🌲Animals🌲

Jantar especial

Pov. Canadá 

Os tons de laranja, rosa e azul pintavam o céu desta quarta-feira. Meus olhos estavam fixos na paisagem do outro lado da janela que fica em frente a minha mesa. Apenas apreciando, sem me importar com os papéis em cima da mesa de madeira. Minha mente estava um tanto longe. Pra ser mais específico, em um certo chalé. Espero que Brasil tenha passado bem o dia, mesmo estando preso. Não gosto de deixá-lo daquele modo, porém é necessário! Somente irei parar assim que tenhamos estabelecido confiança entre nós. Meus pensamentos longínquos foram interrompidos pela sensação de toque no meu ombro.

Bel: eu já vou indo! - eu me virei e olhei para o belga que por sua vez sorria.

Can: ah, está bem! Se cuide, Bel! - disse sorrindo de volta.

Bel: tchau!

Can: tchau! - com isso o europeu deixou o posto com seu chapéu na cabeça. Eu voltei a olhar para os papéis. Por sorte só faltava um para assinar.

Assinei o documento e então eu arrumei tudo que estava ali por cima. Me levantei, arrumei meu uniforme e coloquei meu chapéu. Peguei minhas chaves e tranquei o posto assim que saí. Fui para a picape, entrei e dei partida, logo adentrando na trilha principal.

Meus olhos estavam atentos no caminho e ambas de minhas mãos seguravam o volante com certa força. O esverdeado não saia de minha mente. Queria que eu pudesse levá-lo pra fora e assistir esse belo pôr do sol com ele. Quem sabe um dia...
Mas por enquanto tenho que mantê-lo no chalé. Hoje é minha vez de passar a noite na reserva. Se eu pudesse, passaria todas as noites aqui só para ficar com o brasileiro. Aposto que ele deve detestar ficar trancado naquele chalé o dia todo, mas hoje irei reconpensá-lo! Afinal, ele esteve se comportando tão bem! Ele não tentou gritar ou fugir. Apenas aceitou tudo que eu fazia de bom grado.
Isso me faz ter esperanças em nosso futuro juntos...

Estacionei o carro em frente a entrada da trilha oito. Tirei o cinto, peguei a lanterna que estava no porta luvas e saí dali de dentro.

É hora de caminhar!

Pov. Brasil

Estou na metade do primeiro livro do Sherlock Holmes. Degustando cada palavra ali escrita, me permitindo mergulhar em um mundo fantasioso e fugir da realidade amarga. Terminei de ler o capítulo e então repousei o livro em meu peito. Dei um suspiro pesado e fiquei olhando para o teto da sala. Os dias aqui estão sendo extremamente chatos e entediantes. Canadá fica um dia aqui comigo e no outro não, por causa de seu trabalho. Eu pensei em fugir em um dos dias em que fico sozinho. Porém eu prefiro continuar com o meu plano. Vou me comportar até conquistar a confiança do avermelhado e ele me deixar sair do chalé. Quando isso acontecer eu quero fazer questão de testemunhar contra ele no tribunal! Mas de fato tudo está ocorrendo como planejei, e tentar fugir só estragaria tudo. Onde muitos vêm uma oportunidade, eu vejo o perigo.

Me assustei com o som da porta sendo destrancada. Me sentei no sofá com o livro agora no meu colo. A porta se abriu e a figura do canadense em seu uniforme se revelou. Ele entrou no chalé e junto dele alguns feixes de luz que vinham do pôr do sol lá fora. Ele fechou a porta e a sala voltou a ficar escura. Deixei o livro em cima da mesa de centro, me levantei e ele se virou para mim.

Can: senti saudades, honey! - ele disse sorrindo e veio até mim, logo me segurando pela cintura.

Bra: oi... - eu respondi fraco enquanto olhava em seus olhos, que por sua vez adquiriram uma expressão de preocupação com um pouco de culpa.

Can: ah, me desculpe, Bra! Eu sei que não gosta de passar o dia todo trancado aqui e sozinho... - ele começava a se desculpar. - Mas hoje eu irei te preparar um jantar especial para compensar o tempo que ficamos longe um do outro!
- o norte americano exclamou e seus olhos se iluminaram em alegria. Eu sorri em resposta. Estava verdadeiramente feliz, pelo menos vou comer algo bom. Esses dias que fiquei sozinho nem me importei em cozinhar de verdade, meu ânimo está destruído. Apenas devorava os biscoitos e os lanches que estavam guardados.