Capítulo 9

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Já era é hora de dormir, e estou me revirando na cama, não consigo parar de pensar no que houve mais cedo com Christopher, estive a ponto de beija-lo e fugi. O que está acontecendo comigo, porque esse homem está mexendo assim comigo?

Christopher mexe com meus pensamentos e com minhas atitudes, e eu não sou assim, nunca fui assim nem com Ian, meu ex e único namorado. Nos conhecemos desde quando entrei no exército, ele era da mesma escola de treinamento, eu, ele e Zoraida estávamos sempre juntos, começou apenas como uma amizade colorido até que por fim aceitei namorar com ele, não porque estava apaixonada, mas porque ele eu já o conhecia, éramos íntimos e somos parecidos, achei que seria favorável namorar com alguém do mesmo mundo que eu, mas então ele me traiu e terminamos. Não tenho raiva dele, afinal não sou e nunca fui apaixonada por ele, mas ele quebrou minha confiança, então não tinha mais porque ficar com ele.

Agora estou aqui, suspirando por um cara totalmente diferente de mim, pai de duas filhas, e que não sabe nenhum pouco de mim ou sobre o mundo que vivo, isso nunca daria certo, porque sei que no final da minha licença voltaria para o que eu sou: militar.

{...}

Chegou a quarta-feira, dia da minha primeira aula de boxe, no dia anterior fui até a cidade comprar as roupas e as luvas que não comprei na segunda.

Acordei às seis e meia, tomei banho e coloquei as roupas para a aula e em uma mochila coloquei outra muda de roupa para voltar para casa. Tomei um café da manhã leve, e me despedi de Tia Victoria e Any, estava ansiosa para a primeira aula. 

Assim que cheguei, Belinda me mostrou o vestiário feminino e me deu um cadeado e uma chave para colocar minhas coisas em um dos armários.

O professor começou me ensinando o básico, mas eu queria mais, já estava sedenta para socar aquela saco e quando por fim chegou essa hora, eu aproveitei. Cada soco me lembrava de quando eu e Zoraida treinamos, era mais exercícios, era divertido. Eu conseguia escutar suas risadas dizendo que eu batia como menininha, ela adorava me provocar. Então bati cada vez mais forte naquele saco, uma...duas...três...quatro... até o professor dar por encerrada a aula.

{...}

Após jogar uma água no chuveiro do vestiário, troquei de roupa e então sai. Já estava perto da porta de saída quando vi Hanna entrando mexendo no celular.

Ei, oi Hanna - disse chamando sua atenção

Ah! Olá - ela diz e volta a atenção para o celular e sai andando

Espera - digo e ela se vira - Lucy não veio? Você está sozinha?

Eu vim com meu padrinho Christian, ele vai me buscar depois - ela respondeu - Lucy ficou com o meu pai em casa...hoje é um dia complicado. Tenho que ir vai começar minha aula

Oh sim claro - sorri - boa aula e bem...você dança muito bem - confesso

Obrigada - vejo ela dar um meio sorriso e então sair andando

Eu saí da academia pensando o que seria de complicado para Lucy não querer vir a aula e ficar com Christopher em casa. Fui para o estacionamento e entrei no carro, indo de volta para a pousada. Assim que cheguei fui falar com tia Victoria, e ela explicou que dia era hoje. É a data do falecimento de Natália, esposa de Christopher e mãe das meninas. Foi triste saber que a mulher morreu devido uma complicação da cirurgia cesariana que havia sido feita para trazer Lucy ao mundo. Imagina Christopher ter que cuidar de um recém nascido e uma criança pequena sozinho e ainda sofrer pela esposa. É nesses momentos que acho que a vida é injusta, porque as melhores pessoas se vão enquanto as ruins ficam?

A noite seria a missa de sete anos e eu decidi que iria, algo dentro de mim fez sentir que precisava estar lá...por Christopher.

{...}

A igreja estava cheia, era a missa das sete da noite, e muita gente vai nesse horário. Seria uma missa comum mas que também seria pelo aniversário de falecimento de Natália Uckermann. Entrei de braço dado com minha tia, e foi no exato momento que Christopher olhava para trás. Eu vi seu olhar triste, então deu um pequeno sorriso a ele, em demonstração de apoio, e ele acenou com a cabeça. Encontramos um lugar mas a fundo e nos acomodamos, não demorou para Lucy nós ver aí e vir nos comprimentar, eu recebi um abraço de urso, a sentei no colo e a ouvi falar:

Hoje é o dia que minha mamãe virou estrelinha, sabia tia Dul?

Sim sabia meu amor - coloquei uma mexa  de cabelo dela atrás da orelha - mas eu sei que lá de cima - apontei para o teto - ela está olhando por você e te ama muito 

Mesmo tia?

Claro gatinha. Não importa que a pessoa que amamos vire estrelinha, ela seguem aqui - toquei na altura do seu coração - no nosso coração

Ela beijou minha bochecha e me abraçou novamente, assim que o padre começou a falar, ela correu para o banco com o pai e a irmã mais velha. Eu não sou religiosa, então mal prestei atenção na missa, minha preocupação era Christopher.

A militar - 𝑽𝒐𝒏𝒅𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora