Pov. Canadá
Já era meu dia de ficar na reserva novamente. Será a melhor sexta-feira da minha vida! Eu terminei de escrever os relatórios e então descansei as costas na cadeira. Suspirei profundamente. Me sinto tão ansioso!
Bel: Can! Eu vou ter que ir embora mais cedo hoje, vou ter uma consulta médica. Tudo bem pra você? - o belga me perguntou.
Can: é claro! Pode ir tranquilo! - eu o respondi sorrindo.
Bel: valeu Can! Até amanhã! - o belga saiu pela porta me deixando sozinho ali dentro. Pelo visto eu dei muita sorte hoje!
Olhei para o relógio na parede e os ponteiros marcavam 15: 20. Falta pouco para o Brasil chegar. Me levantei da cadeira e fui até o pequeno quarto de descanso. Me agachei e tirei de baixo da cama uma bolsa esportiva preta. Abri e conferi se tudo que preciso está lá dentro. Com isso, eu fui lá para fora esperar pelo latino.
Dentro de uns sete ou dez minutos, o brasileiro passou correndo e acenou para mim. Eu sorri para mim mesmo. Voltei lá pra dentro e peguei a bolsa. Fui pro carro e coloquei tudo na traseira. Esperei mais alguns minutos para garantir que ele não me visse e então comecei a dirigir para a trilha oito.
O brasileiro já devia ter entrado na trilha. Desci da picape e dei a volta. Abri o tampo e deixei lá o meu chapéu. Peguei a bolsa verde escura e abri. Tirei a espingarda, que não é realmente uma. É um atirador de dardos, que é muito parecido uma espingarda, quase igual. Depois o cinto de dardos, o qual eu prendi em volta da cintura. Peguei o frasco de tranquilizante e um dos dardos. Nele eu coloquei a quantidade necessária pra apagar uma pessoa, e deixá-la inconsciente por um bom tempinho. Fiz o mesmo com outros cinco e então coloquei de volta no cinto.
Fechei o porta malas e comecei a andar em direção a trilha.Entrei pela floresta, caminhando ao lado da trilha, porém escondido na vegetação. Continuei caminhando por um bom tempo e não vi o esverdeado. Ele deve estar mais para o final. Dei continuidade aos meus passos mas parei depois de alguns minutos. Acho melhor esperar ele passar. Me agachei e me escondi atrás de um grande arbusto em meio às árvores, porém que dava uma ótima visão daquele trecho da trilha. Coloquei um dardo dentro da espingarda e agora é só esperar.
O céu estava ficando mais escuro. Não do mesmo jeito que fica ao anoitecer. Mas como se estivesse pronto para chover. Jogando uma luz meio cinza e azulada ao mesmo tempo sobre o lugar, o deixando mais escuro. O que não é incomum devido ao clima daqui, afinal o inverno está cada vez mais próximo. De repente ouvi passos ao longe. Rapidamente tirei a trava e me posicionei. Coloquei o olho direito na mira e esperei em prontidão. Assim que o brasileiro começou a ficar mais próximo, eu comecei a acompanha-lo com a mira, esperando o momento perfeito. Como um caçador observa um cervo. Assim que as árvores o deixaram de cobrir eu puxei o gatilho e o dardo foi disparado. Ouvi um barulho e tirei a arma da frente do rosto. Vi o brasileiro caído no chão. Eu o havia acertado bem no pescoço.
Saí de trás do arbusto sorridente e fui até ele. Parei em sua frente e seus olhos continuavam abertos. Ele estava terminando de perder a consciência e eu me agachei até seu nível.
Can: fique tranquilo meu querido, eu não vou te machucar! - eu falei enquanto passava os dedos em sua face e ele fechou os olhos. Tirei o dardo de seu pescoço e o devolvi ao cinto.Eu encarei o sulista em minha frente. É como se toda a minha existência tivesse sido reduzida a esse momento. Como se esse fosse meu propósito. Ele fosse meu propósito. Sinto como se algo maior houvesse escrito nosso destino nas estrelas e estava apenas esperando que eu o cumprisse.
Coloquei a espingarda nas costas e levantei o esverdeado no estilo noiva. Continuei na trilha e quando cheguei no fim entrei na floresta. O silêncio era cortado pelo som dos meus passos e uivo do vento gelado. O céu ficava mais escuro com o passar do tempo, mas não dei muita importância ao fato. Depois de uma boa caminhada, cheguei no chalé.
Deitei o sulista no chão e tirei as chaves do bolso. Abri a porta e o segurei em meus braços novamente. O levei até o andar de cima e o deitei na cama do quarto que havia reservado para ele. Fui até o armário e de lá tirei as algemas que havia deixado ali faz uns dias. Prendi suas mãos e pés nas barras de ferro que ficavam nas duas extremidades da cama. Esvaziei os seus bolsos e guardei seu telefone e a chave de seu carro no bolso da calça do meu uniforme. Olhei para ele por mais alguns segundos e então saí do quarto.
Tranquei a porta do chalé e refiz o caminho pelo qual eu vim.
》》》Quebra de tempo《《《
Olhei para o veículo preto em minha frente que pertence ao esverdeado. Suas duas placas estavam em minhas mãos. Dei alguns passos na direção contrária e abri o tampo da traseira da picape. Guardei as placas dentro da bolsa e depois conectei o guincho do meu carro com o dele. Entrei e comecei a dirigir.
A estrada estava totalmente deserta. No interior do carro o silêncio reinava absoluto. Liguei o rádio para me distrair um pouco e então voltei a prestar atenção no volante. Um chiado começou a sair do rádio, mas logo uma música começou a tocar. Era antiga. E pela interferência não deu pra reconhecer logo de cara. Mas ouvindo atentamente eu reconheci a melodia. "Dream a little dream". Minha mãe costumava cantar essa música. Me lembro de vê-la cozinhar enquanto cantava a letra quando era mais novo.
As memórias que estavam enterradas ocuparam a minha mente. Só percebi que havia chegado quando vi a placa de "ferro velho". Entrei no lugar e dirigi no meio das pilhas de peças de carros. Fui até o final do lugar e quando achei que estava bom, desci do carro. Deixei o carro preto alí, mas antes verifiquei se não havia nenhum pertence do Brasil. Apenas tirei alguns papéis e outras coisas que estavam no porta luvas, tirando isso estava vazio. Nem preciso me preocupar com as digitais, já que luvas fazem parte do meu uniforme. Voltei pro meu carro e deixei as coisas no banco do passageiro.
Dei ré e saí de lá. Voltei pra estrada e comecei a dirigir a caminho da reserva.
Mas no trajeto eu parei para me livrar do celular. Pisei em cima por segurança e fui embora.☆Quebra de tempo☆
Já eram as 2:15 da manhã. Não pensei que fosse demorar tanto assim...
Eu queimei todos os papéis e guardei as chaves do carro e os outros pertences do Brasil em uma caixa, a qual está guardada no armário do meu "novo quarto".
Voltei pra dentro do chalé e fui pro andar de cima. Amanhã é sábado. Eu folgo apenas no domingo, quando a reserva está fechada. Teria mais dias de folga, mas só tem eu e o belga para cuidar daqui. Abri a porta do quarto e fui em direção a cama. Olhei para o anjo acorrentado em minha frente e suspirei. Mal posso acreditar que ele está aqui! Verifiquei seu pulso e se estava bem preso. Provavelmente vai levar mais um bom tempo para que acorde. Talvez até um dia! Afinal o tranquilizante que usei nele foi feito para derrubar até um urso pardo. Mas se aplicado na medida certa não é letal. Olhei para ele mais uma vez e tranquei sua porta. Desci as escadas e fui embora do chalé.
Estou muito cansado.
Mas vai valer a pena...
☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆
Espero que tenham gostado!
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É isso! Beijinhos✨✨✨
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🌲Animals🌲
Fiksi PenggemarUm tímido guarda florestal acaba se apaixonando por um dos visitantes da reserva em que trabalha. E agora estará disposto a fazer o impensável por seu grande amor... ~~ Querido, estou caçando você hoje à noite! ...