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Sempre pensei em como mataria Noah. E naquele momento eu tinha uma lista enorme. Suas mãos firmes ainda estavam sobre minha cintura.

- Quase me matou do coração Noah Urrea.

- Desculpa, vocês estão bem ?

- Poderia ter ao menos dito meu nome, sei lá.- Suspirei em partes aliviada. Ainda queria mata-lo, no entanto me controlaria no momento.

- Mas eu disse, Sina estou chamando você o caminho inteiro.

QUÊ?

- Me deixou preocupado.

- Não precisava se preocupar.

- É você Sina, sempre irei me preocupar.- Revirei os olhos.

- O que você faz aqui?

- Depois que me ligou e não explicou nada, fiquei preocupado com vocês.- Olho sua roupa, eram muito mais simples do que ele costumava usar no dia-a-dia.- Quando cheguei no seu prédio, o porteiro me informou que você tinha saído.

- E como me achou?

- Isso foi completa sorte.

Suspirei cansada, eu havia criado uma enorme confusão por apenas uma mamadeira e uma lata de leite.

- O leite de Luiza havia acabado, precisei sair para buscar.

- Por isso me ligou.

- Sim.- Respondi mesmo que não fosse uma pergunta.

- Poderia ter me pedido para comprar.

- Está tarde Noah, fora que isso é totalmente antiprofissional, você é meu chefe.- Noah revirou os olhos.

- Quando voltou a me rotular como apenas seu chefe?

- Quando você se tornou meu chefe.

- Sina...

- Preciso ir, desculpa tê-lo incomodado senhor Urrea, não irá se repetir.

- Não faz isso Sina, por favor.

Ignorei sua fala. Me livrei de sua mão e fiz o caminho de volta para o prédio que morava. Noah não me seguiu, mas desejei que tivesse. Ao chegar em casa, fiz o leite de Luiza. A bebê mamou totalmente feliz. Busquei uma enorme coberta em meu quarto, me deitei sobre o sofá juntamente com Luiza e adormeci admirando a noite estrelada.

Acordei de bom humor nunca foi mais fácil do que naquele dia. A pouca luz de sol que entrava pela janela, deixava a bebê que dormia sobre mim ainda mais bonita.

Me levantei do sofá, deixando a pequena ali por mais um tempo. Teria que voltar para a empresa, o problema era Luiza. Não tinha com quem deixá-la, seus avós estavam do outro lado da cidade, os irmãos Wang não poderiam me ajudar, muito menos Josh. Todos trabalhavam o dia inteiro, e eu não conseguiria deixá-la na mão de algum desconhecido. Pensei novamente na possibilidade de contratar meus pai, mas a ideia logo desapareceu da minha cabeça.

Me arrumei com as roupas sociais de sempre, organizei a bolsa de Luiza e depois a própria bebê. O macacão verde água realçava ainda mais seus fior castanhos. Aquela criança nunca saberia o que é ser feia.

Chamei um Uber assim que terminei tudo. Peguei a bolsa de Luiza e a minha, o carrinho de bebê e por fim, peguei Luiza. Estava completamente sem jeito, joguei as bolsas no carrinho, e permaneci com Luiza no colo. Como as mães conseguem fazer isso? Ao chegar no térreo meu Uber já me esperava, e para minha sorte o rapaz era muito simpático. Me ajudou a colocar as coisas no carro, e até mesmo cantou para Luiza, que retribuiu com seu sorriso banguela.

O andar que sempre permanecia vazio, hoje estava lotado. Diversas pessoas me esperavam assim que cheguei, e claramente a espera não era por mim, mas por Luiza. A bebê estava sendo mais paparicada que nunca.

No final do dia estava completamente cansada, e Luiza aparentemente também. A bebê passou o dia todo nas mãos de diversas pessoas, parando em minha sala apenas por uma horinha. Todos estavam amando Luiza para ficar com ela e realizar suas tarefas. Me fizeram prometer que às traria pelo resto do mês, e não pude recusar afinal não havia com quem deixá-la sozinha. Ainda não havia falado com os Urrea, mas acredito que se Luiza passar despercebida por um tempo, não me trará problemas. Além de que mais da metade das pessoas naquele prédio estavam dispostos a me ajudar, estavam até mesmo fazendo um cronograma com seus compromissos e tempos livres.

Juntei minhas coisas, deixando Luiza no carrinho e as bolsas em meu ombro. Sai rumo ao elevador, o andar estava no completo silêncio já. Sabia que os únicos ainda restantes no prédio estavam em  reunião com Marco,por sorte, eu havia fugido de estar lá também.

Adentrei o elevador, prestando atenção em uma Luiza quase adormecida. O dia havia sido cansativo para nós duas, mas por sorte Josh estava a nossa espera na recepção.

- Oi.

- Oi.- Sorriu.- Como foi o dia de vocês?

Josh tomou as bolsas em meus ombros, enquanto andávamos para o lado de fora do enorme prédio. Seu carro estava estacionado bem às frente da porta.

- Cansativo, e o seu?

- Perdido.

Tirei Luiza do carrinho, permitindo o rapaz de guardar no porta-malas do carro. Não demorou muito mais para entrarmos no carro, e Josh passar a dirigir para meu apartamento.

- O que aconteceu?

- Um caso difícil.

Josh sempre me contava sobre seus casos, exceto quando eles eram referentes a alguém de muito poder. Por mais que fossemos amigos e confiavamos um no outro, Josh não gostava de entrar em nenhum detalhe.

- Político?

- Não, porém com tanto poder quanto.

- O caso é difícil?

- Sim, mas daremos um jeito de ganhar.

- Josh!

O rapaz na ousou olhar para trás, sabia que se olhasse para mim, eu o faria falar. Não gostava muito quando Josh atendia pessoas com muito dinheiro como os Urreas, eles nunca jogavam limpo, sempre tentam tirar vantagem de tudo e usavam o dinheiro para calar qualquer um. Chegando no prédio em que eu vivia, Josh apenas me ajudou levar as coisas para dentro antes de ir embora, sabia o quanto eu me incomodava com o que fazia para aquelas pessoas, ele próprio não gostava mas o pagamento era bom, como ele poderia recusar?

Ao adentrar meu apartamento, o cansaço me derrubou. Não havia reparado quão cansada eu estava até pisar em casa. Deixei as coisas no chão, retirei os sapatos e a calça social que eu usava . Peguei Luiza no colo, indo rumo ao banheiro. Enquanto a banheira se enchia, retirei a roupinha de Luiza e sua fralda. Testei a água antes de colocá-la dentro.

Dei um rápido banho em Luiza e depois sua mamadeira. Antes mesmo de terminar seu leite a pequena já dormia profundamente. Deixei-a em seu berço, arrumei a babá eletrônica que Krystian havia comprado. Deixei a telinha que mostrava a bebê sobre o balcão da cozinha. Precisava fazer algo para jantar, a ideia de apenas pedir algo era tentador, mas infelizmente não era rica o suficiente para me dar ao luxo de Ifood todos os dias, agora eu tinha leites em pó para comprar e garanto que não são baratos. Abri os armários em busca de algo simples para fazer,  acabei optando por crepe. Fiz rápidamente a massa e o recheio, quase botando fogo na cada ora ou outra. O final foi surpreendentemente delicioso, havia me esquecido o quão delicioso era uma comida caseira.

O cansaço estava me dominando novamente, mas a bagunça em minha cozinha implorava para ser arrumada, não poderia negar seu pedido. Luiza dormiria o tempo inteiro, provavelmente estava tão cansada quanto eu. Levei uma hora e meia para finalizar tudo, a cozinha estava impecável novamente e meu corpo clamava por descanso. Antes de realizar o pedido do meu corpo, parei no banheiro, terminei de me despir e entrei no box. A água quente me fez relaxar completamente, poderia passar horas ali, no entanto minhas pernas começavam a vacilar. Sai do banho ainda relutante. Vesti meu pijama, e me joguei sobre a cama. Dando o tão esperado descanso que meu corpo pedia.

De repente Mãe •|• Noart AdaptationOnde histórias criam vida. Descubra agora