CAPÍTULO 3

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Observo ao redor e noto o grande salão a minha volta, repleto de pessoas que jamais vi em minha vida, analiso cada detalhe do ambiente. As paredes no tom pastel deixam a decoração mais destacadas. O piso de mármore puro reflete a luz dos lustres, expondo as mesas fartas com frutas e peixes diversos.

Ao olhar o vestido bufante azul marinho que visto, me sinto uma princesa presa em um conto de fadas. Tateio o meu pescoço, notando um medalhão com um brasão desenhado preso sobre ele e acredito que esse símbolo representa algo importante. A música clássica invade o local ecoando por todo o lugar.

- Sra. Mardell dai-me a honra desta dança? - Vejo Ramon a minha frente, me convidando para dançar com uma leve reverência, isso me faz crer que devo estar sonhando novamente.


- Ramon... - Meu rosto fica quente ao sentir o toque de suas mãos envolverem minha cintura. Coloco minha cabeça sobre o seu peito, fecho meus olhos, sendo conduzidos pela música, nossos corpos se interligam por completo.


- Vitória! - Ouço uma voz gritar em minha direção, e de repente o medo me domina por completo, abro meus olhos e vejo sobre o ombro do Ramon, Edgar vindo em minha direção, o pânico me invade e me solto instintivamente.


- Temos que ir... Ele irá nos pegar. - Grito para o Ramon, e ele olha para trás e encara seu irmão com a arma nas mãos, aproximando-se cada vez mais.


- Você nunca conseguirá fugir, está presa a mim! Você é minha para sempre. - Em um piscar de olhos vejo Edgar a minha frente segurando meu braço com força. - Nessa vida ou em outra, sempre será minha!

Acordo ofegante, e encaro o relógio da escrivaninha, que marcam seis horas da manhã. Nesse domingo estou determinada a descobrir mais sobre os sonhos que se tornam cada vez mais presentes.

Acredito que eles significam alguma coisa e não vou descansar até encontrar a resposta que procuro. Isso me faz pensar que essas visões não são apenas uma obra projetada na minha imaginação. Olho para o lado e não vejo meu marido sobre a cama. Levanto-me ao notar um bilhete sobre a cômoda, o apanho já acostumada com a rotina dos recados.

"Fui correr no parque, volto logo"

Leonardo não aceita minha independência, como não pode me apoiar, prefere se distanciar. Pelo menos assim ele não me machuca mais uma vez.

Sei que deveria fazer uma denúncia, mas eu ainda tenho sentimentos por ele, além disso se algum escândalo acontecer a carreira dele escorre pelo ralo e apesar de todos os maus tratos não consigo odiá-lo, na verdade eu me odeio por não conseguir sentir raiva dele.

Amasso o bilhete e apanho meu notebook. Volto-me para cama e abro a janela de pesquisa. Hoje quero descobrir se o que ando sonhando é realmente verdadeiro ou não. Tomando coragem, eu pesquiso o significado do nome Mardell. Para meu total espanto, essa família realmente existiu.

Descubro que sua origem é inglesa e que uma família no século XIX veio para o Brasil em busca de terras, mas apenas essa informação que encontro sobre a família. Minha curiosidade é aguçada e por alguma razão sinto que conseguirei encontrar algo a mais. Mergulho ainda mais nas pesquisas e digito no google o nome Edgar Mardell. No mesmo instante aparece o rosto do homem que assombra os meus sonhos.

Observo atentamente cada traço do seu rosto e o momento do tiro volta a vagar em minhas memórias. Recupero o ar que perdi por alguns segundos em seguida noto algo familiar. Atrás da fotografia encaro um brasão, mas não é um qualquer, ele estava desenhado no medalhão exposto em meu pescoço.

Abro a página do Museu municipal de São Paulo e pesquiso o respectivo sobrenome no guia. Surpreendo-me ao encontrar o medalhão exposto na área de história do Brasil. Um sorriso de vitória se instaura em meu rosto e apanho o celular pronta para chamar o Vick. Ele com certeza irá se empolgar com o que tenho para contar.

- Alô, Sá, aconteceu alguma coisa? - Sua voz de preocupação ecoa pelo outro lado da linha.

Perdida em seu toque ( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora