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O celular vibrando no bolso traseiro da minha calça, estava começando a me irritar. Não queria falar com ninguém no momento, já havia avisado Ana que me atrasaria para voltar, mas que recompensaria no seu salário.

Suspirei ao achar o que eu tanto procurava. Meus olhos marejavam, estar ali me deixava completamente emotiva. Passei a mão sobre sua lápide, Lucas Burke.

- Oi meu pequeno aviador.- Abri um pequeno sorriso.- Faz alguns meses que eu não venho te ver, está tudo tão complicado aqui Lu.- Suspirei.- Eu tenho vontade de desistir de tudo sabe? Jogar tudo para o ar, e apenas me isolar de tudo e todos, porque está difícil Lu, muito. Mas Luiza é linda, uma criança fantástica.- Sorri.- Você seria um pai tão babão, céus, eu passo horas vendo-a dormir e imagino como vocês ficariam babando nela.

Observei um casal jovem passar por mim, o rosto de ambos estava vermelho. Me perguntei quem eles havia perdido, um filho? Irmão? Amigo? Como se sentiriam naquela situação? Alguns lidavam melhores com a perda que outros.

- Eu e Noah estamos tentando de novo, sei o quanto você ficaria feliz e preocupado com isso, mas está tudo bem, eu acho.- Suspirei.- Me acertei com meus pais, acho que os anos separados fez bem para gente.- Mordi o lábio inferior.- Eu sinto tanta sua falta Lu, sinto que as vezes não sei lidar com as coisas sozinhas, e isso é péssimo. Eu sou mãe Lu, mãe da filha de vocês e estou com medo de falhar, eu não posso falhar, mas é inevitável, espero que vocês entendam.

{Cinco anos antes}

- Precisamos conversar Si.- A voz de Lucas preencheu meus ouvidos.

- Claro, sobre o que quer conversar?

Guardei meus esboços pessoais novamente na pasta, aqueles eram minhas peças exclusivas, apenas minhas. Observei Lucas se sentar sobre o sofá próximo a mim, suas mãos tremiam, me deixando claro que o assunto era sério.

- Joalin está bem?- Perguntei rapidamente, visto que a garota ainda não havia voltado de seu trabalho.

- Sim, está.- Suspirou.- É sobre mim.

- Pode falar então, Lu.

- Fui ao médico algumas semanas atrás, era apenas uma consulta de rotina.- Respirou fundo.- Sei o quanto odeia enrolação, então irei direto ao ponto, estou com câncer.

- O que?- Olhei-o em completa surpresa, eu não esperava por aquilo.- Joalin já sabe?

- Não, você é a primeira a saber sobre isso.

- Há chances de cura, não é?

- Sim, existe chances.

- Então por que está assim? Lu, eu te conheço, você vê o lado positivo de tudo, o que faz não pensar agora?

- Algo em mim não acredita que sairei dessa.

- Ei, não. Não, não e não.- Levantei-Me rapidamente do chão.- Não iremos pensar desta maneira, ok?

- Sina você sabe que é cinquenta a cinquenta aqui, eu posso morrer.

- Ou pode se recuperar e viver mais tempo ainda.- Suspirei.- Oremos pensar positivo, já sabe se está avançado?

- Irei fazer o exame no próximo mês.

- Tudo ficará bem Lu, apenas seja positivo com tudo isso.

- Nossos papéis estão invertidos agora?

- Podemos dizer que sim.- Sorri.

- Irei atrás de um Banco de Sêmen antes de fazer qualquer outro exame.

- Deixe-me adivinhar, não contará para Joalin.

- Se tudo ocorrer bem, ela nunca saberá sobre.

- E se tudo ocorrer mal?

- Pensei que fosse a positiva hoje.

- Só estou tentando entender sua ideia.

- Se tudo ocorrer mal, Joalin ainda terá uma chance de continuar comigo de alguma forma, se ela quiser obviamente.

- Eu não sei se acho esse momento romântico ou se te bato por pensar que algo ruim irá acontecer com você.

- Não vivemos em um conto de fadas Si, as pessoas morrem todos os dias aqui.

- Não é porque pessoas morrem todos os dias, que devemos tratar isso como algo normal.

- A única certeza que temos é a morte.

- Sim, depois dos nossos oitentas anos esperamos por ela, não antes disso.

- Sei que é pedir muito de você, mas poderia ir comigo?- Sorriu.- Não quero ir sozinho.

- E perder você ejaculando em um potinho? Nunca.- Rimos.- Estarei lá, apenas se me pagar um lanche depois.

- Como quiser.

Luvas me puxou para um abraço, me trazendo a segurançaque minutos eu havia perdido. O que eu faria sem esse homem da minha vida? Lucas era como um irmão mais velho para mim, e eu não existia sem ele. Não queria perde-lo, mas infelizmente não estava mais na minha mão protegê-lo ou não.

{Atualmente}

- Eu falhei com você Lu, falhei duas vezes já, e estou com medo de falhar a terceira vez. Sei que Noah da conta de tudo sozinho, ele sempre foi assim, mas eu.- Suspirei.- Eu não cuidava nem de mim, quem dirá Luiza. Talvez você esteja me olhando agora, e repetindo "você está fazendo um bom trabalho" , ao menos eu gosto de pensar que você esteja repetindo isso, me sinto um pouco melhor assim. Talvez eu esteja no caminho certo, ou então no caminho totalmente errado, eu não sei. Só espero não errar tanto com Luiza, ela é uma criança fantástica que infelizmente não conhecerá os pais incríveis que ela tinha.

" Nunca chegarei aos pés de vocês, é impossível chegar, mas tentarei ser o melhor que posso para Luiza, por mais que alguns dias sejam difíceis. Espero que não fique bravo comigo por ter contratado Ana, ela é uma boa pessoa, me lembra muito a Joalin. Acho que no final, Luiza terá amostra de como você e Joalin foi."

Olhei o pôr do sol em silêncio, eu precisava voltar para casa o quanto antes. Voltei-me para a lápide novamente, passando meus dedos por ela.

- Eu tenho que ir agora, mas volto no próximo mês, eu prometo Lu.

Deixem a ⭐

De repente Mãe •|• Noart AdaptationOnde histórias criam vida. Descubra agora