minha cabeça.

Meus olhos observavam as montanhas ao fundo, as quais eu desejava escalar. O ar frio entrava em minhas narinas e ia até meus pulmões, me preenchendo com oxigênio. O tempo havia ficado um pouco mais frio do que estava à alguns dias atrás. Logo a figura do brasileiro apareceu em meu campo de visão. Ele acenou para mim sorridente e eu acenei de volta. Essa se tornou nossa nova rotina, mas de vez enquando ele vinha falar comigo antes de começar sua corrida. Além das vezes que saio para fazer as rondas de rotina, no fundo com a intenção de encontrá-lo para podermos conversar.

Suspirei e voltei lá pra dentro. Sentei em nossa mesa compartilhada que ficava em um dos cantos. Então  comecei a olhar os computadores. Onde podiamos  observar a reserva pelas câmeras de segurança. Mas eu sou o que mais trabalha com essa área. Vi a imagem do sulista passar pela trilha principal. Logo me lembrei do pendrive guardado em meu bolso.
Hoje não irei fazer nenhuma ronda e nem irei atrás dele. Apenas me focarei em meus afazeres, que logo irão dobrar. É a vez de Noruega sair de férias, já que tem uns bons dias acumulados em seu banco de horas. O único que tira férias no tempo certo é Bélgica. Não que ele não seja tão esforçado ou trabalhador quanto eu e a europeia. Ele apenas respeita seu horário de serviço muito rigorosamente.

☆Quebra de tempo☆

O expediente já acabou faz meia hora. Noruega terminou de organizar suas coisas e nos despedimos com um forte abraço. Ela só voltará daqui um mês e meio.

Suspirei e fui lá pra fora. Fiquei observando o céu que havia se tornado uma bela mistura de cores. A natureza é tão perfeita e magnífica...
A pergunta de como tudo isso foi criado às vezes me deixa acordado.

Brasil foi embora há um bom tempo. É eu estou sozinho nesse imenso e silencioso lugar. Coloquei a mão no bolso e tirei o pendrive de lá. Olhei para o pequeno objeto na palma da minha mão e suspirei.  Talvez essa seja minha verdadeira natureza e eu nem a conhecia...

Voltei lá pra dentro e me sentei na mesa dos cumputadores. E na máquina principal em que os outros computadores se conectavam eu coloquei o pendrive. Abri o ícone do pequeno dispositivo que aparecia no canto inferior da tela e logo centenas de avisos preencheram os monitores. As imagens das câmeras sumiram e apenas os avisos permaneceram. Sorri de lado ao ler um deles. Todas as câmeras haviam pifado e as filmagens dos últimos dias também foram apagadas...
O vírus funcionou perfeitamente! Deixei o dispositivo lá e fui me trocar. Meu irmão me ensinou a fazer isso. Antes eu reprovava essas ações, mas agora vejo suas verdadeiras utilidades.
Para que o Bélgica não suspeite, eu coloquei as gravações de um período de três meses do ano passado em cd e alterei as datas.

Peguei as minhas chaves e fui pro carro. O ronco do motor soou em meio ao silêncio e as luzes dos faróis iluminaram o posto. Pisei no acelerador e entrei na trilha principal. Continuei a dirigir até chegar a trilha oito. Desci e dei a volta no veículo. Abri o tampo da traseira da picape e abri uma das bolsas pretas que lá estavam. Tirei uma lanterna e a liguei. Coloquei uma das bolsas esportivas nas costas e a outra por baixo do braço. Peguei a lanterna e comecei a caminhar.

Um bom tempo já se passou. Está bem escuro e é possível ouvir as corujas e o uivo do vento. Isso não me assusta, pelo contrário, me deixa de certa forma relaxado. Mais alguns longos minutos depois eu me deparei com a grande placa de madeira onde "fim da trilha" estava gravada. Então me dircionei para a direita. Comecei a entrar na mata. Me guiando pela memória de muito tempo atrás. Meus passos soavam altos pela silenciosa e escura floresta. reconhecia cada árvore pelas quais eu passava. As manchas e desenhos nas madeiras de seus troncos estavam perfeitamente gravadas em minha memória de longo prazo.

Depois de mais uma longa caminhada, finalmente cheguei ao meu destino. Parei em frente a porta do chalé abandonado. Qualquer um que passasse apenas veria um lugar detonado e quase totalmente coberto pela vegetação. O limpei alguns dias atrás, em uma das noites que passei na reserva. Tirei a chave do bolso da calça e coloquei na fechadura que havia trocado, assim como em todas as outras portas que haviam alí. Entrei no lugar e deixei tudo no chão. Esse chalé é bem maior do que aquele em que eu trabalho. Quando vim fazer a limpeza eu acabei achando alguns documentos daqui. O posto fora construído há quinze anos, para monitorar as fronteiras da reserva. Mas acabou sendo desativado e abandonado depois que dois guardas foram atacados por uma matilha de lobos. Prezando pela segurança dos outros oficiais, acabaram desativando esse ponto. Também descobri que a baixa taxa de visitação da reserva começou naquela época, provavelmente pelo incidente dos lobos. Acho que foi por isso que quando comecei a trabalhar aqui só haviam cinco guardas, sendo que no tempo em que o ataque ocorreu a equipe era composta por mais de vinte.

Por sorte a corrente elétrica do chalé ainda funciona perfeitamente. Tirei de uma das bolsas as roupas de cama e fui pro andar de cima. Onde ficavam as acomodações. Ajeitei as camas de dois quartos e depois voltei lá pra baixo. Da mesma bolsa eu peguei duas pilhas de roupas e as levei para os mesmos cômodos. Depois abri a outra e peguei todos os alimentos. Deixei tudo na geladeira e então peguei os sabonetes e artigos de higiene. Os levei para o banheiro e por último, deixei alguns livros que comprei em uma das mesas. Acho que era só isso que faltava, fui trazendo o que precisava toda vez que ficava de vigia. Dei mais uma olhada em volta e saí de lá trancando a porta.

Voltei pelo mesmo caminho até  alcançar a trilha. No caminho eu fiquei observando as estrelas. O som dos meus pés no chão de terra era a única coisa que eu ouvia. As corujas estavam caladas. O vento havia parado de soprar, mas a noite ainda estava gelada. Em poucos meses o rigoroso inverno chegará. Terei que deixar a picape de lado e começar a usar o snowmobile. Não gosto muito dele, mas  será necessário usar o veículo que me lembra muito um daqueles jeeps que são usados em expedições pela selva nos filmes.

Logo o feixe da lanterna iluminou a lataria da picape. Fui para a traseira e a abri. Joguei as bolsas vazias e a lanterna lá dentro. Por fim olhei para outra bolsa comprida e verde escura que também estava lá. A espingarda quase nunca é usada, por isso está em perfeito estado, assim como todos os outros acessórios guardados com ela.
Fechei o tampo, e sendo iluminado pela luz da lua, fui para a dianteira e então  entrei no carro. Dei partida e voltei para o posto.

Estou ansioso para o grande dia...

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Oq vcs acham q o cara de folha vai fazer? 🤡

Espero que tenham gostado!

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É isso! Beijinhos✨✨✨

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