Pov. Brasil
Eu voltei pra casa e tirei os tênis. Os deixei na porta como sempre faço e subi pro meu quarto. É estranho morar em uma casa enorme e não dividir com ninguém. Mas gosto do sossego que tenho aqui. Eu sou executivo de uma grande empresa, mas passo a maioria dos dias trabalhando de casa. Preciso de um banho...
Peguei minha toalha, minhas roupas e fui pro banheiro. Entrei debaixo da água gelada. Perfeita para relaxar o corpo. Correr me faz bem, e como gosto de estar em contato com a natureza a reserva é o lugar perfeito para mim. Eu moro meio afastado da cidade, então chegar lá não é um problema. O lado bom de morar mais longe é que não tenho vizinhos para me perturbar.
Posso colocar três caixas de som no último volume e ninguém vai reclamar.Depois de ter terminado meu banho, eu desci pra sala de estar. Sentei no sofá e peguei o livro que estava lendo. Por algum motivo o rosto do guarda de hoje mais cedo apareceu na minha cabeça. Admito que ele era realmente muito fofo. Seus dentinhos da frente eram separados, seus olhos eram verdes e suas bochechas eram cobertas por adoráveis sardinhas. Tinha um belo corpo, à propósito. Aquele uniforme ficava ótimo nele! Afastei esses pensamentos e voltei a me concentrar na leitura.
Pov. Canadá
O rapaz de pele verde esmeralda se recusava a sair de meus pensamentos. Por mais que eu tentasse expulsa-lo, sua face voltava a minha mente de forma tão rápida quanto uma bala.
Fiquei me revirando no colchão de solteiro que temos aqui no chalé da guarda. Hoje eu vou ficar de vigia. Me levantei e coloquei o meu casaco. Fui pra varanda e fiquei olhando o céu noturno. Fico perplexo com a beleza que existe nesse universo. Seja lá o quê criou tudo isso, fez com tamanha perfeição. As estrelas reluzentes no meio do céu escuro me lembravam do brilho dos olhos do Brasil. Essa vista é de fato, mais um dos privilégios que tenho. Fico olhando a mesma paisagem de hoje de tarde. A noite me traz uma sensação boa. É como um aconchego, ou uma familiaridade. Faz com que eu me sinta leve.
Assim como o Brasil fez eu me sentir...
Será que ele virá amanhã? Espero que sim... O desejo de encontrar com aqueles olhos cintilantes e ver seu sorriso magnífico está ficando incontrolável. Sinto como se não valesse a pena estar neste mundo se não for para tê-lo aqui também...
A brisa gelada da noite soprou em meu rosto, fazendo meus cabelos vermelhos voarem. Acho melhor voltar lá pra dentro antes que eu pegue um resfriado.
☆Quebra de tempo☆
Eu, Noruega e Bélgica passamos quase o dia todo tentando achar a mãe do cervo. Mas não encontramos nada. Talvez ela tenha sido atacada por uma matilha de lobos. E na pior das hipóteses, um urso. Pelo menos o filhote está a salvo. Austrália ligou hoje de manhã para dizer que estava tudo bem com ele. Mas que iriam mante-lo na clínica por mais uns dias, apenas para ver se ele não tem nenhum outro problema de saúde que possa comprometer sua sobrevivência na natureza. Embora um filhote sem mãe para protege-lo não vá durar muito tempo sozinho lá fora. Talvez não tenha como devolve-lo a natureza.
Eu saí para tomar um ar fresco do mesmo jeito que fiz ontem. Esse hábito faz parte da minha rotina. Me ajuda a ficar disposto e mais concentrado. Olhando para a paisagem eu vi a figura do brasileiro andar em direção ao chalé. Eu ajeitei a postura e o rapaz veio falar comigo.
Bra: boa tarde, Canadá! - ele lembrou meu nome?!
Can: boa tarde pra você também, Brasil! - eu lhe dei um sorriso simpático, o qual ele me retribuiu.
Bra: está tudo bem com o filhotinho?
Can: está sim! Minha irmã ligou hoje cedo pra avisar que ele está bem!
Bra: Irmã? - ele perguntou um pouquinho confuso.
Can: ahh, é... minhas irmãs tem uma clínica veterinária aqui perto, que cuida de animais silvestres. Então sempre que temos um problema por aqui são elas que ajudam!
Bra: então sua família também é ligada a natureza! - ele supôs animadamente.
Can: na verdade só eu e minhas irmãs... meus pais curtem mais o estilo de vida urbano, assim como meu irmão. - eu lhe dei a devida explicação.
Bra: uau! Canadá, você é realmente muito interessante! - ele disse dando um enorme e lindo sorriso aberto. Senti meu coração pular dentro do peito e minhas bochechas esquentarem.
Can: o-obrigada! - eu falei tímido.
Bra: bom, quem sabe você me conta mais. Até depois, Canadá! - ele disse e saiu correndo de volta para a trilha. Fiquei curioso pra saber qual dos caminhos ele pega.
Por sorte hoje é minha vez de fazer a ronda de inspeção! Fui lá pra dentro e avisei a Noruega que iria fazer a vistoria e peguei as chaves da picape. Fui pro carro e comecei a dirigir na trilha principal. Não vi o brasileiro no caminho. Ele é realmente rápido!
☆Quebra de tempo☆
Passei por várias das trilhas, mas não o encontrei. Será que ele já foi embora? Bom, só tem mais um caminho pra olhar...
Parei o carro no começo da trilha e desci. Esse caminho é mais estreito, não tem como passar com um carro sem danificar. Além disso ela é a trilha mais longe da entrada da reserva. Também é a mais longa e a que mais entra na floresta. Eu comecei a andar enquanto observava os arredores. No meu primeiro ano de serviço, quando eu estava fazendo minha terceira ronda sozinho, eu saí dessa trilha. Bélgica e Noruega ainda nem trabalhavam aqui naquela época. A floresta é bem densa, é fácil se perder. Eu tinha ficado desesperado! Mas entrando mais afundo na floresta, eu achei um antigo posto da guarda. Por dentro ele estava bem conservado, mas o lado de fora já havia sido tomado pela natureza. Por sorte no final eu consegui achar o caminho de volta. A situação foi tão desesperadora e traumatizante que eu nunca me esqueci de nenhum passo que dei enquanto estava dentro da mata. Nunca contei isso pra ninguém... Voltei a realidade e me concentrei no que estava fazendo. Mais à frente eu vi o rapaz esverdeado sentado em um grande tronco caido.
Bra: você está me seguindo, por acaso? - ele me perguntou com um sorrisinho.
Can: o-o quê?! N-não! D-de modo a-algum! - eu senti o sangue ir para as minhas bochechas. É impressionante como ele consegue me deixar extremamente tímido e nervoso.
Bra: relaxa, eu só estou brincando! Senta aí! - ele se referia ao tronco. Ainda nervoso eu me sentei ao seu lado e ele me olhou. - então, por quê quis ser guarda florestal?
Can: ahh, sempre gostei de estar na natureza, então esse era o trabalho perfeito pra mim! - eu respondi animado e ele sorriu. Senti meu nervosismo diminuir e reuni coragem para lhe fazer uma pergunta. - e você? Trabalha com algo?
Bra: bem, eu sou executivo de uma empresa! - nossa! Eu nunca diria que ele tem um cargo desses! Quando penso em um executivo, um cara sério e de terno vem na minha cabeça, mas Brasil é totalmente o oposto. - é eu sei que não me pareço com um! - ele riu soprado.
Can: você também é muito interessante, senhor Brasil! - fiquei feliz ao perceber que falei de uma forma bem confiante com ele.
Bra: está ficando tarde... Acho melhor voltar pra casa! - ele disse enquanto olhava o relógio de pulso.
Can: quer que eu te leve até a entrada? - eu gentilmente ofereci.
Bra: que isso! Não precisa se incomodar!
Can: não é incômodo algum! - eu sorri para ele na tentativa de convencê-lo.
Bra: então acho que aceito sua carona! - ele sorriu para mim e eu automaticamente fiz o mesmo. Nós nos levantamos e caminhamos até o carro. Fomos conversando no caminho. Ele é bem curioso. O esverdeado me perguntava sobre meu trabalho e os animais que vivem por aqui, e eu lhe respondia com um enorme prazer. Logo chegamos na entrada da reserva. Ele se despediu de mim com um belo sorriso simpático, que me deixou extasiado.
Contente com o dia de hoje, dirigi de volta para o posto.
Mal posso esperar para vê-lo novamente...
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Espero que tenham gostado!
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É isso! Beijinhos✨✨✨
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🌲Animals🌲
Fiksi PenggemarUm tímido guarda florestal acaba se apaixonando por um dos visitantes da reserva em que trabalha. E agora estará disposto a fazer o impensável por seu grande amor... ~~ Querido, estou caçando você hoje à noite! ...