Ameaças

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Fiquei jogado ali no chão por um bom tempo, não pela dor, mas pelas lágrimas que insistiam em cair mesmo que eu não quisesse. Matthew e eu já brigamos tantas vezes por infantilidade do mesmo, mas nunca antes ele havia me batido, aquela havia sido a primeira vez, as lágrimas que caiam não eram pela dor física, mas pela emocional.

Eu abracei as minhas pernas e tentei segurar novamente o choro, vi algo derramar em minha calça, quando prestei mais atenção vi que era sangue.  Me levei e me encarei no espelho, em baixo do meu olho esquerdo havia um corte mediano, ele devia ter me arranhado com algum dos anéis que costuma usar.

Lavei meu rosto e a água ardia onde estava o corte, enxuguei com a barra da minha camisa tomando cuidado para que o corte não sangrasse novamente. Tomei coragem e sai do banheiro ainda segurando o resto do choro, eu tinha que ser forte, não ia dar a Matthew o gosto de me ver pra baixo.

Quando cheguei na sala, o professor quase não me deixou entrar, mas aleguei que estava passando mal e ele deixou que eu entrasse somente para pegar as minhas coisas.

Jaz: O que aconteceu com o seu olho? - Perguntou se referindo ao corte.

Eu: Pede pra sair e eu te explico.

Sai da sala e fui pra sala da diretora, inventei que estava passando mal, a diretora achou estranho pois me conhecia e sabia muito bem que aquele corte não estava ali antes, ela tentou me induzir a falar, mas permanecir firme em dizer que estava apenas com dor de cabeça.

Jaz: Vai me dizer agora o que houve? - Perguntou minutos depois que sai da sala - E seja rápido eu disse que só vim beber água.

Eu: Foi o Matthew.

Jaz: Ele bateu em você?

Assenti com a cabeça.

Jaz: Que cafajeste!

Eu: Eu preciso da sua ajuda, eu quero que você invente alguma coisa pro Rapha, diz que eu passei mal e por isso sai mais cedo, ele vai querer ir lá em casa, mais você inventa alguma coisa só não deixa ele ir lá, ao menos até eu saber como esconder isso daqui. - Disse apontando para o meu olho.

Jaz: Tá eu vou fazer isso e assim que eu despitar ele eu levo maquiagem.

Eu: Maquiagem?

Jaz: Claro, maquiagem é um troço milagroso, vai esconder esse corte rápido rápido.

A gente se despediu e ela entrou na sala, procurei algo na minha mochila que pudesse esconder aquilo e encontrei um óculos escuros. Quando cheguei em casa, meus pais ainda estavam no trabalho, fui até o meu quarto e me olhei no espelho novamente, aquilo estava começando a ficar roxo, tirei a roupa e tomei um banho, vesti uma roupa bem confortável e sem comer nada, cair no sono com a imagem daquele soco se repetindo varias vezes na minha cabeça.
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Acordei algum tempo depois, não sei ao certo, mas foi com o barulho da campainha tocando sem parar. Me levantei já estressado, as pessoas parecem não saber esperar, como diz a minha mãe :" o povo só anda com pressa". Pura verdade.

Desci as escadas meio cambaleante e abri a porta.

Eu: Rapha?

Rapha : Eu só vou perguntar uma vez, o que foi isso no seu olho?

Eu: eu...hãm....o que? - Perguntei nervoso.

Rapha : Foi o Matthew não foi? Eu vou matar aquele desgraçado!

Quando ele fez menção de sair, o segurei pelo braço e o puxei pra dentro de casa fechando a porta em seguida, eu podia ser magro mas sorte que eu tinha força.

Eu não vou ser gay!!! (Romance gay )Onde histórias criam vida. Descubra agora