- Com vocês? Olha, eu não sei o que está acontecendo, e coloco o reino de Salazar à disposição, mas nós dois estamos com a viagem planejada há meses - disse Aveta.
- Nós temos poder bélico e de força física, isso não é necessário - redarguiu Penélope. - Precisamos do pensamento lógico e estratégico de vocês.
- Foram ameaçados? - questionou Laerte.
- Algumas coisas estranhas vêm acontecendo. Coisas que não é prudente que digamos em voz alta - exprimiu Elijah, em murmúrio. - Acompanhamos o jogo da realeza, sabemos que vocês têm muita perspicácia. - O rapaz encarou a princesa. - É um pedido de meu pai que retorne ao Núcleo, alteza - Desviou os olhos a Laerte por dois segundos -, e que traga o príncipe convosco.
A apreensão tomou conta do espaço vago entre os quatro. As expressões foram da alegria imensa ao completo desespero em questão de segundos. A magia do pós-cerimônia foi dissipada pelo pedido aflito dos Nobres de Lidium.
- Comam alguma coisa. Eu vou cumprimentar alguns convidados e chamar o meu pai para conversarmos sobre isso.
- Princesa Aveta, nós achamos que não é prudente alertar o seu pai. Ele pode ficar demasiado preocupado. - Penélope estreitou as pálpebras e molhou os lábios.
- Com todo respeito, duquesa. Durante anos, os segredos foram a base da minha vida. O meu pai se escondeu, eu me escondi - disse a moça, com seriedade e firmeza, apontando para o próprio peito. - Eu não vou mais esconder nada, se querem que eu pense sobre a possibilidade de acompanhá-los até Lidium, conformem-se com as minhas condições - completou.
A saliva guardada durante cada palavra proferida pela princesa escorregou pela garganta de Penélope até desabar em seu estômago. Era amarga e fria.
- Eu concordo - disse Laerte. - O rei deve saber de tudo.
Sem nenhum sinal de que fossem voltar atrás em sua palavra, Elijah e Penélope apenas assentiram. Era claro que o pedido parecia incabível, mas os nobres necessitavam convencer os recém casados a acompanhá-los.
- EU NÃO PERMITO!
- Mas pai, temos uma dívida eterna para com o povo de Lidium.
- Aveta, eu não vou permitir que se coloquem em risco. Acabaram de se casar. - O rei deu a volta, estendendo seu manto vermelho, e pôs as duas mãos na cabeça. - Minha filha, eu quase perdi você uma vez, está fragilizada.
- Sabe que não estou.
Jonathan sacudiu a cabeça e olhou para Laerte.
- Você concorda com isso?
- Eu confio nela. Apesar de achar que vossa majestade tem razão. - Laerte cruzou as mãos, sobre a mesa.
- Que ideia mais absurda. Eu posso ir, posso mandar todos os estrategistas do reino. Mandarei Wictoria!
- A general deve proteger Salazar.
- A general deve ir para onde eu mandar! - redarguiu o rei, deixando Aveta sem resposta.
- E se ela for conosco? Assim terá alguém em quem confia, para nos apoiar. - Laerte tentava demonstrar que estava do lado da princesa.
- Ela vai sozinha. - Jonathan parecia irredutível. - Já perguntou à sua madrinha o que ela acha sobre isso? - Cruzou os braços. - E a John? Perguntou? Eles serão os reis de Salazar. Vocês são Nobres daqui. É bom que a opinião deles valha de alguma coisa.
- Pai, quando você estava correndo risco de vida, quem foi que o acolheu? - perguntou a princesa. - Quando decidiu retomar sua coroa, quem o ajudou? Não acha que chegou a hora de retribuirmos à altura?
Jonathan engoliu em seco, ele não estava preparado para aquela resposta. A respiração do homem, que portava uma coroa dourada cravejada de esmeraldas em sua cabeça, tornou-se mais branda. Os movimentos corporais já não estavam tão agressivos e os olhos lânguidos apenas procuravam uma forma de sentir menos aquele pesar antecipado.
- Eu posso, pelo menos, pedir para que volte para casa, se sentir que está em perigo? - Jonathan aproximou-se da filha, que ainda vestia branco, e segurou em suas mãos.
- Eu prometo que tomarei cuidado, e se eu perceber que algo vai fugir do meu controle, tomarei as devidas providências. - Ela o encarou no fundo dos olhos. - Laerte está comigo, sei que confia muito nele - disse, desviando os olhos para o marido.
- Jonathan, Aveta e eu iremos levar o nome de Salazar para além das fronteiras deste reino - disse o príncipe. - No fim, quando tudo estiver resolvido, não vamos ser reconhecidos apenas pelo jogo fracassado da realeza. Seremos o reino que saiu vitorioso de mais um confronto, seja ele físico ou intelectual.
- Rapaz. Não me interessa nada disso. Eu só quero que cuide da minha filha.
- Eu sei me cuidar.
- PROMETA! - Jonathan esbravejou, com as pupilas fixas nas do genro.
Laerte piscou três vezes, movimentando os as íris na direção da esposa por um segundo, e assentiu antes de dizer:
- Eu prometo, majestade.
- Enfim. - O rei ergueu a cabeça e afastou-se dos dois. - Mandarei alguns soldados com vocês.
- Não é necessário - Aveta retorquiu. - Força física não é o problema em Lidium, além de que chamaríamos muita atenção com uma escolta.
- Então Wictoria irá - treplicou o rei. - E não adianta falar que não precisa. Eu preciso de alguém que esteja sob juramento.
- Mas eu jurei - Laerte disse.
- Você é o marido da minha filha, e é como um filho para mim também. Eu preciso de alguém que seria capaz de dar a vida por vocês, e não que um se sacrifique pelo outro.
Aveta ergueu a sobrancelha esquerda.
- Isso não me parece correto.
- Eu digo o que é correto. Tenho um povo para governar, melhorias a fazer. Preciso recuperar a confiança de Salazar, estiveram nas mãos de Homero por anos, reféns daquela corte corrupta. Eu não quero ter que me preocupar com a sua segurança longe de mim.
Por mais que não quisesse colocar a vida de mais alguém em risco, Aveta sabia que o pai tinha muitas responsabilidades, muitas preocupações. Preferiu acatar o que ele disse, sem questionar ou argumentar.
- Tudo bem, pai. Amanhã, partimos.
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Deu ruim a lua de mel (risos de desespero)
Não esqueçam o votinho maroto haha
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O Jogo Da Realeza - Lidium (Livro 2)
RomanceATENÇÃO: Este livro é a continuação de O Jogo Da Realeza. A leitura desta obra depende da leitura do volume 1, disponível aqui no perfil. O jogo nunca acaba. Os adversários se modificam, se adaptam e são substituídos. A estratégia muda. Quem perd...