Eu vou te destruir
Como uma doce ninfa
Ou melódica sereia
Te farei cair
Com minha retórica e meus encantos
Porque não fui ensinado a amar
E não é da minha natureza o afeto
Pois eu desconheço o amor
Carinho
Afeição
Não sei ser recíproco
Não estou acostumado com tanta demonstração
Louvor
E atenção
E com meu inocente sorriso
Risada leve
Doce ironia
Serei a sua letal desilusão
Vou queimar toda a sua projeção
Todos os seus castelos
E no fim você não saberá
Se foi você o culpado
Ou se foi só um delírio, ilusão
Eu vou te consumir
Cada vez que me mostrar que é possível ser amado
E eu temer ser abandonado
Provar que há vida fora da concha
Felicidade fora da caixa
E cada vez que isso doer
E eu me sentir deslocado
Toda vez que eu sentir que você
Está conseguindo quebrar minhas muralhas
Eu vou reagir
Porque desconheço como agir assim
Após eras e milênios vivendo preso
Dentro de mim
Então antes disso começar
E esse suposto doce sonho
Virar um terrível e amargo pesadelo
Salve-se
Pule desse embarcação
Antes que eu o faça afundar
E te arraste comigo
Para as profundezas do meu mar
E me deixe
Entregue seu amor
A quem saiba retribuir
Para quem consiga receber
E saberá desfrutar
Suma
E me deixe
Pois já estou acostumado
Porque prefiro me consumir
Abandonado aqui
Do que alguém
Destruir...
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ANTOLOGIA DO SENTIMENTO PARTE II: Azzuro
PoesiaAzzuro foi o primeiro livro pensado da Antologia e foi adaptado após o encontro dos textos do XV para que pudesse ser um retrato dos sentimentos humanos através dos anos. Após a adolescência gris chega a fase azul - a melancolia. Na fase adulta as f...