Xinhuangbanna, China — 15 de abril de 2019
O relógio marcava precisamente 4 horas e 30 minutos da madrugada. Max não conseguia pregar o olho de jeito nenhum. A corrida em Shangai tinha terminado há horas, mas a sua mente continuava a correr, como se ainda estivesse no circuito. Ao seu lado, Nara dormia serenamente nos seus braços, como se estivesse em paz num mundo tão distante das suas preocupações. Max, no entanto, limitava-se a observá-la, maravilhado pela sua tranquilidade, algo que ele raramente sentia na sua própria vida.
O piloto desviou o olhar para o teto do quarto de hotel, onde a luz suave da lua projetava sombras que dançavam com o movimento das cortinas, movidas pelo ar condicionado. Pensava na loucura que tinham sido os últimos dias, desde a corrida em Shangai, passando pelo tempo que tinha passado ao lado de Nara, até ao plano "maluco" que os levava para fora da China. Tanta coisa se tinha desenrolado num curto espaço de tempo que o piloto mal conseguia processar. Estava tão distraído que nem reparou que a norte-coreana acordou.
Quando sentiu uma mão delicada a pousar no seu ombro, Max olhou para o lado e encontrou Nara com os olhos levemente abertos, focados nos seus. O seu olhar era calmo, apesar do turbilhão de incertezas que os envolvia. Max sorriu para ela, deixando que o seu dedo indicador traçasse suavemente o contorno da bochecha dela, como um gesto de conforto silencioso. A norte-coreana retribuiu o sorriso, um gesto pequeno, mas que iluminava o quarto com uma ternura quase palpável.
Max pegou no telemóvel, que estava na mesa de cabeceira, e aproveitou para responder a algumas mensagens em atraso. A sua família, amigos e equipa questionavam o seu paradeiro, preocupados por ele estar fora do radar durante tanto tempo. O piloto entendia a preocupação, mas não deixava de achar exagerada. Sabia que sempre fora desenrascado, capaz de lidar com qualquer situação, por isso achava que não havia necessidade para tanta inquietação. Para ele, as coisas pareciam simples, mesmo que estivesse a desafiar leis e autoridades em nome de Nara.
Desta vez, a norte-coreana foi a primeira a levantar-se. Com um movimento fluido, tirou o elástico que prendia o seu curto cabelo. O corte era simples, um reflexo das rígidas regras do seu país, onde até os penteados eram controlados pelo governo. Caminhou até à sua mochila, que já mostrava sinais de desgaste pela viagem e tirou de lá um vestido azul bebé, uma peça comprada num mercado ilegal, longe dos olhos atentos da ditadura norte-coreana.
Antes de se dirigir à casa de banho, Nara depositou um beijo suave no cabelo de Max, que estava ligeiramente desarrumado. Esse gesto simples provocou uma corrente elétrica no corpo do piloto, fazendo-o sorrir, como se fosse uma lembrança de que, apesar de tudo, ainda existia espaço para momentos de ternura no meio de tanto caos. Uns dez minutos depois, Nara regressou ao quarto, já vestida com o seu delicado vestido. A peça caía perfeitamente sobre o seu corpo, evidenciando a sua figura delicada. Max ficou imóvel, paralisado pelo fascínio, os seus olhos a percorrerem cada linha do corpo dela. Nara, ao perceber o olhar de Max, encolheu-se ligeiramente, as suas bochechas rapidamente assumiram um tom rosado.
O neerlandês, ainda meio enfeitiçado pela imagem à sua frente, espreguiçou-se e dirigiu-se ao guarda-roupa, de onde retirou uma t-shirt branca simples e umas calças de ganga. Vestiu-se rapidamente e após calçar as sapatilhas, olhou de novo para Nara. Ela estava sentada na ponta da cama, com o olhar perdido no horizonte da cidade de Shangai, através da janela. Estava impressionada com o movimento incessante que a metrópole já apresentava àquela hora da madrugada. Apesar de ter visitado Pyongyang, uma cidade silenciosa e vazia mesmo nas horas mais movimentadas, aquele contraste era quase desconcertante.
Max aproximou-se de Nara e estendeu-lhe a mão. Ela não hesitou em agarrá-la, entrelaçando os dedos nos dele. Como um movimento quase sincronizado, ambos colocaram os óculos de sol que o piloto tinha feito questão de comprar para não chamarem demasiado a atenção. Pegaram na pequena bagagem que tinham e caminharam até ao hall do hotel, certificando-se de que nada ficava para trás e que o quarto estava devidamente trancado.
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It's Not Over | Max Verstappen (A reescrever)
Fanfiction« Amar é arriscar tudo sem garantia alguma, apenas com a fé de que no amor nós cumprimos. Amar é desprender-se e prender-se, abrir-se e abandonar-se à vontade de ser feliz. » Na Coreia do Norte, um dos países mais fechados e opressivos do mundo, mil...