Aveta permanecia inquieta, observando o céu claro pelo vidro que era estampado por alguns grãos de poeira. Podia sentir o cheiro que dançava do ar, notas de amêndoa e laranja deslizavam através do espaço.
— Estou pronta — disse a comandante, saindo do banheiro de seu quarto enquanto secava os cabelos longos com uma toalha de algodão. — Com quem acha que deveríamos falar primeiro?
— Wictoria.
Valentina revirou os olhos.
— Tyliard também deveria saber — ela disse, abandonando a toalha sobre a cama e calçando as botas altas.
— Ele pode ser o Ás. — Aveta mirou a comandante. — É improvável, mas não podemos deixar que mais pessoas saibam.
Valentina ergueu as sobrancelhas, concordando, sem ter muitas opções.
— Vamos — disse a comandante, colocando-se de pé.
As duas deixaram o quarto da moça e seguiram até os aposentos de Wictoria. A ruiva, quando teve a visão das duas figuras femininas em sua porta, franziu o cenho e deu um passo para trás.
— Aconteceu alguma coisa? — questionou.
— É meio óbvio — respondeu Valentina.
— Perguntei à minha superior, não a...
— Não estamos com tempo para se alfinetarem — disse a princesa, notando o clima odioso entre as duas. — Precisamos conversar com você.
— Entrem — pediu a general, dando espaço para que passassem.
Assim que se acomodaram nas extremidades entre as quatro paredes, uma delas decidiu iniciar a conversa.
— Tenho suspeitas sobre quem está por trás dos ataques — Aveta começou.
— Pode dizer, estou ouvindo. — Wictoria projetou o pescoço para frente, mostrando que estava atenta ao que quer que fosse dito.
— A pessoa que está por trás dos ataques, é alguém próximo. Alguém que conhece o reino de Lidium como a palma das mãos. — Aveta parecia desconfortável em dizer aquilo na frente de Valentina.
— O que foi? — perguntou a comandante, ao perceber a testa franzida em sua direção. — Não acha que eu posso estar pro trás disso, não é? — Soltou uma risada curta.
— Qualquer pessoa pode — Wictoria interveio. — O que vamos fazer, alteza?
— No momento, nada. É hora de observação — disse Aveta, pensativa. — Mas temos que começar a nos preparar. Valentina, você tem algum soldado de confiança? Alguém que morreria por Lidium, sem pensar duas vezes.
A comandante pousou os olhos expressivos sobre a linha do piso e anuiu, mordendo a parte interna da bochecha.
— Todos — Tombou a cabeça para o lado —, mas existem uns dois ou três que sacrificariam a própria família pelo reino... Por mais doentio que isso pareça — completou em sussurros.
— Wictoria — Aveta chamou. — Preciso que me ajude em uma coisa, mais tarde.
— Estou às ordens, alteza.
— Tyliard parece interessado em você, general — disse a princesa.
Valentina alternou o peso entre as pernas e soltou o ar pela boca, discretamente.
— Impressão sua — disse a comandante.
A general riu. As mechas ruivas, soltas em caracóis sobre as bochechas, penderam para frente enquanto ela molhava os lábios.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Jogo Da Realeza - Lidium (Livro 2)
RomansATENÇÃO: Este livro é a continuação de O Jogo Da Realeza. A leitura desta obra depende da leitura do volume 1, disponível aqui no perfil. O jogo nunca acaba. Os adversários se modificam, se adaptam e são substituídos. A estratégia muda. Quem perd...