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Pov. Canadá

Mais uma vez parado na varanda olhando a paisagem. Ou melhor, esperando ver o brasileiro passar. Faz pouquíssimo tempo que nos conhecemos, mas sinto um enorme carinho pelo esverdeado.

Meus olhos que antes fitavam as montanhas ao fundo avistaram a imagem do brasileiro correndo em direção ao posto. Instantaneamente sorri, e senti uma alegria imensa me preencher.

Bra: boa tarde, Canadá! - o brasileiro me cumprimentou sorridente. - teve muito trabalho hoje?

Can: nah, só papelada mesmo! - eu o respondi normalmente.

Bra: conseguiram achar a mãe do filhote de cervo? - ele me perguntou esperançoso.

Can: infelizmente não... - ele ficou um tanto cabisbaixo com isso. - mas minha amiga está procurando agora mesmo!

Bra: e o quê vai acontecer com ele se não encontrarem a mãe? - o de olhos castanhos indagou preocupado.

Can: provavelmente vai ser levado para um santuário de animais. Não iria sobreviver sozinho. Ele ainda é muito novo, não deve ter aprendido a se virar. - eu o expliquei.

Bra: bom, boa sorte nas buscas! A gente se vê! - ele se despediu de mim e foi correndo para a trilha principal. Não pude deixar de reparar em seus cabelos voando com o vento.

Voltei a prestar atenção na paisagem diante de meus olhos. Pensando sobre meus sentimentos. Nunca na minha vida havia me sentido dessa maneira. Nem mesmo com Ucrânia! O Brasil faz eu me sentir completo, como se não precisasse mais de ar para respirar, nem sangue a pulsar no meu coração. Apenas ele...
Me sinto um louco pensando essas coisas. Mas não consigo evitar...
Meus pensamentos foram cortados pelo som do meu rádio. Eu o peguei e recebi a chamada.

Nor: Can, eu acho talvez tenha achado a mãe do cervo!

Can: ótimo! Onde você está?

Nor: perto da trilha número cinco, depois do Carvalho do amor!

Can: ok, eu já estou indo! - com isso desliguei o rádio e o coloquei de volta no lugar. Fui pra picape e então comecei a dirigir a caminho da trilha cinco.

Depois de uns cinco minutos eu parei o carro em frente ao Carvalho do amor. Ele tem esse nome pois em seu tronco há um desenho quase perfeito de um coração nas manchas da madeira. Desci do carro e caminhei por alguns metros, até que vi Noruega ao lado de uma corça morta. Cheguei mais perto e vi que o cadáver estava totalmente dilacerado. Provavelmente foram os lobos...

Nor: a quanto tempo será que está morta? - a europeia me perguntou curiosa.

Can: não sei. Talvez tenha sido atacada hoje cedo, o sangue ainda está meio fresco... - eu respondi enquanto meus olhos continuavam grudados na carcaça. - vamos enterrar ela! - eu disse e a norueguesa acentiu com a cabeça. Fiz o caminho de volta até o carro e da parte de trás eu peguei duas pás. Guardo algumas ferramentas que podem ser úteis no porta malas, afinal nunca se sabe quando irá precisar. Voltei para onde está a garota e lhe entreguei uma das pás. Nós puxamos a carcaça mais adentro da floresta e começamos a cavar.

☆Quebra de tempo☆

Eu saí para a varanda novamente. Chequei as câmeras de segurança da entrada e o Brasil ainda não foi embora. Significa que ainda posso falar com ele.

Continuei esperando por um bom tempinho. Já estava ficando impaciente quando finalmente avistei o brasileiro andando na trilha principal. Corri até ele o mais rápido que pude.

Can: oi Brasil! - o cumprimentei tentando disfarçar minha animação.

Bra: ah oi! Acharam alguma coisa? - ele me perguntou sorrindo.

Can: é, nós achamos sim... infelizmente o cervo não vai poder voltar para a reserva.

Bra: nossa! Isso é realmente uma pena! Estava torcendo pra que a mãe dele estivesse bem... - ele novamente ficou cabisbaixo.

Can: ei, não fique triste! Se você não tivesse ajudado o filhote provavelmente ele também estaria morto agora. É graças a você que ele está bem! - eu disse na tentativa de anima-lo. E pelo visto consegui. Seu olhar se alegrou e o mesmo ocorreu com seu rosto. Não havia percebido o quão próximos estávamos. Meu coração pulava e olhávamos nos olhos um do outro. Mas infelizmente nosso momento foi cortado pelo beep do relógio dele.

Bra: preciso ir! Até amanhã Canadá! - ele se despediu e eu dei tchau com a mão.

Fiquei observando sua figura ir embora e algo como um instinto tomou conta de mim. Fui pra picape, entrei e dei partida. Comecei a dirigir para a entrada da reserva e peguei meu rádio. Avisei Bélgica que iria pra casa mais cedo, pois tinha coisas pra resolver. O que era uma total mentira. Assim que cheguei na entrada, pude ver o carro do esverdeado saindo do estacionamento. Eu pisei no acelerador e comecei a segui-lo.

Depois do que presumo terem sido dez ou quinze minutos, vi o carro preto entrar em um portão a direita. Depois de alguns segundos eu acelerei e então estacionei em frente ao portão. Por entre as barras eu avistei uma enorme casa. Fiquei impressionado! Ele tem muito bom gosto! Mas não entendo o motivo de alguém tão extrovertido e animado como ele viver tão afastado. Talvez ele só queira tranquilidade!

Saí do carro dei a volta no muro. Ele entrava dentro da Mata que havia em volta da casa. Espero que não tenha câmeras de segurança aqui. Parei quando vi uma árvore, cujo um dos galhos encostava no muro, praticamente formando um jeito de passar. Escalei o tronco e subi até o galho. De lá dava para ver a casa inteira. E um pouco de seu interior também, já que as paredes da frente são feitas de vidro. Eu estava prestes a pular, mas tomei consciência novamente. Se eu entrar lá, não vou ter como sair. Acho melhor ficar no galho hoje.

Fiquei observando a figura distante do brasileiro em sua sala, possivelmente assistindo algo na TV. Incontáveis coisas se passaram pela minha cabeça. Acho que estou ficando louco...
Percebi que o céu já estava escuro. É melhor eu ir pra casa. Com muito cuidado eu desci da árvore e voltei para o carro. Estou me sentindo um esquisito  que gosta de invadir a privacidade dos outros. Não sei se gosto disso. Talvez seja melhor parar...

Dei partida e comecei a dirigir para minha casa. Também moro afastado, mas nem tanto quanto o brasileiro. Sua casa fica relativamente longe da minha.
Assim que cheguei, tirei todo o uniforme e fui pro banho. Quando terminei fui direto para a cama. Deitei e apaguei a luz. Fico pensando no garoto de pele verde. Como eu adoraria que ele estivesse ao meu lado neste instante... queria sentir seu calor em contato com minha pele. Ouvir sua voz me chamar pela manhã. Poder beija-lo e tê-lo para mim. Com isso, os mesmos pensamentos que tive mais cedo voltaram a rodear minha mente.

Minha consciência diz que não, mas o meu desejo grita em alto e bom tom que sim...

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