Capítulo 3

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O resto do caminho fomos em silêncio, coloquei meu capuz e fiquei olhando pela janela, eu não estava nem aí para o que aquela homem estava pensando de mim. Assim que ele estacionou em frente a pousada, eu já fui tirando o cinto e abrindo a porta, não quis suas ajuda, mas mesmo assim ele entrou junto comigo. Assim que me viu, tia Victoria veio correndo me abraçar, e eu me senti sufocada com tanto aperto.
Tia eu tô bem...está me sufocando - eu disse
Desculpa - ela disse sem jeito
Pronto, está entregue - o tal Christopher disse
Vejo que já conhece um dos meus clientes favoritos - minha tia diz indo comprimentá-lo - agradeço demais por trazê-la.
Não precisa agradecer. Eu fiz mesmo antes de saber que ela sua sobrinha, quando soube, fiz questão de eu mesmo trazê-la - ele disse como se tivesse feito algo importante demais e eu revirei os olhos
Querida, você agradeceu a Chris por ser tão atencioso?

Tia Victoria parece realmente ser fã desse cara, ela o olha com tanta admiração que me fez sentir tédio. Eu agradece de maneira seca e pedi licença, saindo dali em seguida. Antes de subir as escadas ainda consegui ouvir minha tia pedindo desculpas pelo meu jeito e garantindo que não sou assim, são apenas por alguns traumas que passei. Era só o que me faltava, ser taxada como uma maluca traumatizada.
Assim que cheguei em meu quarto, tranquei a porta e andei rápido até minha mala a procura dos meus analgésicos. Tomei dois de uma vez só, sem precisar de água, só queria que essa dor passasse. Decidi mandar uma mensagem para Angelique, minha psicóloga, ela também era militar, e foi ela quem me atendeu quando fiquei internada depois do ocorrido.

{...}

Eu estava vendo algo qualquer na televisão do quarto, quando ouvi duas batidas, e Anahi pedindo que eu abrisse. Assim que abri a porta, ela se agarrou ao meu pescoço, dizendo que quando tia Victoria contou o que houve, ela havia ficado preocupada. Assim que ela me solta, eu fecho a porta e nos duas sentamos na cama, uma de frente para a outra.
Tia falou que você foi bem rude com Christopher. Maninha ele é um homem tão bom, um grande pai e é dono de uma fazenda com vinhedo de vinhos ou seja, os vinhos dele é o mais famoso da cidade - ela diz empolgada
Any eu não tô nem aí se ele tem fazenda, se é rico, se é um bom pai. Tô nem ai quem ele é - reviro os olhos - ele me trouxe, eu agradeci e pronto
Credo, que amargurada - ela faz careta - não gosta mais de homem não é? - ri
Claro que gosto - digo rápido - só não tenho cabeça para isso agora.
Vai dizer que não reparou que ele é um gato?
Não sou cega - respondo - mas faz poucos meses que terminei meu namoro com Ian, estou bem sozinha
Ué e por acaso tô dizendo que você tem que casar? - ri - Dulce você precisa viver, não pode ficar nessa depressão para sempre
Caramba Anahi, você não entende pelo que eu passei - digo com raiva me levantando da cama - vocês nunca vão entender porque nunca estiveram lá
Ei, calma por favor - ela me olha assustada e vem até a mim - desculpa, não queria que ficasse assim - ela pega minhas mãos - você está certa, eu não estava lá, só você sabe da sua dor

Eu concordo com a cabeça e começo a chorar e sou amparada pelos braços da minha irmã. Eu juro que eu não era assim, chorona, frágil e depressiva. Eu não gosto de ser assim, eu odeio me senti perdida mas, as coisas não são mais como antes, eu não sou a mesma Dulce de quatro meses atrás e não sei se um dia voltarei a ser.

{...}

Nos dias que se seguiram, tia Victoria dizia que quando Christopher vinha jantar, perguntava como eu estava. Eu não havia saído do quarto para fazer a refeição na sala de jantar, exatamente porque não queria vê-lo, e nem ninguém. Eu passei duas semana nesse quarto, e de verdade sei que não posso mais ficar assim. A única vez que sai foi para jantar na casa da minha irmã para conhecer Alfonso e acredite, valeu a pena, ver que minha irmã encontrou alguém que a ame e a valorize, e ver que ela realmente está feliz.
É domingo e o sol está brilhando lá fora, e Anahí disse que não iria permitir que eu ficasse trancada nesse quarto e me convenceu de que iríamos andar de bicicleta no parque, e não aceitou não como resposta.
Eu coloquei uma calça legging, uma camiseta larga e um tênis, amarrei meu cabelo em um rabado de cavalo e sai do quarto.
Assim que chegamos no parque, alugamos as bicicletas e fomos andar, Anahi duvidou que eu podia ser mais rápida que ela, então começamos um corrida e é claro que venci. Uma hora depois de estamos brincando enquanto andávamos de bicicleta, pedi que para comer algo. Eu desci da bicicleta e comecei a empurra-la, Anahi dizia algo sobre querer comer algo bem gorduroso mas eu não prestei atenção porque observei uma garotinha andando para trás sem olhar a bicicleta que estava vindo. Eu não pensei, apenas larguei a bicicleta, deixei Any falando sozinha e corri até a menina, na qual a peguei no colo, e em um giro quase 360° a tirei da frente da bicicleta e em seguida a coloquei no chão. Para minha surpresas garotinha era ninguém menos que Lucy, a filha do tal fazendeiro.
Você deveria prestar atenção - eu digo um pouco dura demais e a vejo ficar assustada
Ei não fala assim com a minha irmã - uma adolescente se aproxima
Lucy querida… - eu escuta aquela voz masculina

A menina sai correndo e pula no colo do pai, enquanto a mais velha fica me olhando com cara de poucos amigos.
Ela ia ser atropelada pela bicicleta - eu digo tentando me justificar
Obrigado por salva-la mas não precisava ter falado assim - ele diz seco
Olha só… - eu estava pronta para respondê-lo mas sentir Anahi me segurar
O importante é que está tudo bem com a Lucy - Anahi responde - desculpa minha irmã Chris - pelo jeito todos ali gostam dele
Tudo bem...eu já percebi como ela é - ele dá de ombros e sai andando com a filha no colo enquanto a mais velha vai atrás dele
Porque me impediu de falar?
Porque você não está certa - ela diz cruzando os braços - ela é só uma criança por Deus. O que se passa na sua cabeça? - ele diz parecendo irritada comigo - não pode descontar suas frustrações no mundo todo

E então ela dá as costas e sai andando na minha frente, suspiro e acabo indo atrás dela. Olho para trás e vejo a pequena Lucy me olhando, e então percebo que realmente não deveria ter falado daquele jeito. Acabo decidindo ir até eles.
Olha só, eu realmente não deveria ter falado daquele jeito - digo assim que me aproximo dos três - Lucy… - me abaixo para ficar na altura dela - eu não queria ter falado daquele jeito com você, mas fiquei preocupada de você se machucar - digo sincera
Tudo bem - ela sorri - obrigada - ela se aproxima de mim e me surpreende com um beijo na bochecha

Lucy me mostrou que é uma garota encantadora, me fazendo realmente se sentir culpada como falei, mas pelo menos ela me desculpou, já que Christopher e a outra filha dele não disseram nada. Achei melhor me despedir e deixá-los no momento família deles, eu já havia atrapalhado demais.

A militar - 𝑽𝒐𝒏𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora