Somos protagonistas da nossa própria história. Cada ato cometido ou não proporciona consequências a nossa volta que, por menor que sejam, fazem a diferença. Escolher um caminho e deixar de trilhar outro te levará para um final diferente, e isso me faz pensar como será o término da linha do trem que conduz meu vagão nesses trilhos com possibilidades infinitas.
Deitada na minha cama reflito sobre a tarde de ontem, encaro o paletó do Oliver na poltrona do meu quarto e volto meu olhar para o lado vazio da minha cama. Controlo meus sentimentos bagunçados que teimam em dançar em minha mente e meus instintos dizem que fiz a escolha certa.
Leonardo está fora de casa desde o dia que voltei do hospital, mas em compensação meu celular está cheio de chamadas perdidas. Lágrimas invadem meu rosto ao pensar no buraco em que me enfiei e ao refletir sobre tudo me sinto perdida. Sozinha dentro de um labirinto mental onde posso ser salva apenas por eu mesma.
Me levanto de repente e apanho o casaco que peguei emprestado, visto-o e inspiro o aroma de perfume impregnado na peça. Pensar que não conheceria outra pessoa se não fosse pelos atos do Leonardo traz a sensação que todas as coisas ocorrem por um motivo, sejam boas ou ruins.
Não consigo tirar aquele homem da minha cabeça, mas sei que é necessário porque nunca mais nos veremos novamente e preciso me contentar com o dia em que nos vimos pela última vez na barraca de cachorro quente. Fecho meus olhos e imagino aquele homem à minha frente, ele está lindo com um smoking e com seus cabelos encaracolados ajeitados pelo gel.
— Safira, dai-me a honra desta dança? — Sua voz ecoa pelos meus ouvidos e me arrepio por completo. Imagino seu toque quente sobre o meu corpo. Seus braços rígidos envolvendo minha cintura
— Claro. — Respondo-o como se ele estivesse mesmo aqui. Seguro sua mão e começamos a dançar uma música que só existe em minha imaginação.
Rodopio pelo quarto acompanhada das minhas fantasias que não se dissipam pelo ar no momento em que ouço um barulho vindo do outro cômodo. Volto a minha realidade e encaro o quarto.
Permaneço em silêncio para ouvir o barulho novamente e ouço passos vindos do corredor. Meu coração acelera e apanho o abajur exposto na cômoda para me defender. Preparo-me para atacar o invasor, quando ele surge nas sombras, fecho os olhos e forço o objeto em direção a silhueta do homem.
— Calma, Sá! Não precisa de tudo isso. — Victor diz segurando o abajur no ar.
— D – desculpa.... — Pisco algumas vezes para me acalmar. — Por que você não me avisou que vinha?
— Você por acaso olhou seu celular? Tentei te ligar várias vezes! Está tudo bem com você? — Sua cara de preocupado me faz rir.
— Claro que está. Tirando meu marido maníaco, e eu começando a me apaixonar por um completo estranho que acredito que nunca mais verei.
— Espera aí, você disse apaixonada? — A expressão de Victor muda para entusiasmo.
— Não diria APAIXONADA.... Talvez só um pouco pensativa sobre aquele cara que me salvou no shopping, mas nosso encontro com o cachorro quente foi um desastre, eu fugi.
— Por que diabos você fez algo assim? — O tom do Victor é repreensivo.
— Ainda estou casada, e tenho muita coisa para pensar agora. Preciso descobrir mais sobre Victória, além de me preparar para o intercâmbio que será daqui a três dias, não posso me enrolar com algo a mais.
— Você é teimosa! Mas uma hora sei que você aprende.
— Sabe que sim, quem sabe em outro momento, mas me diga, o que veio fazer aqui? — Indago curiosa.
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Perdida em seu toque ( DEGUSTAÇÃO)
RomanceEncontrar um amor para toda a vida sempre foi o grande sonho de Safira Mas depois de dizer o tão sonhado sim sua vida mudou completamente. Com a alma ferida e o corpo sangrando, marcada pela ira de seu cônjuge, em meio ao caos, ela encontra Oliver D...