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━ PORTAS SECRETAS E BIBLIOTECAS PENSANTES ━
A porta se abriu e Cassandra caiu com o nariz no chão. Chão não, caiu com o nariz na grama verde e macia.
A garota subiu os olhos do verde primaveril e encarou o homenzinho parado a sua frente, estava esplendidamente vestido, com um par de luvas brancas e uma cartola charmosa, também branca. Seus sapatos brilhantes pareciam imunes a terra ou fiapos de grama. O óculos redondo estava caído na ponta do nariz enquanto a olhava se levantar do chão. Os lados do bigode estavam eriçados e segurava um relógio de bolso na mão.
— Você está atrasada. — Informou.
— Lamento. — Disse ela, limpando a terra dos joelhos. — Mas eu nem sabia que devia vir.
— Mas eu sabia que você viria. — Falou com um sorriso orgulhoso. — Siga-me, já arrumei a mesa.
Cassandra queria perguntar de que mesa ele estava falando, mas ficou sem palavras ao erguer os olhos e vislumbrar o que a esperava: O espaço que se estendia era tão grande que parecia que estava do lado de fora da mansão. Os cantos do quarto estavam cobertos por estantes tortas e heras verdes crescendo por entre os livros, um labirinto de prateleiras e arbustos que se fundiam em corredores sem fim. Cassandra não sabia dizer se aquilo era uma biblioteca ou um jardim, apenas sabia que era o lugar mais adorável que já havia estado.
— Como sabia que eu estava vindo?
O homenzinho revirou os olhos, os passos ágeis na grama a guiando para dentro das paredes de livros e plantas.
— Já passamos por isso Cassandra, eu sei de tudo, não se lembra?
— Não. — Respondeu com cara feia. — E como sabe meu nome?
— Ah, que erro o meu. Você ainda não se lembra de nada, mas em breve se lembrará, confie em mim. — Disse com um sorriso. — Eu sei tudo. Por isso sei seu nome.
— Posso saber o seu?
O homenzinho parou bruscamente, notando o quão rude havia sido em nunca ter se apresentado em todos esses anos. Se virou e estendeu a mão.
— Meu nome é Dipity. — Se apresentou. — Mas pode me chamar de reloginho.
O motivo daquele apelido dispensava explicações.
No alto, uma sombra chamou a atenção de Cassandra, e quase a fez cair de boca aberta ao olhar o teto aveludado e negro que se estendia, um céu noturno e estrelado brilhava. Notou, depois de alguns minutos de admiração, que nenhuma das estrelas formavam constelações conhecidas, e podia jurar que havia visto pelo menos duas dela se moverem.
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A herdeira perdida - As crônicas de Tênax
FantasyCassandra Monteiro nunca se encaixou no mundo real e todos os adultos a sua volta acreditavam que as coisas estranhas que lhe aconteciam era por causa da sua imaginação fértil e o fato de ter sido enviada a um orfanato quando ainda era um bebê, como...