12. Transmutação

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"VOCÊ ACHA MESMO QUE ASSIM IA CONSEGUIR CONQUISTAR ELA? ESCONDEU ISSO DELA POR QUATRO ANOS, HYUNG!"

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"VOCÊ ACHA MESMO QUE ASSIM IA CONSEGUIR CONQUISTAR ELA? ESCONDEU ISSO DELA POR QUATRO ANOS, HYUNG!"

É a voz de Jungkook que eu ouço. Ele grita, e pelo tom de seus gritos, ele está extremamente com raiva. Faz mais de meia hora que eu consegui parar de chorar, organizar meus pensamentos e tentar entender tudo que está acontecendo. O luto me faz chorar ainda mais, me culpar muito mais. Porque eu sinto que a culpa é minha, sinto que a morte de Taeyoon é minha culpa. Eu deveria ter cuidado dela, deveria ter zelado por sua proteção e saúde.

E em contrapartida, penso em Jimin. Tudo que aconteceu com ele, é minha culpa. Mesmo que eu entenda que outra pessoa interviu na situação, com mentiras que para ele pareceram verdades. Contudo, ser confrontada com a verdade dói, porque percebo que ele poderia ter vindo atrás de mim. Jimin poderia ter vindo atrás de mim, ainda era algo tão recente. Me dói saber que sequer passou na cabeça dele, que tudo que foi dito poderia ter sido uma mentira. É angustiante saber que o que pesou na balança para ele, foram as palavras de Yoongi.

Meu coração acelera muito mais, eu puxo o ar com força. Meu lobo está me sufocando, e sei que ele deseja sair, que deseja colocar para fora toda sua dor. Me sento na cama, passo as mãos sobre meu rosto, e posso sentir nitidamente o suor escorrer pela minha testa. Junto com toda aquela agonia que consome todas as minhas entranhas, que queima exatamente como a transição de um humano para vampiro.

"PARE DE APONTAR DEDOS NA MINHA CARA! PARE DE FALAR COMO SE EU NÃO ESTIVESSE ARREPENDIDO!"

"É MUITO TARDE PARA ARREPENDIMENTO!"

"JUNGKOOK, PARA COM ISSO!"

"NÃO VOU PARAR COM NADA! EU NÃO CONSIGO ACREDITAR QUE VOCÊ FEZ ISSO, HYUNG!"

"POR TUDO QUE É MAIS SAGRADO, NÃO POSSO PERDER VOCÊ. TENTE ME ENTENDER, DROGA! TENTE COMPREENDER QUE EU DEIXEI MINHA EMOÇÃO FALAR MAIS ALTO. JUNGKOOK, POR FAVOR!"

"CHEGA, YOON! JÁ CHEGA, EU JÁ OUVI DEMAIS."

Eu ouço os gritos deles, e isso me faz sufocar mais. Toco meu pescoço e deixo que um suspiro angustiado escape por meus lábios, junto com alguns pingos de saliva e gotas salgadas das lágrimas. Poderia ocorrer tudo, menos transmutação.

Afasto os lençóis das minhas pernas e desço da cama. Mas, o descer da cama, me leva ao chão. Com as pernas extremamente bambas, não consigo me colocar de pé. Não consigo pensar. Engasgar e soluçar é a única reação. Meu lobo arranha as paredes do meu interior, ele rosna para mim, ele uiva. Sua teimosia é quase palpável, o que me faz entrar em colapso. Em uma negação do querer, e do não querer. Afinal, não desejo passar pelo processo doloroso de transmutação.

Uma das pequenas — péssimas — vantagens de ser um lúpus. É poder andar sobre as quatro patas. Mas, faz tantos anos que eu não passava por um ato de transmutação, que esqueci cada passo para que meu lobo pudesse vir à tona. A última vez que meu lobo passou por transmutação, foi quando meu pai morreu. Mas, fazem tantos anos, que fica difícil lembrar.

𝐋𝐔́𝐏𝐔𝐒 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓, 𝐲𝐨𝐨𝐧𝐤𝐨𝐨𝐤.Onde histórias criam vida. Descubra agora