Com os olhos vendados por algo que parece ser um lenço, meus sentidos estão limitados a audição e olfato, pois sou capaz de escutar diversas vozes ao meu redor e sinto um cheiro suave que aparenta familiaridade, e tudo indica que está impregnado no pano que cobre meus olhos. Mas sou incapaz de ver algo além da escuridão.
Me encontro sentada nos ombros de um homem que segura minhas mãos com firmeza, como se eu fosse cair a qualquer deslize, mas de alguma forma me sinto segura.
Inicialmente estávamos em movimentação, entretanto, após o que eu imagino que tenha sido alguns minutos, paramos. Em seguida, ele solta minhas mãos, sou pega por outros braços e colocada no chão. Posicionado atrás de mim, mãos finas descansam em meu ombro e acariciam as pontas do meu cabelo, a forma delicada em que elas se movimentam enrolando as pontas do meu cabelo é relaxante.
Levando as mãos até o nó do lenço, as mesmas trabalham em desatá-lo, quando finalmente o nó fica frouxo o tecido leve desliza por meu rosto e é recolhido pelo responsável em desfazê-lo.— pode abrir os olhos – assegurou tocando gentilmente meu ombro
Sou surpreendida por estar no lugar em que tanto sonhei e tagarelei o quanto eu gostaria de ir.
— estamos no parque de diversões – grito de modo que saltito de alegria
— gostou? – questionou segurando minha mão
— sim. – afirmo e abraço suas pernas — posso ir em todos os brinquedos?
— depende, somente naqueles que é permitido para sua idade ou altura – informou e eu assenti, sai disparada em direção aos brinquedos sem ao menos esperar por companhia
Embora eu tenha suposto que teria muitas pessoas por escutar tantas vozes, o parque de diversões não se encontra tão cheio como deveria ser o lugar. Mas a uma quantidade considerável de pessoas para tornar o local movimentado e nos fazer esperar em filas.
Após andar em quase todos os brinquedos diversas vezes, novamente voltei para o carrossel e de longe pessoas sentadas no banco que não consigo visualizar o rosto, acenam para mim.
Em seguida o homem começa a vir em minha direção, consigo vislumbrar o sorriso contagiante em seus lábios e sorrio de volta. Então o brinquedo parou, desci o mais rápido possível e corro rumo ao seu encontro, me jogando em seus braços e sendo pega por ele.— …, eu te amo – exprimi encarando seus olhos de forma profunda e bem ao fundo ouviu-se um disparo
Em questão de segundos tudo estava um caos, gritos de desespero e disparos constantes, as pessoas corriam em busca de proteção.
Olhando para onde ele veio, duas pessoas estão sendo arrastadas por dois homens altos e mascarados, e vejo desespero estampado no rosto do homem à minha frente.— querida, precisamos ir atrás da sua ….. Não solte a minha mão – pediu e eu concordei
Enquanto a multidão corria para a saída, corremos na direção oposta. Eu não sei ao certo o que ele está sentindo, mas ele transparece medo.
Sufocada pelas pessoas que correm desesperadas acabo me perdendo do adulto que me acompanhava. Repentinamente sinto algo me acertar, ando até um banco, cambaleio para o lado e subitamente tudo fica escuro.💭💭💭
Despertando de súbito, ao acordar do pesadelo atemorizada, seus olhos quase saltaram para fora ao se arregalar, se sentara tão depressa que fez a coberta cair até sua barriga. Ofegante como se tivesse corrido por horas, seu peito sobe e desce descontroladamente. Levou a mão até a testa e afastou os fios de cabelo grudados em sua pele suada, embora estivesse bastante frio, ela suou como se tivesse tido febre alta.
Respirou fundo buscando controlar suas emoções e normalizar as batidas do seu coração que está acelerado. Embora não fosse a primeira vez que é atormentada por pesadelos, não evitava ter reações como medo e tormenta. Mesmo querendo ter ao menos paz em seus sonhos, ela se acostumara a noites como essa, se conformara em perder seu sono, não se acha digna de ter paz, não quando não sabe onde estão as pessoas que foram levadas em seu pesadelo.
Esticou-se até a cômoda ao lado da cama, apalpando toda superfície de madeira até encontrar o relógio digital. O alcançando, verificou as horas, constando que não passaram das cinco da manhã. Menos de vinte minutos, se deu por vencida e pois a se levantar, não suportava mais ficar deitada, forçando-se a voltar a dormir sendo totalmente inútil e estava entediada olhando fixamente para o teto decorado de estrelinhas brilhantes.
Em pé foi em direção a janela, afastou as cortinas, uma para cada lado, destravou a janela e a abriu, instantaneamente o vento gélido invadiu o seu quarto, deixando o cômodo ainda mais frio e causando-lhe arrepios por todo corpo. Voltando a fechar a janela, foi ao seu closet, apanhou um dos seus casacos de lã (feito pela sua avó) e sua galocha amarela, posteriormente, vestiu o casaco de lã vermelho e de forma desengonçada calçou as galochas.

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Liar Love
Romantizm"Eu queria poder ter a certeza que vamos dar certo. Te garantir que o nosso futuro juntos é seguro, que nada e ninguém poderá nos separar. Mas não é tão fácil assim. Não posso te dizer o que sinto, porque também sinto que estamos errados...mas porq...