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  Lá estava Sirius indo de volta ao seu lar, ao mesmo tempo que diversos outros alunos estavam deixando ele. O garoto estava indo para Hogwarts, para o seu quinto ano, e no caminho para entrar no trem alguns alunos o encaravam mas nenhum deles tinham coragem para falar nada.
  Sirius entrou em uma cabine vazia esperando o seu grupo de amigos enquanto todos as lembranças ruins sobre as suas férias voltavam a sua mente, mas ele não deixou nenhuma lágrima cair. Remus foi o primeiro a entrar e mesmo reparando o mesmo que os outros alunos ele não falou nada, apenas chegou e abraçou o amigo, Peter chegou logo depois e nem ao menos conseguiu reagir antes de cair sentado no banco.
  James foi o último a chegar e também o único que teve coragem de falar algo:

  –Que merda é essa?? Eu vou matar a Walburga e o Órion!! –o garoto esbravejou ao ver o olho roxo do melhor amigo e um corte na boca. Os outros marotos suspeitaram que o trem inteiro havia escutado tal grito.
Remus ao perceber a expressão dolorosa de Sirius rapidamente se manifestou

  –James vai com calma, ele vai explicar tudo para a gente, mas agora ele não precisa nem da sua raiva e nem de milhões de perguntas, ele precisa do nosso apoio. –ao ouvir isso James respirou fundo e deu um forte abraço naquele ele considerava seu irmão. Sirius não se manifestou mas retribuiu o abraço.

  A viagem seguiu com um clima pesado, mas sem ninguém tocar no assunto, até no meio do caminho Lily entrar na cabine dos garotos com uma cara preocupada:

   –Sirius! –ela se surpreendeu ao ver o rosto machucado do rapaz mas logo se sentou a frente dele segurando suas mãos.

  –Sei que você pode não querer falar sobre isso, mas fiquei preocupada quando vi o Regulus chorando sozinho em uma cabine. Sev ficou lá para tentar entender o que aconteceu e talvez consola-lo, enquanto eu quis logo vir aqui para ver se você podia me explicar algo. –a garota tentou ser o mais delicada que pode, com uma voz suave.

  –Você poderia me dizer o que aconteceu?
  Sirius respirou fundo fechando os olhos, parecendo pensar no que fazer. Ao final tomou uma decisão:

  –Eu sei que vocês devem estar querendo muito saber o que aconteceu, mas eu não estou pronto para contar. –o menino disse ainda de olhos fechados.
  Todos os presentes vendo o rosto triste de Sirius, concordaram com a cabeça. Lily só saiu da cabine quando já estavam chegando na escola para os meninos trocarem de roupa e aproveitar para procurar Severo.

  Com o passar dos dois primeiros meses Sirius ia voltando ao normal, pelo menos para toda Hogwarts com exceção dos seus amigos que sabiam que tinha algo errado, apesar do mesmo se esforçar ao máximo para parecer bem. Apesar deles verem que as coisas não estavam certas, nenhum deles resolveu perguntar nada, queriam dar espaço para o amigo se sentir confortável.
  Regulus também parecia estranho e mal conseguir olhar para o próprio irmão, Severo disse a Lily que o mais novo não sabia do que tinha acontecido com Sirius, mas se sentia extremamente culpado por não ter feito nada para ajuda-lo. Os mais velhos tentaram o tranquilizar, dizendo que ele não poderia ter feito nada, mas o pequeno Black insistia em se chamar de covarde e que nunca conseguiria enfrentar sua família.

  As coisas mudaram em um dia em que Lily estava fazendo a ronda e ouviu um choro vindo de uma sala que não reconheceu e que tinha certeza que a pouco não estava alí, por isso deduziu ser a sala precisa. Ao entrar viu seu amigo Sirius chorando encolhido em um canto, ele parecia tremer e sua respiração estava claramente desregulada. Ele estava tendo um ataque de pânico, e a garota reparou nisso, e por isso não tardou a correr em sua direção e fez o possível para o abraçar com toda a força que tinha. O menino tentava falar mais nada saía de sua boca, e as lágrimas não paravam de escorrer por seu rosto.
  Aos poucos o garoto foi se acalmado com as palavras de apoio que a amiga lhe dirigia e com o abraço acolhedor que ela lhe dava. Foi recuperando seus sentidos e depois de um tempo conseguiu falar algo que fazia sentido:

  –Obrigado Lily, não sei o que teria feito sem você. –ele disse com a voz baixa e chorosa, ainda se recuperando da crise.
  Delicadamente a ruiva se desvenciliou do abraço e olhou no fundo dos olhos acinzentados a sua frente.

  –Eu preciso que você me conte o que está acontecendo, por favor! –ela usou um tom doce porém firme, e observou os olhos do amigo se encherem novamente de lágrimas.

  –Eles não me entendem, e nunca vão me aceitar, eles só querem me destruir. –o Black voltou a chorar e abraçou novamente a amiga, que ficou surpresa e preocupada por ver o amigo tão frágil e sensível, nunca havia o visto assim, ele sempre se mostrou forte, as vezes indiferente e até mesmo frio em todas as situações, apesar de sempre ter sido carinhoso com os amigos.

  –Sirius, olhe para mim. –a ruiva se afastou e encarou os olhos que estavam avermelhados de tanto chorar.–Nós somos sua família! Eu preciso que você confie em mim e me explique tudo.
  O rapaz assim como vez no trem respirou fundo e fechou os olhos, mas dessa vez abriu os olhos e começou a falar.

  –Eu odeio ir para aquele lugar, aquilo não é uma casa, muito menos um lar, se Regulus não estivesse lá eu já teria fugido a muito tempo. –ele disse mas logo continuou sem dando a chance de Lily falar algo. –Nunca foi agradável voltar pra lá, mas dessa vez conseguiu ser pior, ele ameaçaram o Reg e eu não tive outra escolha se não sofre as consequências por ele. Eles descobriram um segredo meu, que nunca contei a ninguém, nem mesmo pros Marotos, e por isso me espancaram.
  No final de sua fala ele já chorava novamente e soluçava de vez em quando. Lily tinha uma expressão triste, sentia dor ao saber pelo que o amigo passava.

  –Lily eu sou...eu... sou–ele falava pausadamente já que chorava muito. –Eu sou... gay, eu entendo se você não quiser mais... –antes mesmo de poder terminar a frase a garota já havia o abraçado com força.

  –Sirius eu te amo, e você gostar de homens não muda nada pra mim. –ela o soltou e mais uma vez olhou em seus olhos, que ainda estavam molhados. –Você é o mesmo Sirius que sempre compra chocolates quando o Remus está triste, que sempre apoia o James em qualquer coisa, que defende o Peter sempre que ficam zoando ele, o mesmo Sirius que bateu no Malfoy só porque ele me chamou de sangue-ruim. Você é aquele que enfrentou sua família para se tornar uma pessoa melhor e todos nós te amamos por isso!! Suas escolhas definem você, o seu caráter define você, não a sua sexualidade.
  Quando a ruiva parou de falar o mais alto está chorando pela milésima vez aquele dia, mas dessa vez era de alegria, nem sabia como reagir, e apenas se aconchegou naquele abraço e ficou lá até se recuperar do discurso da menina.

  –Sirius, eu sei que você está com medo de ser julgado, mas ao pensar que eles vão fazer o pior, você próprio está os julgando, e não é justo. Eles sempre te apoiaram em tudo, eles te amam, não vão virar as costas pra você por causa disso. –aquelas palavras vieram como facas afiadas no peito de Sirius, fazendo-o se sentir mal. –E qualquer coisa, se eles te julgarem eu mesma azaro eles de forma que vão se arrepender de ter vindo para Hogwarts esse ano! –no final da afirmação da garota ele conseguiu soltar uma risada sincera depois de tanto tempo.

  –Eu vou tentar falar com eles, mas ainda tenho medo, eles são a única família que tenho. –ele disse com um semblante triste e preocupado. Mas ele se tornou surpreso quando recebeu um tapa de Lily. –Aii! Doeu!

  –Era para doer mesmo! –ela o encarou brava. –Eu também sou sua família, Regulus é sua família, e se quiser Severo pode se tornar sua família. Sempre terá o nosso apoio.
  A de olhos verde depositou um beijo na testa do mais alto e começou a fazer carinho nos cabelos ondulados de Sirius, que sentiu acolhido ao perceber uma paz muito grande crescer dentro de si. Estava se sentindo tão seguro que acabou dizendo algo que não havia admitido nem para si mesmo até aquele momento.

  –Eu estou apaixonado pelo Remus.

Julgamentos- Wolfstar e JilyOnde histórias criam vida. Descubra agora