Capítulo Dezesseis - Fortaleza Azul

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O caminhão percorreu as estradas que levaram às cidades vizinhas de Novo Horizonte com velocidade muito acima da permitida pelos radares. O veículo tinha aparatos que tornavam impossível de rastreá-lo, e nenhuma autoridade se preocuparia com um motorista infringindo as leis de trânsito naquele dia. Todo o país tinha suas atenções voltadas para assuntos mais urgentes: o maior herói da história havia mostrado que era tudo aquilo que afirmava tão veementemente lutar contra. Assassino em série, político corrupto, abusador. Um monstro. Um vilão.

Os Cavaleiros passaram três horas dentro do caminhão até chegarem ao seu destino. A maioria deles não sabia para onde estavam sendo levados, com a exceção de Roberto e do Olho Azul, que controlava o veículo. Quando a porta do contêiner se abriu, revelou uma riquíssima paisagem aberta entre as íngremes serras do interior do estado. Mas a beleza natural ainda não era o que mais impressionava, e sim a vastíssima mansão que se erguia entre ela.

Os heróis desceram um a um do caminhão. A propriedade era cercada por muros altos e arborizados. O casarão em si parecia uma versão maior e melhor trabalhada da Mansão Acácia em Novo Horizonte. Teriam se maravilhado com tamanho esplendor, não fosse a situação em que se encontravam.

- Olho Azul, prepare a fortaleza para acomodar os convidados. – Disse Roberto, e a esfera azul foi de pronto obedecê-lo. Embora estivesse sentindo dores intensas em decorrência dos golpes de Ys, Roberto parecia tão ativo quanto sempre. A única diferença era em sua expressão; ao que parecia, perder outro de seus colegas o havia entristecido tanto quanto aos demais.

Thiago permaneceu dormindo por toda a viagem. Seu corpo ainda não havia se recuperado do trauma e do esforço que havia sofrido, e sua mente não estava muito melhor. Quando chegaram, Rafaela tentou acordá-lo sem sucesso. Alex, por outro lado, estava em uma situação mais séria. Era um milagre por si só não ter morrido logo quando foi atingida pela rajada de luz.

- Onde estamos? – Perguntou Lucas.

- Onde estive pelos últimos três anos. – Explicou Roberto. – Chamo-a de Fortaleza Azul. Toda a propriedade é cercada em cada metro quadrado de um aparelho inibidor. Basta uma ordem para que sejam ativados. O local também é completamente isolado, camuflado de satélites e câmeras por um sistema que desenvolvi. Estamos seguros aqui, por hora.

Sempre pragmático, Roberto subiu novamente no contêiner e tomou Alex nos braços, erguendo-a com uma facilidade que não seria esperada de alguém de sua idade.

- Levarei Alexandra para o laboratório no subsolo, para avariar o que pode ser feito por ela. – Acenou com a cabeça. – Mariana, peço que leve Thiago para um dos quartos e coloque-o em uma das camas. Ele também quase foi morto. Rafaela, preciso de ajuda para levar a armadura para o subsolo. Foi extremamente danificada e todos seus controles estão fora do ar.

Rafaela assentiu. Manipulou o metal na armadura e a ergueu, levando-a flutuando em direção ao casarão. Mariana levou Thiago no colo acompanhada de Lucas, e Roberto conduziu-os na dianteira carregando Alex. O interior da mansão também era parecido a de Novo Horizonte, com algumas mudanças e de proporções maiores. Rafaela acompanhou Roberto para a entrada do subsolo, que era exatamente no mesmo lugar que na outra mansão. Chegaram ao laboratório de Roberto. Ao contrário do restante, esse não era apenas maior que o outro, mas parecia muito mais avançado.

Roberto deitou Alex em uma maca e começou logo em seguida a fazer testes para avaliar as condições da colega. Pediu para Rafaela deixar a armadura no fundo do laboratório, perto de sua estação de trabalho.

- Como ela está? – Perguntou Rafaela, assistindo de perto enquanto Roberto trabalhava. – Ela entrou na frente da rajada de luz assim que meu escudo rompeu. Fez isso para me ajudar, ou mesmo para me proteger.

A Queda dos HeróisOnde histórias criam vida. Descubra agora