𝟎𝟖. All The Things He Said

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Milton Keynes, Reino Unido — 19 de abril de 2019

O habitual frio do território inglês percorria o corpo de Max. Mesmo agasalhado da cabeça aos pés, não conseguia parar de tremer. Porém, o motivo do frio que sentia não vinha só da temperatura; o seu coração estava agitado, os pensamentos estavam carregados de ansiedade. Não tinha qualquer dúvida de que a reunião convocada pelo seu chefe de equipa, Christian Horner, tinha um propósito: confrontá-lo com aquela teoria absurda de que estaria envolvido com uma "modelo asiática" que teria conhecido numa boate.

Max tentava afastar esses pensamentos. A sua preocupação verdadeira, aquela que fazia o seu coração acelerar, era outra. "Será que a Nara está bem ao lado da prima de Wheein?", perguntava-se, incapaz de afastar o receio. Queria acreditar que sim, mas a distância não facilitava a confiança. Inspirou fundo e, com um suspiro profundo, tentou acalmar-se. Afinal, precisava de estar focado para enfrentar o que viesse.

Estacionou o Aston Martin, saiu do carro e avançou na direção da imponente porta de entrada da fábrica. O edifício da Red Bull Racing erguia-se à sua frente, grandioso e nobre, como que refletindo a seriedade e intensidade dos dias de corrida. Ao dar os primeiros passos em direção ao interior, cruzou-se com Pierre Gasly, o seu companheiro de equipa, que parecia ter notado a expressão pesada no rosto de Max.

     — Bom dia, Max, como estás? – pergunta Pierre com um sorriso amigável, tentando aliviar o ambiente.

     — Bom dia, Pierre... nem sei como hei de te responder a isso. – Max suspira e olha para o chão, onde os seus pés pontapeiam alguns blocos de granizo espalhados pela calçada.

Pierre estreita os olhos, lendo a frustração no rosto do neerlandês.

     — Foi o Christian, não foi? – aproxima-se, baixando o tom para um sussurro, tentando evitar que alguém pudesse ouvir.

Max revira os olhos e solta uma risada sem humor.

     — Sim, esse filho da mãe chamou-me aqui só para confrontar-me com aquela teoria ridícula de que eu estou metido com uma modelo asiática qualquer que conheci numa boate. – resmunga, chutando o granizo com mais força, como se as pedras no chão fossem o próprio Horner.

Pierre assente compreensivo, mas, movido pela curiosidade, pergunta:

     — Sem querer ser invasivo... quem é ela, afinal? Refiro-me à "modelo asiática".

Max olha para os lados, certificando-se de que ninguém os escuta.

     — A Nara não é modelo, nem aqui nem na China. – responde num tom quase sussurrado. – Ainda não te posso dizer quem ela é... é muito arriscado, Pierre. É mesmo uma questão de segurança dela.

Os olhos de Pierre arregalam-se com a suspeita e, hesitante, murmura:

     — Espera aí... não me digas que ela é uma daquelas refugiadas... alguém que escapou da Coreia do Norte ou algo do género.

     — Fala baixo, caralho! – o neerlandês sustém a respiração e afasta Pierre um pouco mais do edifício. Fitando-o nos olhos com uma expressão tensa. – Se alguém descobre quem ela é, eu fico mais fodido do que qualquer coisa. Mas sim... tens razão. E promete-me que nunca vais contar isto a ninguém. Nem imaginas o que estou a arriscar.

     — Nunca faria isso, Verstappen. – Pierre acena, compreensivo e solidário. – O teu segredo está seguro comigo. Se precisares de alguma coisa, podes contar comigo para ajudar, seja no que for.

Max sorri com gratidão. Pierre estava a ser mais do que um colega naquele momento; era um verdadeiro amigo. Continuaram a conversar, mantendo o tom discreto, até que o próprio Christian Horner surgiu a caminho dos dois, com a expressão séria e a pasta habitual em mãos.

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It's Not Over | Max Verstappen (A reescrever)Onde histórias criam vida. Descubra agora