Capítulo 9

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- O acordo -

— Eu vou matar ele. — grunhiu Aurora, avançando pela escadaria principal para fora das masmorras.

Depois da explosão, todos os alunos foram expulsos da sala de Slughorn, e agora subiam de volta para o Salão Principal, lançando olhares irritadiços na direção Aurora e Draco Malfoy.

— Pense pelo lado bom. Você com certeza vai entrar para história. — comentou Pansy, rindo. — detenção no primeiro dia de aula é um feito memorável.

— Pans, fique quieta. — suspirou Daphne, como uma professora escolar lidando com uma criança indisciplinada. A morena revirou os olhos.

— Só estou tentando ajudar.

— Essa era minha chance. — continuou Aurora, num tom mordaz. — talvez a única chance, de provar que não sou aquilo que os outros dizem e conseguir um lugar nesse maldito clube. E ele simplesmente... urgh.

Ela não conseguia sequer completar a frase. Se já sentira tanto ódio de Malfoy igual ao que sentia agora, não conseguia se lembrar. O que ele tinha feito era agravante. Atrapalhar a vida acadêmica um do outro ultrapassava todos os limites não estabelecidos.

— Garanto que Slughorn nem se lembrará disso daqui uma semana. Você é ótima em poções, vai conseguir. — a loira virou-se para ela com um sorriso triste. — Sinto muito pela que aconteceu lá. Sinto mesmo. Aquilo deve ter mexido com você...

Aurora ficou em silêncio e desviou o olhar. Sabia que Daphne não estava se referindo a briga com Malfoy ou a detenção. O vômito subiu pela garganta , borbulhante e pastoso. A humilhação que havia passado na frente de todas aquelas pessoas...

— Obrigada, Daph. Encontro vocês mais tarde, ok?! — e sem esperar por uma resposta, acelerou os passos até o banheiro mais próximo. Embora a raiva fosse como um narcótico em sua mente, era impossível ignorar a dor que fazia o mundo oscilar sob seus pés.

Ela sabia que o luto fazia coisas estranhas com as pessoas, mas aquilo... a capacidade de talvez nunca mais amar?! A perspectiva de ser para sempre uma pessoa falha, como uma boneca defeituosa e quebrada?!

Aurora podia ser boa em fingir não se importar, mas não significava que gostava de fazer isso. Tudo era demais para assimilar, e a sensação do vazio era forte e pungente, rasgando-a por dentro.

Felizmente o banheiro estava vazio, e ela entrou numa cabine qualquer, deslizando até o chão, a respiração cada vez mais rápida. Suas mãos começavam a formigar como se agulhas roçassem sua pele. Seu peito parecia comprimido como se estivesse sendo esmagado.

A mente dela voltava até os últimos momentos com Sirius, os quais não dera o devido valor. Ela devia ter gravado melhor o som de sua risada, a sensação de seu abraço, a cor exata dos seus olhos. E o fato de que nunca mais poderia vê-lo... de que as coisas nunca voltariam a ser como eram...

Aurora abraçou as próprias pernas, ofegando, o corpo inteiro tenso de dor, o ar congelado em seus pulmões, sem que nada entrasse nem saísse. Ela tinha a sensação de que poderia morrer a qualquer segundo. De que havia uma cavidade enorme aberta entre suas costela.

Ela levou o antebraço a boca e mordeu até sentir o gosto do sangue. E então, tão rápido quanto chegou, a sensação se foi. Como se tivesse sido levada por uma rajada de vento. Aurora fechou os olhos e escondeu o rosto entre as palmas das mãos, suspirando e tentando segurar as lágrimas.

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