Capítulo 24

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-Agora me passa o marcador preto.- peço para Ana, que está apenas observando atenta a cada movimento meu.

Ela concordou em fazermos a apresentação juntas, afinal havíamos escolhido o mesmo tema para nossas apresentações: os rebeldes. Pareceu meio óbvio no início, mas uma coisa que Nick me falou uma vez: O mais banal dos temas pode se tornar único se você souber escolher as palavras.

-Marcador.- fala me entregando a caneta preta de ponta mais grossa.

-Tem certeza de que não quer escrever nada? O cartaz podia ter a letra de nós duas, se não vai parecer que eu fiz tudo e você só decorou, não vai ser justo.-insisto.

-Não tem problema, até porque eu nem saberia o que fazer, por isso fiquei feliz quando você me chamou.

-E... O que aconteceu para você sair correndo ontem do jantar?- questionei enquanto caprichava na letra do título.

-Ah, aquilo, é... Eu iria dar o meu primeiro telefonema com meus pais, e estava ansiosa para ouvir a voz da minha irmã outra vez.- ela não me olhou nos olhos quando falou isso.

-E por que estava toda arrumada? Inventaram um telefone que você pode ver a pessoa do outro lado?- brinco com o objetivo oculto de pegar algo para desmascara-la.

-Eu tive vontade de me arrumar, sabe, me sentir bonita para mim mesma. Ao passo que você estava tão simples, quase como se não se importasse com o fato de estar na Seleção.-mudar o foco, ela joga bem.

-Eu queria passar uma noite como eu mesma, a menina antes de toda essa loucura.

-Você consegue ficar bonita de qualquer jeito, queria conseguir fazer isso, ser tão natural.- com aquilo eu soltei o marcador e a encarei.

-Pode ir parando aí! De onde veio a estúpida ideia de que você não é bonita? Já é olhou no espelho Ana? Quem me dera ter os seus olhos, cinzentos e misteriosos como o céu em um dia antes da chuva, aquela que ameaça cair mas que persiste. Seu cabelo sempre está arrumado, mesmo quando acorda! Nunca pense que é feia.

-Annabel... Já falei que você é a pessoa mais legal que já conheci em toda a minha vida?- ela me abraçou, e eu a abracei de volta- Não sei o que fazer Annabel, não sei o que estou fazendo nessa competição.- as lágrimas dela pingavam na pele nua do meu ombro-Não sei o que quero. Eu não sei...

-Calma, calma, não tem com o que se preocupar agora.-eu arfava sua cabeça, os cabelos entre os meus dedos.

-Minha mãe me mandou para cá como a sua... Mas eu pensei que seria bom, que, talvez, eu conseguisse um casamento depois. Mas agora não sai da minha cabeça como isso é desumano! É tudo arranjado! Não tem amor! E quando você o encontra não pode usufruir dele.

-Eu sei que parece assim, mas o amor também pode surgir, e se você o achar, deve se agarrar nele... Mas quem você ama? Você está apaixonada por Nicolas?- eu não podia encoraja-la a tirar ele de mim.

-Não... É outra pessoa, mas isso não vem ao caso, temos de terminar esse cartaz.- ela se soltou de mim tão rapidamente e começou a escrever na cartolina que nem tentei questionar, mas sabia que teria de descobrir de quem ela estava falando.

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-Annabel?- a voz de Nicolas me tirou do devaneio.

-Sacada... Como sempre.- falo sem desviar os olhos do céu.

Ele fez exatamente como da ultima vez, me abraçou por trás, afundou a cabeça nos meu cabelos sentindo o cheiro do shampoo, fazendo meu corpo tremer em arrepios e por fim beijou o topo de minha cabeça.

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