━ CAPÍTULO DOIS ━

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A DAMA DE TERRAS DISTANTES

Todas as janelas estavam escuras, ninguém sabia que ela estava lá. Todos os humanos adormecidos sonhavam bons sonhos sem se preocupar. Muito ansiosos para a manhã de sexta, para seu último dia da semana e nunca passaria pela mente de algum deles que naquele exato momento, enquanto contavam carneirinhos, uma mulher emergia da escuridão.

Arabelle Crox segurava um cristal que brilhou em branco, amarelo, azul, roxo e se tornou cinzas ao cumprir seu dever — Criar um portal de emergência —, e se sentiu completamente desconfortável ao sair da noite fresca e agradável de Tênax e adentrar a madrugada fria e chuvosa da terra.

O nevoeiro era espesso e abafava o som e a visibilidade de qualquer um que pudesse estar espreitando pela janela.

Arabelle ajeitou seu casaco escuro e comprido, tapando seu rosto com o enorme capuz, escondendo-o de qualquer luminosidade que a delatasse; seus olhos cor de esmeralda e riscos amarelos, mesmo sob o crepúsculo, ainda se mostravam muito assustadores para pertencer a um humano.

As nuvens estavam totalmente cinzas s e um relâmpago partiu o céu a sua frente. O começo daquele temporal era o toque dramático que aquela noite não precisava, pensou Arabelle, ela já tinha sido teatral o bastante para seu gosto. Há poucas horas, o informante havia invocado o portal de Tênax, aberto as portas daqueles dois mundos em um momento tão improprio que o caos tomou conta do outro lado, e Arabelle agradeceu por ter guardado sua cristal de opala para conseguir fugir do castelo antes que as sentinelas do rei a encontrassem — assassinassem.

Arabelle não conseguiu evitar revirar os olhos quando a primeira gota de chuva molhou sua roupa, avisando-lhe que aquela opera dramática estava apenas começando. Odiava operas e peças de teatros, mas tinha que admitir que a chuva ajudaria a esconder a sua volta ao mundo dos seres não-mágicos.

Os postes de luz nas calçadas formavam círculos amarelos e pálidos no concreto, iluminando os passos da mulher enquanto seguia, sem interrupções, o mapa na sua cabeça. Havia atravessado para um ponto distante do seu destino, e agora tinha que se apressar.

Por baixo da enorme capa preta, Arabelle ainda usava seu uniforme de serviçal; o ridículo vestido esfarrapado bege e as botas apertadas que não trocava desde sua adolescência. Sua roupa tinha o intuito de humilha-la perante os nobres, tirar seu poder ao fazê-la se sentir menos, mas um lobo era um lobo, mesmo quando forçado a servidão, mesmo vestido com trapos. Ela era perigosa e sabia disso.

Seu belo rosto estava oculto, e era uma pena para aqueles seres não-mágicos que se aventuravam na madrugada, não poderiam ver seus majestosos cachos violeta, quase azuis, tão escuros que pareciam pretos durante a noite, seus lábios grossos e os majestosos olhos brilhantes. Sua pele negra estaria a bilhar ao luar se não estivesse completamente coberta.

A herdeira perdida - As crônicas de TênaxOnde histórias criam vida. Descubra agora