Acordei com meu celular despertando às seis e meia da manhã, me levantei arrastada e me olhei no espelho. Era visível minhas olheiras de uma noite mal dormida. Eu chorei, eu pensei e nada consegui me decidir, a única coisa que eu sei que preciso dizer a verdade a Chris. Tomei um banho rápido e coloquei o biquíni por baixo do shorts e da regate, e chinelos nós pés. Abri a janela e vi o sol começando a esquentar, talvez tenha sido uma ótima ideia a ida a cocheira. Olhei o celular e havia mensagem de Chris avisando que logo chegaria. Sai do quarto e fui para o salão tomar café e encontrei Ian.
Já estava terminando quando uma Lucy animada apareceu correndo até mim e atrás Chris abraçado a Hanna.
Bom dia querida - ele me deu um selinho - está pronta? - não sei se ele fingiu ou não reparou em Ian
Claro - sorri - bem...deixe me apresentar: Chris esse é Ian, e Ian esse é Christopher
Prazer - Ian estendeu a mão educado
Prazer - Chris repetiu ao apertar sua mão, com a expressão séria
Tia Dul que é esse seu amigo?
Nós trabalhamos juntos - expliquei. Ian essas são Lucy e Hanna, filhas do Chris - ele as comprimentou - agora temos que ir
Bom passeio - Ian limitou-se a dizer e agradeciChristopher me abraçou pela cintura, com certa possessividade, Hanna ainda abraçada a ele e Lucy segurando minha mão, saímos os quatro dali.
{...}
Quase uma hora e estávamos na cachoeira, Ana a governanta de Chris havia preparando uma grande cesta de comida. Passamos a manhã brincando na água e depois saímos para comer. Quando as meninas decidiram ir jogar bola na água, ficamos apenas nos dois sentados em um pedra e achei que era hora de conversar.
Chris eu...preciso de falar algo
Eu sei - ele suspirou - desde a hora que te vi sabia que algo estava acontecendo. Aquele Ian tem a ver né?
Sim - confessei - ele veio até aqui contar que minha licença acabou antes do prazo. Graças as minhas terapias, a psicóloga fez um relatório ao meu favor e posso voltar ao Afeganistão
Então é isso...tudo o que vivemos irá acabar por aqui?
Chris não é isso - toquei seu rosto - você sabe que é especial mas…
Você não me ama - ele disse duro
Não diga isso - segurei o rosto dele - apenas não me decidi ainda
Dulce no fundo você sabe o que vai escolher - ele disse com um ar triste - você nunca escondeu de mim né? Sempre deixou claro que chegaria sua hora de ir embora, mas mesmo assim eu quis acreditar que eu seria o suficiente. Que você gostaria de formar uma família comigo
Chris é meu trabalho de toda uma vida. Lutei muito para chegar onde estou, não sei se quero desistir de tudo por causa de…
Um homem? Uma paixão? Dulce eu nunca pediria que desistisse da sua vida mas achei que eu teria espaço nele - ele levantou
O que está fazendo?
O passeio acabou. Vou ir guardar as coisas, chame as meninasEle não quis ouvir mais nada, apenas virou as coisas e saiu andando. Pegou a cesta de comida, recolheu algumas coisas que estava fora e foi até o carro. Eu queria chorar mas não iria fazer isso ali. Eu gritei falando para as meninas saírem, elas não entendia nada e resmungava que estava cedo. Eu apenas esperaria Chris voltar para fazê-las sair, mas então algo que eu não esperava aconteceu. Hanna foi mergulhar, enquanto Lucy que usava boa começou a sair da cachoeira. De repente eu vi Hanna levantar as mãos e de repente afundar. Então ela gritou socorro. Não pensei duas vezes e pulei na água, nadei até onde ela estava. A peguei pela cintura e fui trazendo-a até a margem. Chris apareceu e viu a cena, correu para me ajudar. Hanna sentou-se na pedra e vomitou a água que bebeu. Ela se agarrou ao pai enquanto Lucy assustada grudava em meu pescoço.
Vamos levar ela ao hospital - ele diz sério
Ela está bem Chris, foi um susto - digo
Estou bem pai - ela diz ao solta-lo
Não. Vamos ao hospital para eu ter certeza. Eu sei o que é melhor para as minhas filhas Dulce - ele diz secoÉ a primeira vez que Christopher foi seco comigo desde que nós conhecemos, nunca o vi dessa maneira, mas preferi não falar nada. Ele ajudou Hanna a levantar enquanto junto com Lucy recolhia o resto das coisas que ainda estava ali. Ajudei Lucy a entrar no carro e a colocar o cinto de segurança. Coloquei a regata e o shorts antes de entrar no carro com um Christopher visivelmente nervoso e impaciente.
{...}
No hospital Christopher entrou com Hanna para ser examinada pelo médico enquanto eu fiquei com uma Lucy ansiosa para saber o que estava acontecendo. Eu consegui entreter ela, brincando de falarmos nomes de objetos com uma letra específica.
Letra C - disse
Caderno - ela falou rápido
Calça - foi minha vez
Cobertor - ela bateu palmas ao se lembrar mas antes que eu falasse também, Chris apareceu com Hanna
Como ela está? - levantei depressa
Estou bem como eu havia dito - Hanna falou e olhou para o pai
Mesmo assim, fizemos bem em ter vindo. O doutor fez uma lavagem estomacal e pediu repouso pelas próximas vinte quatro horas
Aí que bom que você está bem irmã - Lucy a abraçou
Você não vai se livrar de mim baixinha - sorri com a cena das duas irmãsChristopher mal olhava pra mim quando saímos do hospital e fomos para o carro. Durante todo o trajeto até a pousada era apenas silêncio, nem Lucy estava tagarelando. Quando ele estacionou, eu me despedi das meninas e quando fui lhe dar um selinho ele se afastou.
Amanhã eu vou ver vocês - digo olhando para as meninas - e iremos conversar melhor
Está bem - ele suspirou - até amanhã então - disse secoEu queria beija-lo e abraça-lo, mas não era o que ele queria. Ele está magoado e eu entendo ele, sou eu que estou fazendo isso com ele. Aproveitarei esse tempo para tomar minha decisão. Olhei para ele uma última vez antes de sair do carro, e então fechei a porta e caminhei até a entrada da pousada. Não olhei para trás, porque sabia que ele já havia dado partida. Assim que entrei avistei minha tia e corri para seus braços. No momento era o mais próximo de um colo de mãe que eu teria. Ela me aninhou, acariciou meus cabelos e disse que não importava o que estava acontecendo, tudo ficaria bem. E eu acreditei, porque no fundo era o que eu queria, eu só precisava me decidir.
E vamos de penúltimo capítulo.
Sei que a história foi curta mas acredito que ficou na medida certa.
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A militar - 𝑽𝒐𝒏𝒅𝒚
RastgeleDulce Maria é alistada do exército dos Estados Unidos há seis anos e acaba de voltar do Afeganistão após um trauma que mudará para sempre sua vida. Disposta a recomeçar a onde nasceu, no Leste do Oregon e tentar deixar seus traumas para trás, ela co...