De novo?

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Hana

— Bom dia Mãe! — Digo assim que chego na cozinha. — O cheiro tá ótimo.

— Bom dia filha! Até eu tô surpresa em como está com uma cara boa. Meus dotes culinários não são lá essas coisas você sabe. — ela me encara divertida por cima do ombro.

— Para com isso mãe, a senhora cozinha muito bem.

— Então fala uma coisa que eu cozinho bem ai! — vira de costas pro fogão pra me olhar diretamente e cruza os braços esperando resposta.

— Eu gosto do seu... — Acabo demorando mais do que queria pra lembrar. — MACARRÃO! — Ela dá risada do tom alto da minha voz, o que pareceu meio suspeito.

— Pois então... — Ela vira pro fogão de novo. — Você gosta do meu macarrão e não da minha torta de nozes com calda de amêndoa reduzida com leite e limão siciliano. — dou risada.

*ela já fez algo assim?*

Fico um tempo distraída em pensamentos tentando me lembrar de algo mais elaborado que minha mãe tenha feito.

— Não precisa tentar se lembrar de quando eu fiz algo assim filha. — Volto aos meus sentidos e ela me olha rindo mais que antes. — Eu acabei de inventar esse nome para exemplificar que não sou excelente na culinária. — pisca pra mim conhecendo meu jeito e eu sorrio.

— Mesmo que você não saiba fazer coisas muito elaboradas eu gosto das coisas normais que a senhora faz. — abraço ela.

— Obrigada por pensar assim filha. — ela beija minha bochecha.

— Vou te mandar o boleto da passagem, achei um preço bom ontem.

— Ah! Elogia pra depois se aproveitar né? 

— Não é assim mãe, você sabe! — ela balança a cabeça em negação como se estivesse se divertindo. — É que a gente precisa comprar isso de qualquer maneira e quanto mais rápido melhor.

— Ta. Avião ou trem?

— Ônibus.

— Ônibus? — arregala os olhos.

— Sim, é muito mais barato. Tá um absurdo viajar de trem de uns anos pra cá.

— Nossa, tá entendida você em? — Passa a mão em meu rosto. — Quando foi que minha filhinha cresceu tanto a ponto de saber planejar uma viagem sozinha?

— Não é bem sozinha.

— Claro que não né! — seu tom enfático me faz rir instantaneamente. — Você acha que eu deixaria você ir literalmente sozinha?

— Mas eu já tenho 17. — implico.

— Fez dois meses atrás. 

— Mas fiz, não fiz? 

— Ok, ok! vai comer antes de ir ou não menina de 17 anos?

— Vou. — Pego uma panqueca. — Mas precisamos ir. — Checo o relógio no pulso.

— Tudo bem. — Ela tira o avental e pega a bolsa.

Esses alguns minutos de carro até a escola passaram mais rápido hoje.

*Ela tá com pressa por quê?*

— Tem algum compromisso hoje, mãe?

— Não. 

— Certeza?

— Por quê?

— Dirigiu mais rápido que o normal.

O fim não menteOnde histórias criam vida. Descubra agora