3- LIAM (ELA)

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Enquanto eu fugia galopando em um cavalo, abraçada por um homem que eu nem sabia o nome, com os cabelos soltos, que acariciavam o meu rosto, balançando ao vento, me lembrei de quando entrei em casa no início da tarde para almoçar, depois que minha mãe me chamou no quintal. E após comer um delicioso carneiro, subi e separei as bisnagas de tinta, porque queria registrar a imagem daquele moço da floresta. Todo dia minha mãe me perguntava quem era o rapaz de armadura, parecendo selvagem com cabelos cor de fogo. E eu respondia que era o homem com quem me casaria.

Era um turbilhão de sentimentos naquele momento. Não sabia se deveria pedir pra parar, pedir pra voltar ou simplesmente continuar fugindo. A minha barriga embrulhava e foi quando eu implorei para descer. Saltei do cavalo, me afastei uns passos e vomitei. Estava nervosa, assustada. Não sabia se haviam verdades em suas palavras. Ele era tão diferente, tinha um jeito misterioso, mas me sentia segura apesar de tudo.

- Está tudo bem? - perguntou ele, segurando as rédeas do cavalo e me olhando preocupado.

Confirmei com a cabeça, mas novamente um enorme enjoo tomou conta de mim e acabei me esvaziando por completo. Fiquei mais branca do que todos costumavam comentar quando me conheciam.

- Está tudo bem? - indagou de novo.

- Acho que sim. Estou viva, então estou bem. - Dessa vez consegui falar, porém debochada. Óbvio que não!, pensei. Ele suspirou.

- "O motivo será por amarem o que não deveria". Você ama alguma coisa que não deveria? Você ama alguém? - questionou com um leve tom de ciúme.

- Meu noivo - afirmei no automático. Não o amava, mas não tinha ideia do que poderia ser aquela premonição.

- Quem é Arlo ?

Eu fiquei assustada. Existia tanto mistério a respeito dele e a minha vida parecia um livro aberto. Como ele sabe sobre Arlo? Não comentei seu nome.

- Eu ouvi em seus pensamentos - respondeu sem ao menos tê-lo perguntado oralmente. Aquilo me deixou ainda mais curiosa. Estava na companhia de alguém que provavelmente não era um simples humano.

- O que você é? Não diga que não pode me contar. Estou aqui, no meio da floresta e à noite. Já percebeu que confio em você. Não pode confiar em mim e se revelar?

- Vamos procurar um lugar pra dormir essa noite, já estamos longe da cidade. Acho que não corre perigo imediato - ignorou-me. Revirei os olhos.

Quando adentramos a floresta, encontramos uma área com muitas árvores antigas caídas. Parecia que havia ocorrido uma guerra. O solo estava desgastado. Não tinha mais grama, uma região sem vida. Então ele olhou aquilo com um semblante revoltado. Começou a analisar o entorno e depois de um tempo abaixou a cabeça e suspirou.

- O que foi? - estava curiosa com sua reação.

-Isso não deveria acontecer. Alguém irritou os deuses. Talvez os tenha desobedecido. Muitas vidas foram perdidas aqui - murmurou.

- Pessoas morreram? Não vejo corpos. - preocupei-me.

- Animais, árvores, enfim... Talvez pessoas. Não é pra ser assim... Todos devem viver e morrer no momento certo.

Nunca tinha visto alguém se importar tanto com outros seres. O admirei naquele momento e vi que não parecia ser uma pessoa ruim. Mas, e essa história de deuses? Isso também não era comum no meio em que eu vivia.

- Esses deuses... você falou naquele dia, no jardim, que mandaram me proteger. Foram eles? Não sei nada sobre eles. - A história estava me interessando.

DEUSES DA FLORESTA 1 | O Renascimento da feiticeira Onde histórias criam vida. Descubra agora