O som dos pássaros assustados demonstrava que eles não eram os primeiros a passar por aquele espaço. Os três caminhavam com cuidado, era certo que o número de animais peçonhentos que rastejava por ali era tão grande quanto a quantidade de espécies frutíferas espalhadas por todos os cantos.
Mesmo a quilômetros do mar, que era a paisagem principal das janelas do Palácio de Mármore, era possível sentir o cheiro da maresia e a brisa que o oceano carregava. As copas densas escondiam o brilho do astro rei, que teimava em deixar ainda alguns feixes esbarrarem no solo. Pé ante pé, o trio avançava mata adentro, sem muito dizer. As motocicletas utilizadas pelos três foram abandonadas na entrada da primeira trilha. O espaço era muito estreito para que passassem.
— Sabe mesmo para onde estamos indo?
— Eu moro aqui há anos, general — disse Valentina, movendo o pescoço para os lados em ironia, quando pronunciou a última palavra. — Estaríamos perdidos se dependêssemos do seu conhecimento.
— Valentina! — Tyliard a repreendeu.
Wictoria encarou o rapaz de soslaio e balançou a cabeça, pedindo que ele se calasse. Demonstrava que não era o melhor momento para ceder às implicâncias.
— Ouçam — Wictoria parou —, são passos.
— Eu não escutei nada — retorquiu a comandante, desacreditada.
— Você ouviu? — a general virou-se para o agente técnico.
Ele negou.
— Devo ter me confundido.
Valentina bufou e apressou os passos, retirando os cipós que pendiam do alto. Wictoria, por último, sacou o punhal do coldre e preferiu deixar as duas mãos armadas, por precaução. Ela olhava para trás de tempos em tempos, certificando-se de que os passos que ouvira eram apenas fruto do seu estresse.
— É aqui — disse Valentina, embrenhando-se entre dois arbustos baixos.
Os três estavam no topo de um barranco íngreme, em que a terra se desprendia do chão com facilidade devido à chuva forte que acometera o reino nos dias anteriores.
Bem abaixo, era possível observar um buraco cercado de vegetação espinhosa.
— Aquilo é uma caverna? — Tyliard questionou.
— Sim, e de duas entradas, como a princesa disse. — Valentina sentiu o solo com a ponta da bota e as pequenas esferas de terra molhada deslizaram despenhadeiro abaixo. — Temos que descer — ela disse, virando-se para os demais, com os olhos amedrontados.
— Eu vou primeiro, assim vocês duas vão saber onde pisar e se segurar.
Wictoria nem ao menos teve tempo de se opor, quando notou, o rapaz já estava com os dois pés desbravando os primeiros metros da descida.
— Podem vir por aqui — ele disse.
As moças se entreolharam antes de darem os primeiros passos.
Tyliard tinha firmeza, procurava por pedras firmes e espaços onde havia alguma vegetação rasteira para que os pés não escorregassem.
Wictoria foi primeiro, e Valentina a seguiu.
Quando mais próximos pareciam da parte plana, a caminho da caverna, mais instável o solo se tornava. Os corpos já não garantiam a mesma precisão das passadas.
— Ai!
— Cuidado — Wictoria virou-se com rapidez e conseguiu segurar Valentina pelo braço, antes que a moça despencasse —, você está bem?
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O Jogo Da Realeza - Lidium (Livro 2)
RomanceATENÇÃO: Este livro é a continuação de O Jogo Da Realeza. A leitura desta obra depende da leitura do volume 1, disponível aqui no perfil. O jogo nunca acaba. Os adversários se modificam, se adaptam e são substituídos. A estratégia muda. Quem perd...