Parabéns!

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Aron

Finalmente chegou o grande dia. Ainda que não esteja perfeito esse ano, pois meu pai e minha mãe estão longe, continua sendo uma data especial pra mim.

Vovó vai vir aqui, como em todos os anos, trazendo do interior seu afeto, o cheiro de mato e provavelmente um pote de geleia que ela fez. Faz tempo que tia Clare, tio Dener e, obviamente, minha prima Lorelay não estão por perto nessa data, portanto, apesar de sentir um pouco de desconforto, estou feliz mesmo não apreciando muito a presença ranzinza e arisca da neta caçula da família.

Melhor coisa é fazer aniversário no fim de semana, ninguém tem desculpa pra não comparecer à festa. Na verdade, nem costumo fazer festas tradicionais, geralmente saio pra comemorar em algum lugarzinho bacana. Esse ano, meus amigos escolheram o boliche, então vamos jantar e depois brincar um pouco.

Me levanto cedo pra começar bem o dia, quero aproveitar cada segundo de hoje. Desço as escadas e dou uma espiada na sala onde posso ver tia Clare embrulhando alguma coisa em papel de presente. Assim que se dá conta de que estou por ali disfarça e joga o embrulho em algum canto do sofá, mas eu bem sei que eles compraram um jogo novo pro meu vídeo game, já que me perguntaram sobre isso dias atrás.

— Bom dia Aron! Dormiu bem? — sai acompanhado de um sorriso envergonhado.

— Bom dia tia Clare! Sim, dormi muito bem. Que horas a vovó vai chegar?

— Acredito que pela hora do almoço. A propósito, Parabéns!

— Obrigado. — retribuo o sorriso e me dirijo a cozinha.

*espero que nada estrague esse dia.*

— Ei, parabéns. — lore entra e abre a geladeira.

*bom, ai vem o sinônimo de estrago.*

— Não pareceu muito sincero, mas obrigado por pelo menos tentar. — respondo eufemista.

— Hm. — sorri torto e se vira pra sair com uma pêra na boca.

— Vai pra onde?

— Pra quadra na pracinha de trás.

— Fazer o que?

— Ai, você é realmente intrometido.

*nossa, precisa falar assim?*

— Se não quer contar e só dizer que não quer. — encaro bufante as costas da pequena insolente.

*aai... essa garota sempre tem um jeito de estragar meu ânimo, mas ela mesma não se abala com nada... isso é muito injusto. Bom, pelo menos não sou um robô incapaz de ter sentimentos humanos como ela...sem contar que hoje o dia é meu, deixa essa Elsa estranha pra lá.*

Pego uma maçã na geladeira e coloco o casaco.

— Vai sair? — Tios Dener diz sentado na poltrona.

— Preciso ir num lugar, volto antes do almoço.

— Hm. — Conclui ligando a TV e eu saio pela porta.

*As vezes me assusta o tanto que eles se parecem... essa garota tá em todo lugar. Pera...Aron o que tá acontecendo com você? Foca Aron, foca! Hoje é o seu dia.*

Pego a bicicleta e começo a pedalar até a loja de artigos esportivos. O trajeto leva poucos minutos e estaciono bem na frente.

Alguém sai da loja.

— Emma?

— Ah, oi Aron tudo bem?

— Tudo, e você?

O fim não menteOnde histórias criam vida. Descubra agora