3

1.6K 163 34
                                    

Suspirei cansada. Não fazia nem se quê quatro horas que Luiza estava em casa e eu já estava louca. A pequena não parava de chorar e isso estava me preocupando, já havia trocado sua fralda e lhe alimentado, o que mais poderia ser?

[Sina]

Krystian socorro // 10:19

Ela não para de chorar // 10:49

Já fiz de tudo // 10:49

[Krystian]

Está pedindo ajuda 'pro irmão errado Si. // 11:00

[Sina]

Hina está em cirurgia // 11:02

Por favor Krystian, eu preciso de sua ajuda // 11:02

Ela vai me deixar louca. // 11:11

Luiza continuava a chorar em meu colo, não sabia lidar com crianças, muito menos bebês. Aquela situação me  lembrava do terrível jantar que tive com um dos meus ex-namorados, a sobrinha dele estava conosco, foi catástrofico aquele dia.

Por que aceitei que Joalin engravidasse? Poderia ter dito que não, expulsado ela de casa, mas não, apoiei ela em tudo e cá estou eu, com um bebê no colo sem saber o que fazer.

- Vamos lá Luiza, se continuar assim, irei chorar junto.

A bebê me olhava sem entender o que estava sendo dito. O som alto da campainha fez a pequena parar de chorar por segundos.

- Seu Salvador chegou.-  Krystian disse, entrando em casa. Em suas mãos havia algumas sacolas. - Ela é linda.

Levantou a mão para tocá-la, virei meu corpo para trás afastando Luiza dele. Arrancando-o uma careta de seu rosto, e uma risada da bebê.

- Não. Lave suas mãos imundas antes de tocar nela.

- Quanto drama mamãe, estou indo lavar as mãos.- Revirou os olhos, largou as sacolas na bancada e lavou as mãos.- Pensei que os avós dela estariam aqui.

- Foram embora hoje cedo, depois que o testamento de Joalin foi lido, eles decidiram ir. Provavelmente ficaram chateados e surpresos com tudo o que rolou, eu não sei.

- Eu também ficaria se meu filho fizesse um testamento e deixasse o bem mais valioso dele na mão de uma amiga...mas então você é oficialmente mãe agora?- perguntou, pegando Luiza no colo.

A pequena parecia prestar atenção na conversa, olhava para nós todo o momento. Os olhinhos cor de azul que a bebê tinha a deixava adorável.

- Ainda não, tenho uma semana para decidir o que fazer com ela, e caso eu me decida ficar com ela terei que entrar com um processo de adoção.

Krystian me encarou sem entender.
Repassei minha fala mentalmente, verificando se havia me embolado em algum momento.

- Ainda está com dúvidas se ficará com ela?

- Krystian eu tenho trabalho, não posso largar tudo.

- E vai abandona-la?

- Eu não disse isso...

- Mas é o que parece.

O rapaz saiu da cozinha com Luiza quase adormecendo em seu colo. Olhei para as sacolas que ele havia trazido, eram coisas para a bebê. Suspirei, após ver as coisas. Ficariam lindas nela.

Aproveitei a paz que havia se instalado na casa e passei o a fazer o almoço. Assim que desliguei a última panela, fui atrás de Krystian, o rapaz estava no quarto de Luiza, observando a dormir em seu berço.

- O almoço está pronto.

Ele assentiu, cobrindo Luiza antes de sair do quarto.

- Estou com medo Krys.- Admiti pela primeira vez em voz alta.- Medo de falhar com Lucas e Joalin, principalmente com Joalin.

- É uma enorme responsabilidade, sabemos disso Si.- segurou minha mão por cima da mesa.- Mas precisa decidir o que quer fazer logo.

- Eu sei.- Suspirei.

[...]

Krystian acabou passando o resto do dia conosco, Luiza pareceu gostar da companhia dele. Graças a sua ajuda consegui guardar as coisas de Joalin, ainda doi olhar para o quarto e saber que ela nunca mais voltaria. Terminei de arrumar a cozinha, Luiza dormia no carrinho de bebê, me aproveitei disso e a levei para meu quarto ainda no carrinho. Parecia estar em um sono bom, hora ou outra sorria levemente.

Peguei a caixa no fundo do guarda roupa, era uma caixa de sapato, Joalin havia encapado ela com algumas figurinhas. Abri a mesma, tirando de lá suas cartas para Luiza. Nunca havia lido nenhuma delas, apenas sabia que Joalin as guardava em meu guarda-roupa.

Minha pequena Luiza, infelizmente não tivemos a oportunidade de se conhecer, mas quero que saiba que mamãe te ama muito. Talvez você sinta raiva ao saber da sua história, por saber que engravidei ciente que não viveria para te criar, mas eu não encontrei motivos para viver  sem seu pai, não via mais uma vida sem ele. Eu tentei, juro que tentei seguir em frente e recomeçar minha vida, mas não consegui, e nessa descobri que ainda havia uma maneira de manter o nosso amor vivo, de realizar nossos sonhos. Você minha pequena foi o nosso sonho, infelizmente nenhuma de nós conseguiu te conhecer, porém lembre-se sempre que nós te amávamos bem antes de conhecê-la. Creio que sua tia (agora "mãe"), tenha cuidado maravilhosamente bem de você, eu mesma me certifiquei que você ficasse em boas mãos. Desde que recebi positivo passei a escrever todos os dias para você, quero que conheça a história de seus pais, que saiba como éramos. Eu te amo muito filha, espero que não me odeie pela minha decisão. Com amor mamãe.

Fechei a carta com lágrimas nos olhos. Olhei para Luiza que ainda dormia tranquilamente em seu carrinho, não poderia deixá-la, não me perdoaria acaso fizesse isso. Guardei a carta na caixa novamente e a devolvi para o guarda-roupa, leria o resto em outro momento.

Arrumei Luiza em seu carrinho, e lhe puxei para perto da cama. Mandei uma rápida mensagem para Kyle, pedindo para mandar meu trabalho por e-mail, trabalharia de casa até criar uma rotina com Luiza.

- É pequena, parece que seremos eu e você agora.- Sorri, mesmo que ela não estivesse acordada para ver.

Estava ciente que criar uma criança não era uma tarefa fácil, mas eu estava pronta para aceitar o desafio, ao menos esperava que estivesse.

Deixem a ⭐

De repente Mãe •|• Noart AdaptationOnde histórias criam vida. Descubra agora