BÔNUS: Quando memórias retornam

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PARK JIMIN,

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PARK JIMIN,

Enterro de Taeyoon.

Enterros são confusos. De acordo com a minha mãe, os enterros são para os vivos. Não para os mortos. Afinal, os mortos já passaram dessa para uma melhor. Os vivos precisam desse devido acalento, de uma última despedida, de um último contato com aquele ente querido que se foi.

No fim das contas, suas palavras nunca foram tão verdadeiras. Os vivos precisam de uma última despedida, de uma última forma de se despedir do morto, mesmo que não seja em vida. Uma maneira de mostrar que se importava. É engraçado, morte é algo que sempre une as pessoas, independente de quem elas sejam.

Somos inocentes demais para lidar com a morte, já que nem mesmo sabemos para onde vamos. Nossa única certeza é a morte, e nosso único medo é o local para onde seguiremos quando morrermos.

Em boa parte de minha vida, dentro das coisas que fiz para sobreviver, eu sentia medo de morrer. Muito medo de deixar meus entes queridos desamparados, de não poder sentir mais o beijo de minha omma, de não poder fazer mais as coisas corriqueiras que sempre fiz. Vivi por muito tempo como um garoto de programa, enfrentei acontecimentos difíceis e pessoas complicadas. Experimentei o que era o caos de perto, o desespero, o medo, a dor.

Me arrependo amargamente de ter acreditado na pessoa que me prometeu aquele emprego. Contudo, como vamos imaginar que por trás de um sorriso doce e convidativo, existe alguém mal? Em toda minha vivência, desde muito pequeno sempre desejei crescer na vida, dar coisas boas para minha mãe e realizar meu sonho.

Aquela proposta de emprego me caiu como uma luva, e eu aceitei. Mas, a realidade caiu como uma bomba em minha cabeça, quando descobri que o emprego era vender meu corpo para alfas, betas e até mesmo ômegas. De acordo com as palavras do chefe "aquele que pagasse melhor".

A realidade é uma merda. Ela é difícil. Ela não é esse conto de fadas que todos nós vemos passar nas novelas e nos filmes. Mas, quando estamos protegidos por nossos pais, nunca sabemos o que nos espera lá fora. Nossos pais nos preparam para o básico, mas, eles não nos ensinam que pessoas maldosas vão até o inferno para conseguir o que querem.

Eu escapei por pouco. Eu fui a pequena exceção nesse mundo tão horrível que é o da prostituição. Muitos morrem, outros somem. São exceções por exceções. Isso não é nem mesmo um terço do que se pode acontecer.

Agradeço aos céus, e a Yuna, por ter conseguido sair daquele mundo que poderia me trazer mais uma vez a morte. Eu só sei agradecer.

Por isso que hoje, desse lado da faca, me pego pensando que a única certeza que temos, dentro de toda essa analogia de vida que fiz, é a morte. Os enterros são para os vivos. É engraçado de se pensar que precisamos mais disso do que eles. E me dói perceber que eu compreendo a dor mais do qualquer outra pessoa.

Não estou agindo como um arrogante. Mas, certas experiências me fizeram experimentar na pele o que é a sensação de quase encontrar a morte, de sentir a dor e desejar sumir.

Aquele clima não estava ajudando em absolutamente nada. O tempo chuvoso me lembra o momento em que descobri o que aconteceria comigo e junto com essa dor, a perda de Taeyoon. É algo tão indescritível, que me sinto cansado.

Enterros me causam uma sensação difícil de se lidar, me trazem lembranças que eu jamais desejei relembrar. E neste complô doloroso, a realidade dura me cai sobre as costas mais uma vez.

A pessoa que mais me ajudou, que mais ficou ao meu lado e me recebeu como um filho, se foi. Taeyoon se foi e sua ausência sempre será sentida por mim e por todos aqueles que ela conquistou.

Taehyung me avisa sobre o enterro, diz que Yuna enviou uma mensagem avisando que eles já estavam indo para o local. Infelizmente, Taehyung não poderia ir, já que teria muito trabalho pela frente. Mas, desejou condolências a todos da família.

Eu me sentia um pouco melhor por ter Yongsun comigo. Meu filhote sempre procurava me animar, de sua maneira. Yongsun sente quando eu não estou bem. É instinto de alfa, principalmente de alfas filhotes. Eles não gostam de ver seus pais tristes e sempre fazem o que podem para que eles fiquem felizes.

Quando lhe disse que iríamos prestar todo apoio para Yuna, ele prontamente concordou. Em suas palavras, ele sentia que Yuna não estava bem, que estava chorando.

O caminho até o cemitério não seria fácil, mas, com ajuda de dois seguranças, consegui manter a minha segurança e a do meu filhote seguras. Era compreensível que a mídia estivesse no local, assim como os fãs.

Os fãs, em sua parte, conseguiram ser respeitosos com o momento. Diferente da mídia que não parava de tirar foto e era possível vê-los todos parados na frente do cemitério, enquanto alguns conseguiam entrar. Estava ciente dos riscos de comparecer no local, mas, eu precisava ir.

Precisava me despedir de Taeyoon. Não consegui evitar me sentir culpado por ter ido embora. Meu lobo estava profundamente magoado depois das recentes descobertas. Era tanta coisa para assimilar, para entender, que eu sabia que poderia me render. Eu estava desejando muito me render aquela dor, a me culpar e a chorar em posição fetal por dias.

O reencontro com o meu amor, a perda de Taeyoon, saber que acreditei em uma mentira. Depois de toda aquela conversa que tive com Yuna, estava difícil me concentrar nos meus reais objetivos. Mesmo com uma semana, parecia recente.

E pensar que eu perdi a possibilidade de ver Taeyoon, em vida, é doloroso. Que poderia ter apresentado nosso filhote para ela, magoa tanto. As lembranças percorrem minha mente em flashes rápidos e intensos. Em todos os detalhes, mostrando-me tudo. Como uma perfeita câmera lenta de memórias.

Do caminho de casa até o cemitério, vou chorando. Tento esconder de Yongsun e consigo disfarçar as minhas lágrimas para ele. Os óculos escuros ajudam nesse disfarce.

Quando os meus pés pisam naquele solo, eu tenho total certeza de minhas palavras. Os fãs são mais educados que os jornalistas. Eles fazem perguntas conforme eu avanço para dentro do cemitério. E são audaciosos ao ponto de seguirem-nos. Porém, os seguranças me protegem e protegem Yongsun de toda abordagem.

Seguimos firmes. Enquanto lágrimas caem por minhas bochechas, ouço burburinhos sobre minha presença ali. Sou o centro das atenções, mas, não me incomodo. Porque a única pessoa que eu preciso ver está ali, em pé, amparada por seus dois alfas.

Quando eles me vêem, se entreolham. Todos ao redor me encaram. Mas, o silêncio é único dentro daquele cemitério. Apesar de me olharem, vejo que todos choram, assim como eu me derramo em lágrimas.

Yuna recebe mais alguns abraços de Jungkook e Yoongi. Vejo Jungkook sorri de forma fraca para Yuna, e depois de alguns segundos, ele empurra ela em nossa direção.

Ver seus olhos cheios de lágrimas e sua pose quebrada, me destrói muito mais do que estou destruído. Yuna está tão cansada quanto eu, e a cada passo que ela dá em nossa direção, meu coração acelera cada vez mais.

Eu só desejava abraçá-la, acalmá-la e tocá-la. Meu lobo fica agoniado. Contudo, quando a presença se torna escassa e ela para em nossa frente, seus ombros se encolhem. Não demora muito para que eu a abrace e a conforte. Nosso filhote faz o mesmo.

Juntos e reunidos ficamos, passando todo apoio que Yuna precisa naquele momento. E que apesar de confortar o coração dela, também conforta os nossos. Perdido naquele abraço e naquele conforto, nada mais importa.

Burburinhos, especulações e matérias não são capazes de destruir toda paz, conforto e apoio que sentimos ao nos abraçarmos. Eu abraço a minha alfa e sou abraçado de volta. E nós dois, recebemos conforto de nosso pequeno alfa. Choramos juntos e quietos. 

𝐋𝐔́𝐏𝐔𝐒 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓, 𝐲𝐨𝐨𝐧𝐤𝐨𝐨𝐤.Onde histórias criam vida. Descubra agora