"Estranhos com memórias"

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Você apenas me cumprimentou

E disse:

"Boa sorte"

Como se diz para qualquer pessoa na rua

Porém ninguém sabe o quê eu sei

E senti

Para todos somos apenas desconhecidos

Que nessas estradas da vida

Aleatoriamente se encontraram

Num evento casual

E você age

Tão convincentemente

E monstruosamente

Como se não me conhecesse

E nem fizesse ideia de quem eu sou

Que até me questiono

Se foi real o quê a gente passou

E eu tenho que agir como se tudo estivesse bem

Não posso te confrontar, nem questionar

Sobre como você é capaz de agir assim

Me ignorar tão completamente

Impiedosamente

Após todas as juras que fizemos

E de você viver na minha mente

Não quero um retorno

Também não estou esperando amor eterno

Mas mereço mais

O mínimo de respeito e consideração

Porém tenho que continuar quieto

Polidamente distante e disperso

Pois afinal nem nos conhecemos

E percebo nitidamente

Após toda a doença, obsessão, loucura

Suas falhas

E minha inabilidade em lidar com elas

Nos tornamos apenas

Estranhos com memórias...

ANTOLOGIA DO SENTIMENTO PARTE II: AzzuroOnde histórias criam vida. Descubra agora