Epinefrina

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Acho que todos vocês já devem ter ouvido falar sobre epinefrina. Caso não reconheçam a palavra, talvez se lembrem da adrenalina, sabem não é? Aquilo que alguns confundem com ansiedade, mas na maioria das vezes é só nervosismo.

Ainda falando em epinefrina, é um hormônio que se produz no corpo humano, liberado sempre que somos colocados diante a circunstâncias de fortes emoções. Parecido com um mecanismo de defesa, os sintomas como batimentos cardíacos acelerados, pupilas dilatadas e suor em excesso são os mais fáceis de se perceber e é exatamente isso que Jimin sentia todas as vezes antes de começar a dançar em algum palco.

- Dois minutos.

Maquiadores, cabeleireiros, staffs e colegas, todos estavam em volta de Park naquele momento, cada um deles encostando em alguma parte de sua pele. Se não fosse pelos supressores, todos ali sentiriam seu cheiro de medo. Tinha treinado mais do que deveria para aquela apresentação, a primeira em Paris, ou mais importante, a primeira na França. A única certeza que Jimin tinha no momento era que ali fora não existia somente amantes das artes, também tinham muitas pessoas importantes como políticos. Tudo deveria sair da forma mais impecável possível.

- Relaxa, Jimin.

Saindo do transe que sua mente o colocou, Jimin virou o rosto rapidamente na direção da voz do melhor amigo.

- Cala sua boca. Por favor, saiam, vocês estão me deixando mais nervoso.

E todos saíram, obedecendo o dançarino de ouro que eles cercavam. Ômega ou não, Park Jimin tinha uma voz e todos a ouviam sem questionar, menos, obviamente, Kim Taehyung.

- Falei pra relaxar, Ji. Você já esteve em várias apresentações, por que essa seria diferente?

- Olha lá fora! Tem muita gente, não sei se consigo, Tata.

Olhando entre as cortinas, Taehyung entendeu o verdadeiro motivo do nervosismo do amigo. O problema não era as várias pessoas, e sim uma em específico, um alfa que Jimin estava de olho há algumas semanas desde que chegara na França. Jeon Jungkook era alto e atraia olhares para si por conta da beleza e cheiro, mas não vá pensando que era só isso que o mais novo tinha ao seu favor. Conversando com ele , você consegue perceber facilmente que ele era gentil, fofo e cavalheiro, em outras palavras, um sonho perfeito para quase todos os ômegas.

Tae deixou o mais baixo abraçá-lo, Jimin logo colocou o rosto no pescoço do amigo e puxou o cheiro do alfa com o nariz de forma profunda, estava tentando acalmar a si mesmo e, se precisava usar o aroma de um alfa para isso, usaria.

- Vai com calma, você irá arrancar toda minha essência dessa forma, Yoongi ficará bravo. - Taehyung riu, desencaixado a face do amigo de seu pescoço.

- Babaca.

- Dez segundos.

Empurrando o alfa para fora do palco, Jimin se posicionou no centro dele, as cortinas se abriram, fazendo sua respiração parar por alguns míseros segundos. No entanto, tão rápido quanto foi, ela retornou assim que as primeiras melodias de Lovely puderam ser escutadas e junto a isso o corpo de Park começou a se mover pelo palanque.

Jimin conseguia sentir até o suor que descia por suas costas, fazia movimentos fortes e limpos, mas não na visão da plateia, para eles aquele ômega no palco não dançava, pelo contrário, parecia voar. Ninguém conseguia tirar os olhos do pequeno, toda a atenção estava em si, ele contava uma estória com sua dança e com aquilo dava para sentir sua dor através da coreografia, era tudo muito perfeito.

Lágrimas começaram a descer pelos olhos de Jimin, porém só ele sabia o que estava sentindo, os seus músculos pulsava por causa do grande esforço colocado na coreografia, o rapaz começava a ficar exausto e se segurou para não simplesmente cair sem forças no meio do palco, na vista de todas aquelas pessoas que não pensariam duas vezes antes de julgá-lo e jogá-lo no primeiro avião de volta para a Coreia, então Jimin foi forte e continuou. Ao fim da pirueta, ele levantou os olhos e encarou o máximo de pessoa que conseguiu, todos começavam a se levantar e aplaudi-lo de pé, lágrimas continuavam a rolar pela bochecha do menor que apenas se curvou em forma de agradecimento, saindo da plataforma rapidamente, até estar fora das luzes para enfim se jogar no chão.

A última dançaOnde histórias criam vida. Descubra agora