O fim não mente

Diretamente do século passado.

Han

Como em qualquer manhã, eu me encontro no escritório observando a janela e pensando enquanto vejo adolescentes caminhado pelo pátio vivendo suas vidas.

*Será que elas vão conseguir esse ano? Temos um time bom, mais isso não basta. Existem times tão bons quanto ou melhores. A Hemoly finalmente vai trazer de volta o título nacional?  Ah... pensando muito longe, antes disso precisamos ganhar o municipal.*

Meu olhar, que até então estava perdido, avista uma garota andando confiante do meio dos outros, a filha da estrela.

*Porque por que a Prosten voltou pra Munique? O que ela quer colocando a Lorelay aqui? Essa menina tem talento, mas se continuar a imitar a mãe não vai ir muito longe.*

Logo depois dela vem Susi se apertando entre a multidão tentando alcançar a mais nova.

*Essas duas são uma bela dupla, uma fala demais e a outra de menos. Será que ela já conseguiu voltar a jogar de verdade? Arya foi incisiva demais? Mas ela precisava de uma chacoalhada, que ela supere essa fase logo e enquanto isso trabalhe sua persistência.*

Meus olhos são levados até uma jovem saltitante que parecia estar gritando, Alissa.

*Nunca encontrei alguém tão animada. Sua positividade é uma dádiva tão grande quando sua agilidade e flexibilidade. O coringa do time...será que nossa carta na manga vai aprender a hora certa de se mostrar? Que até lá você ainda tenha fôlego.*

No meio daqueles projetos de adultos enxergo também alguém que parece não querer ser enxergado.

*Rebeca...o que se passa na cabeça de um gênio? Sua capacidade de tomar decisões rápidas e criar maneiras novas de fazer as mesmas coisas é surpreende assim como suas técnicas hábeis. Quão longe iria se desse tudo de si? A qual patamar poderia chegar se levasse a sério? Espero poder descobrir.*

Viro de costas e sento na poltrona, minha velha amiga. O computador apita e uma notificação de email aparece.

~As inscrições para o campeonato municipal de Handball categoria escolar se encerram dia 21/08.~

Olho o calendário da parede, 19/08.

*Só tenho dois dias.*

Clico no aviso, mas não sei o que fazer depois.

— Como é que mexe nesse troço? — solto impaciente.

— Por que tem um computador no escritório se não sabe mexer senhor Trust? — Levanto a cabeça pra observar a visita.

— Professora Maria Amélia, tenha certeza que não é por escolha própria. — ela ri.

— Pede para as meninas te ensinarem.

— Vou pedir ajuda pra Elena mais tarde. Posso te ajudar?

— Vim pedir o grampeador emprestado.

— Pode pegar, fica a vontade. — digo apontando pra cômoda cheia de coisas de escritório.

— Obrigada. — sorri.

— Disponha. — Retribuo o sorriso e ela sai.

*Uma ótima pessoa.*

Pego minha prancheta e começo a pensar em posicionamentos que se adequem ao time e nessa atividade a manhã inteira se passa, já está quase na hora do treino. Desço para o pátio onde já estão todos passando o tempo a sua maneira. Caminhando pelos arredores do clube vejo Arya nas quadras externas treinando alguns arremessos.