Capítulo 3

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- O começo do espetáculo -

Estar de volta ao Ministério da Magia era quase como estar de volta à cena de um crime. Aurora se via diante do mesmo extremo saguão suntuoso, o assoalho de madeira escuro e extremamente polido reluzia suas feições tensas.

Não havia nenhum resquício da destruição que ocorrera durante a batalha. Nada que mostrasse o fracasso do Ministério. A fonte com estatuas de ouro fora restaurada, onde dois bruxos, um centauro, um duende e um elfo doméstico estavam dispostos no centro de um espelho de água circular. Das pontas de suas varinhas, saíam jorros de água cintilante, bem como da ponta da flecha do centauro, da ponta do chapéu do duende e de cada orelha do elfo doméstico.

— Vamos, vamos! — apressou-se o Sr. Weasley.

Aurora não havia percebido mas seus passos estagnaram diante da multidão, o coração retumbando no peito. Não haviam apenas os funcionários do Ministério ali, carregando pilhas intermináveis de pergaminhos. Mas também vários jornalistas e pessoas curiosas, que cochichavam e apontavam para ela. Provavelmente a informação sobre as audiências havia vazado, e como um enxame de abelhas, os jornalistas se aproximaram, gritando e fazendo perguntas desesperadas:

— Aurora Black, o que você tem a dizer a respeito das acusações?

— Você vai ajudar na investigação?

— A família Black é realmente amaldiçoada? Porque todos tiveram aquelas mortes estranhas?

O barulho do caos somado aos flashes das câmeras deixaram Aurora desorientada, ela se preparara para os olhares e murmurinhos mas aquilo não estava em seus planos. Rapidamente, Arcturus se pôs ao seu lado, agarrando sua mão, enquanto Remus e o Sr. Weasley tentavam abrir caminho diante a multidão furiosa.

— Como Sirius Black foi morto? Vocês sabiam do paradeiro dele e o esconderam?

— O garoto também está sendo acusado? E o que ela fez?

— Estão aliados com Você-sabe-quem.

— É verdade que a família Black só tem relações incestuosas?

Aurora fez uma careta, tropeçando diante da audácia. Ela esticou a mão para bloquear os flashes, tentando se controlar para não dar um safanão nas câmeras.

— Não diga nada. — ordenou Arcturus. — Não fale uma única palavra.

Como se ela tivesse tal intenção, pensou Aurora, com ironia. Draco havia explicado que aquela era uma técnica recorrente em julgamentos. Os jornalistas muitas vezes eram contratados para fazerem perguntas sensacionalistas, invadir o espaço pessoal e agir de qualquer forma que possa levar o julgado a perder o controle. A imagem é o que importava e eles queriam um verdadeiro show.

Aurora seguiu o Sr. Weasley por um arco de ouro que separava os visitantes dos funcionários. E a multidão se dispersou, focando a atenção na outra família que acabava de sair da lareira de deslocamento. Eles continuaram andando até um saguão menor, onde havia no mínimo vinte elevadores por trás de grades douradas ornamentadas.

Ao entrar num dos elevadores, a lembrança a atingiu como um soco no estômago. As imagens daquela noite infiltraram seus pensamentos, uma após a outra, conforme os andares diminuíam. Estava vivendo a mesma tragédia de novo. Sozinha, impotente, enquanto enquanto Sirius morria diante dos seus olhos.

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