"ᴀ ᴀɴsɪᴇᴅᴀᴅᴇ ᴇ sᴇᴍᴇʟʜᴀɴᴛᴇ ᴀ ᴜᴍᴀ ᴄᴀᴅᴇɪʀᴀ ᴅᴇ ʙᴀʟᴀɴᴄᴏ: ᴇxɪɢᴇ ǫᴜᴇ ᴠᴏᴄᴇ ғᴀᴄᴀ ᴀʟɢᴜᴍᴀ ᴄᴏɪsᴀ, ᴍᴀs ɴᴀᴏ ᴏ ᴄᴏɴᴅᴜᴢɪʀᴀ ᴀ ʟᴜɢᴀʀ ɴᴇɴʜᴜᴍ"
Não existia no universo alguma outra explicação plausível, que fosse capaz de rotular o que Harry estava passando no momento, senão TAG — Transtorno de Ansiedade Generalizada —. O garoto, sem dúvida, estava sentindo na pele o que os estudiosos identificam como crise de ansiedade.
Sua garganta se fechou. Tinha a horrível sensação de estar sendo afogado, quase como se estivesse afundando em um poço lotado de água, a qual roubava todo o estoque de oxigênio de seus pulmões, deixando-os cada vez mais sedentos por ar. Não havia chegado a medir, mas tinha plena consciência de que sua temperatura corporal estava nas alturas, assim como sua pressão cardíaca, que obviamente ultrapassara limites necessários. Sentia-se mais enjoado do que jamais estivera — ondas de vômito não paravam de chegar até sua laringe e, por pouco, voltavam pelo mesmo caminho.
Nunca evidenciara seus membros superiores tão agitados; não paravam de tremelicar, sendo sucedidos por uma série de calafrios e desconfortos abdominais profundos.
Ah, isso sem contar o sintoma mais incômodo: o medo. Ele sentia medo de ceder, de não aguentar, de se deixar dominar pelo sentimento momentaneamente mais poderoso, de não ser forte o suficiente para superar aquilo. Sentia medo do próprio medo.
Sua vontade era de sentar no chão do banheiro e chorar como o bebezinho frágil que ele acreditava ser. Mas não iria. Porque o garoto também não se julgava digno de derramar uma lágrima sequer, só provaria o quão inútil, fútil, egoísta, imprestável e insignificante ele era.
Talvez estivesse enlouquecendo de vez ou talvez fosse a ansiedade falando mais alto. Uma coisa era certa: não se reconhecia mais. Era impossível dizer quem era aquele moreno surtado e chorão, porque o verdadeiro Harry procuraria um jeito de dar a volta por cima, de se reerguer — a dificuldade era exatamente essa, sua mente não estava mais tão sã, quem dirá seu corpo.
É a regra: Mente sã, corpo são. Sem o equilíbrio do primeiro fator, é impossível obter quaisquer resultados positivos em relação ao segundo.
Encontrava-se caído no chão de carpete de seu quarto, esparramado. Seus braços abraçavam seus joelhos em um X, onde, entre seu par de patelas, sua cabeça se encaixava perfeitamente. Basicamente, estava em um tipo de posição fetal, soluçando de chorar, como garantiu que não faria.
Quem sabe é exatamente isso o que a ansiedade faz com um indivíduo: possui, corrói cada parte do corpo, fixando-se na central de comando: o córtex pré-frontal; onde se torna capaz de controlar todos os seus movimentos e pensamentos. Joga pressão sobre você, forçando-o a agir sob esse efeito. Projeta negatividades e o faz crer nelas, por meio da liberação de cortisol — hormônio responsável pela ansiedade —. Eleva a taxa das inseguranças e abaixa a da auto-confiança.
O Expelliarmus, no mundo bruxo, talvez equivalha-se ao TAG. Ambos te desarmam, apenas diferem na maneira de fazer. Muito simples por um lado e muito complicado por outro.
Que belo jeito de começar o dia, pensou Harry. Afinal, quem não desejaria passar as poucas horas de sono que planejara chorando? Uma decadência, isso sim.
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Little Things - Wolfstar
Fanfiction"Ele é uma criança de verdade, Sirius, você tem certeza do que planeja fazer? Não é como se pudéssemos abandoná-lo quando estivermos cansados" "Poucas vezes na minha vida eu tive tanta certeza de uma coisa como agora, Moony"